Tragédia

Bacuri um mês depois: pais das vítimas falam sobre tragédia

O <b>Imirante.com</b> conseguiu conversar com os pais das vítimas na cidade de Bacuri.

Liliane Cutrim/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h54

SÃO LUÍS – Nesta quinta-feira (29), faz um mês que os oito estudantes de Bacuri morreram em um acidente entre uma camionete e um caminhão. De acordo com o superintendente de Polícia Civil do Interior, delegado Jair Paiva, o inquérito do acidente já foi concluído e enviado para o Ministério Público do Maranhão. A MP-MA vai analisar o laudo e depois poderá entrar ou não com a denúncia contra os possíveis culpados.

Segundo Jair Paiva, o inquérito aponta que o adolescente, filho adotivo de Rogério Azevedo Rocha, motorista da camionete, foi quem causou o acidente, porém, ele não poderá responder criminalmente por ser menor de idade. Ainda de acordo com o delegado, o homicídio foi considerado culposo, quando não há a intenção de matar.

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O Imirante.com foi à Bacuri e ouviu os pais de sete das oito vítimas*. Eles contaram sobre os projetos dos filhos e o que esperam depois da tragédia. Abalados com a situação, eles cobram Justiça e afirmam que a dor da perda nunca vai passar.

Veja os relatos dos pais das vítimas

Ana Cristina Vieira Borges, mãe da adolescente Ana Raquel.

“Minha filha era uma menina meiga, linda. Ela sempre me dizia: ‘um dia a senhora vai ter orgulho de mim’,” afirmou a mãe emocionada.

 Ana Cristina Vieira Borges, mãe da adolescente Ana Raquel. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Ana Cristina Vieira Borges, mãe da adolescente Ana Raquel. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.

Segundo Ana Cristina, a filha queria ser pediatra. “O sonho dela era se formar e me ajudar a deixar de trabalhar em casa de família”, relatou.

A mãe, desolada, afirma que “só o que resta agora é pedir por Justiça. Nada vai trazer minha filha de volta, mas não pode ficar impune. Todos têm culpa, principalmente os administradores. Não acredito que eles não sabiam que essas crianças andavam em uma D20, que é pra transportar animais. É revoltante”, desabafou Ana Cristina.

Geiciane Silva Mafra, tia de Jeferson Breno Costa da Silva, 16 anos.

 Geiciane Silva Mafra, tia de Jeferson Breno Costa da Silva. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Geiciane Silva Mafra, tia de Jeferson Breno Costa da Silva. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.

Segundo a tia do estudante, Breno sonhava em entrar no Exército. “Um menino sempre muito responsável. Morava comigo e com os meus pais, era ele quem tomava conta do avô idoso. Me lembro que ele estava tão feliz em poder fazer o ensino médio, para depois entrar no Exército. Esperamos que haja Justiça”, afirmou Geiciane Silva.

Laurenilson Farias, pai de Samyly Costa Farias (14 anos) e Emyly Costa Farias (16 anos).

O pai, que perdeu duas filhas na tragédia, lembra que mantinha uma boa relação com as garotas. “Eu, elas e mais o meu outro filho de 11 anos éramos quatro amigos, conversávamos sobre tudo. Elas sempre foram boas meninas, eu queria sempre dar o melhor para elas. Quando me divorciei da mãe delas, os três filhos decidiram ficar comigo”.

 Laurenilson Farias, pai de Samyly e Emyly. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Laurenilson Farias, pai de Samyly e Emyly. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.

A dor, segundo ele, nunca vai passar. “Dói muito perder duas filhas de uma vez só, isso a gente não esquece. O que me resta agora é pedir Justiça, e que as coisas sejam feitas da maneira correta”.

Maria Edileusa Rocha, mãe de Carlos Vinícius Rocha Almeida, 15 anos.

“Justiça é o que eu quero. Sei que meu filho nunca vai voltar, mas não podemos deixar ficar por isso mesmo”, afirma a mãe de Carlos Vinícius.

 Maria Edileusa Rocha, mãe de Carlos Vinícius Rocha Almeida. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Maria Edileusa Rocha, mãe de Carlos Vinícius Rocha Almeida. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.

Maria Edileusa lembra, com tristeza, os sonhos que o filho deixou para trás. “Ele era cheio de sonhos. Estava estudando teclado e tocava na igreja católica. Meu filho sempre estava na escola bíblica e se preparava para fazer a Crisma. Eu tinha muito orgulho dele”, destacou a mãe.

Nazilson Oliveira Costa, pai de Nayara Pereira Costa, 14 anos.

O pai da estudante, também, lembrou as qualidades da filha.

“Minha filha era muito alegre e estudiosa, só tinha notas boas. O sonho dela era ser empresária, e sempre me dizia: ‘Vou terminar meus estudos para poder trabalhar e ser empresária’. O que resta agora é só a lembrança”, afirmou o pai em luto.

 Nazilson Oliveira Costa, pai de Nayara Pereira Costa. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Nazilson Oliveira Costa, pai de Nayara Pereira Costa. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.

Nazilson ressalta que não se pode cruzar os braços diante dessa tragédia.

“Foi muita imprudência, irresponsabilidade. Não tem dinheiro que traga de volta os nossos filhos, mas esperamos que os responsáveis sejam punidos. Temos que fazer alguma coisa para que isso nunca mais aconteça”, enfatizou.

Aucileia Rabelo, mãe de Audaleia Rabelo Gomes, 15 anos.

“Minha filha era tão obediente, calma. Só deixou boas lembranças”, lembra a mãe da adolescente Audaleia Rabelo.

 Aucileia Rabelo, mãe de Audaleia Rabelo Gomes. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Aucileia Rabelo, mãe de Audaleia Rabelo Gomes. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.

De acordo com Aucileia, a filha costumava dizer que depois que terminasse o ensino médio queria ir para São Luís fazer curso e trabalhar.

“Quero que seja feita a Justiça, principalmente para os administradores que não deram boas condições de transporte, e me deixou sem minha filha”, afirmou a mãe comovida.

E para quem sobreviveu, só fica a saudade dos amigos e a gratidão por estar vivo.

Francinaldo Sousa Almeida, 15 anos, é um dos estudantes que sobreviveu ao acidente. Segundo o adolescente, ele só não morreu porque estava pendurado do lado de fora da D20, e na hora do acidente foi jogado para fora.

 Francinaldo Sousa Almeida, 15 anos. Um dos sobreviventes da tragédia. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.
Francinaldo Sousa Almeida, 15 anos. Um dos sobreviventes da tragédia. Foto: Liliane Cutrim/Imirante.com.

“É triste porque perdi meus amigos, a gente sempre ia junto pra escola. Eu vi alguns dele morrer sem poder fazer nada. Mas agora só resta seguir em frente, não sei como vou fazer isso ainda. Só sei que sou grato a Deus por estar vivo”, declarou Francinaldo.

*Apenas o pai da vítima Denilde Lima Azevedo não foi encontrado para falar sobre a tragédia.

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