No Maranhão

Voçorocas: 220 famílias vão ter que deixar casas em Buriticupu

Município sofre há anos com o fenômeno das voçorocas, que são causadas pelo desmatamento.

Imirante.com, com informações do g1MA

Atualizada em 29/03/2023 às 15h51
As crateras possuem dimensões que ultrapassam 298 metros de comprimento.
As crateras possuem dimensões que ultrapassam 298 metros de comprimento. (Marinho Drones)

MARANHÃO - Por conta dos deslizamentos de terra que têm provocado a formação de crateras em Buriticupu, no Maranhão, 220 famílias vão precisar deixar suas casas na região. As crateras possuem dimensões que ultrapassam 298 metros de comprimento. Após uma inspeção no local, foi possível identificar o número de famílias afetadas, que moram nas bordas das crateras, área considerada de risco.

A situação já ronda a região há cerca de 30 anos, e as crateras já "engoliram" 50 imóveis no local. Apesar do longo período enfrentando o problema, a prefeitura possui apenas uma Coordenadoria de Defesa Civil, com poucos servidores, para acompanhar o caso e realizar planejamentos sobre a retirada das famílias em situação de risco.

"Buriticupu não tem inviabilidade financeira de controlar aquela situação porque passa por indenização de imóveis, construção de novas moradias, conjuntos habitacionais... serviços de drenagem, então é uma situação complexa", disse o prefeito João Carlos, em uma entrevista concedida ao G1 Maranhão.

O município maranhense tem mais de 70 mil habitantes e apenas a Coordenadoria de Defesa Civil não consegue abranger todas as demandas. Dessa maneira, os moradores passam a depender de órgãos estaduais e federais para mapear as áreas de risco e planejar ações para os períodos de chuva, quando os deslizamentos se agravam. As frentes nacional e estadual do órgão já estiveram no local e foi delimitada uma área de 50 metros das margens da voçorocas em que as famílias precisam ser retiradas, o que contabilizou 220 famílias.

"O principal gargalo é porque é diferente de uma enchente, no qual o rio sobe, baixa, e as pessoas voltam pra casa. No caso das voçorocas, precisamos de uma nova área para remanejar as famílias e estamos esperando uma portaria no Diário Oficial da União para gente poder ter a liberação de recursos para a construção de um novo habitacional para essas famílias", contou João Carlos.

"Assusta, muito. Às vezes eu fico orando à Deus para não chover tão forte, tem horas até que eu peço perdão para Ele", conta Nazaré Feitosa, técnica em segurança do trabalho, que mora próximo às crateras.

Sobre as crateras

As crateras são pequenos fenômenos geológicos que surgem como fendas no solo, geralmente provocadas pela água da chuva. Se nada é feito para conter, uma cratera pode chegar ao grau de voçoroca, quando atinge um lençol freático, como aconteceu em Buriticupu. De acordo com especialistas, o desmatamento, a ocupação desordenada, o relevo e o solo arenoso são os principais fatores que contribuíram para o surgimento e o avanço das voçorocas.

"A própria atividade humana ela, sem saber, ela vai criando o problema. Como não tem uma política defensiva, ela acaba causando essas erosões. Então é um material meio solto onde qualquer chuva e qualquer enxurrada vai levando micro partículas do solo para um nível mais baixo", explica o geólogo Clodoaldo Nunes.

Cratera engole casas

Nos últimos dez anos, só uma voçoroca engoliu três ruas e mais de 50 casas em Buriticupu. Parte da Vila Santos Dumont desapareceu completamente e as casas que ainda não desabaram, estão próximas aos barrancos e foram abandonadas. A família do serralheiro João Otávio Farias perdeu 14 casas de aluguel.

"Em 2001, meu pai comprou esse terreno, construiu a casa de moradia dele, o local de trabalho dele que era uma marcenaria, ele mexia com madeira e no decorrer do trabalho dele, ele foi comprando um terreno aqui, construindo uma casinha ali e fazer como se fosse aposentadoria dele. Essas casas aqui eram todas alugadas. Chegou um ponto que ninguém alugaria mais por conta do perigo", diz o serralheiro.

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