Empreendedorismo feminino

Terceira edição da Feira Emaranhadas será realizada em São Luís

A feira ocorrerá na Praça Deodoro, no Centro da capital, e contará exclusivamente com exposição de produções femininas da agricultura familiar, artesanato e alimentação.

Na Mira, com informações da assessoria

Além da produção feminina, o evento ainda contará com a apresentação de dois grupos femininos.
Além da produção feminina, o evento ainda contará com a apresentação de dois grupos femininos. (Foto: Divulgação)

SÃO LUÍS - Em alusão ao Dia da Amazônia, celebrado no dia 5 de setembro, será realizada em São Luís a terceira edição da Feira Emaranhadas - mulheres e suas resistências na Amazônia Maranhense. A feira ocorrerá na Praça Deodoro, no Centro da capital, e contará exclusivamente com exposição de produções femininas da agricultura familiar, artesanato e alimentação.

Além da produção feminina, o evento ainda contará com a apresentação de dois grupos femininos: Maracatu Baque Mulher São Luís e o grupo Ellas do Forró que vão animar a feira durante toda a manhã.

Assim como nas edições passadas, a feira busca promover a autonomia econômica das mulheres e destacar a importância das práticas sustentáveis que contribuem para a preservação de práticas de bem viver e manutenção da autonomia feminina e de territórios, especialmente no contexto de preservação ambiental frente às mudanças climáticas.

Maranhenses no contexto das mudanças climáticas

A Amazônia Maranhense tem enfrentado desafios ambientais críticos.  Trata-se de uma das regiões amazônicas com as maiores taxas de desmatamento. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre agosto de 2022 e julho de 2023, o bioma maranhense perdeu cerca de 980km² de floresta, o que representa aproximadamente 7% do desmatamento de toda a Amazônia Legal nesse período.

Esse desmatamento tem graves consequências para a biodiversidade local, com a perda de habitats e espécies nativas. Além disso, comunidades tradicionais, rurais, indígenas e quilombolas, têm sua sobrevivência cultural e econômica ameaçadas, à medida que os recursos naturais dos quais dependem são destruídos.

Nesse cenário, as mulheres desempenham um papel central na manutenção e transmissão de práticas sustentáveis que não apenas garantem a segurança alimentar de suas comunidades, mas também colaboram na mitigação dos efeitos do desmatamento e outras violações ambientais. para se ter ideia, o desmatamento é uma das principais ações humanas que colaboram para o aquecimento global.

As mulheres da RM de São Luís, especialmente as mulheres negras, enfrentam sucessivas violações, devido à ausência de políticas e ações que melhorem suas condições de vida e atuem para mitigar os efeitos negativos das desigualdades estruturais sobre seus corpos - sendo elas as mais afetadas pelos impactos da crise climática em um estado que, atualmente, possui apenas 20% de sua cobertura nativa do bioma amazônico (Imazon).

No contexto da Amazônia maranhense, essa vulnerabilidade é ampliada pela dependência das mulheres em relação aos recursos naturais para sua subsistência e pela falta de acesso a políticas públicas que garantam sua proteção.

Fortalecimento das mulheres e suas práticas

Em um contexto de grande degradação ambiental e conflitos territoriais, as consequências diretas na vida e na sustentabilidade das mulheres, acompanhadas pelas Emaranhadas, intensificam-se cada vez mais. A poluição do ar em São Luís, por exemplo, tem ultrapassado os limites estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), afetando a saúde, bem-estar e comprometendo recursos naturais essenciais para a subsistência econômica desses territórios, como água, solos e biodiversidade local. Além disso, a emissão de CO2 em São Luís, a concentração da população urbana e o aumento do número de mortes por poluição na cidade demonstram a necessidade de ações efetivas para proteger a região e suas comunidades.

A autonomia econômica das mulheres, fortalecida pela Feira Emaranhadas, é uma forma de resistir ao sistema supracitado. Segundo a coordenadora geral da Feira, Karoline Ramos, “a realização do projeto é pautada na necessidade de enfrentar e sensibilizar sobre os impactos negativos dos processos econômico-desenvolvimentistas na região amazônica, especialmente em relação à devastação ambiental, violência e invasão de terras, que afetam diretamente a vida das mulheres e aumentam sua vulnerabilidade”, afirma. 

Ao promover práticas agrícolas sustentáveis, artesanais, bem como a preservação do conhecimento tradicional, busca contribuir para a manutenção do ecossistema local, frente ao modelo predatório de progresso. Dessa forma, a feira é uma oportunidade para celebrar o Dia da Amazônia de forma ativa e engajada, estimular o empreendedorismo feminino local e promover o consumo consciente, apoiando diretamente as mulheres que estão na linha de frente da resistência pela manutenção do bioma e dos povos da Amazônia maranhense. 

Uma realização da Rede Emaranhadas, em parceria com o Coletivo Reocupa e apoio do Fundo Casa Socioambiental, Elas+ Doar para Transformar, Amazônia de Pé e Instituto Clima e Sociedade (ICS).

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