Suspensão

Artistas se manifestam sobre lockdown musical em São Luís

Músicos comentam sobre decisão da Justiça anunciada nessa quinta-feira (11).

Andre Nadler / Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 11h04
A decisão suspende apresentações musicais e som mecânico em bares e restaurantes no período que vai desta sexta-feira (12) até o dia 18 de fevereiro.
A decisão suspende apresentações musicais e som mecânico em bares e restaurantes no período que vai desta sexta-feira (12) até o dia 18 de fevereiro. (Foto: divulgação)

SÃO LUÍS - Músicos de São Luís contestaram a decisão judicial que suspende apresentações musicais e som mecânico em bares e restaurantes no período que vai desta sexta-feira (12) até o dia 18 de fevereiro. A medida, que ficou conhecida entre a classe artística como lockdown musical, foi decidida por meio de um acordo entre a Justiça e representantes do Sindicato de Bares e Restaurantes (Sindibares), mas desagradou diversos artistas e profissionais do entretenimento que trabalham na capital maranhense.

Saiba Mais:

Classe artística se reúne para avaliar restrições de eventos

Juiz proíbe festas com som no Maranhão: "não pode com 150, nem 100, nem 50" pessoas

A justificativa para o bloqueio de atividades artísticas em bares, restaurantes e casa de eventos em São Luís foi que a música pode resultar em um grande número de aglomerações na cidade, principalmente durante o período carnavalesco. A decisão ocorreu em uma reunião ministral com o juiz Douglas Martins e tem como objetivo reduzir os impactos da pandemia do coronavírus.

Para o setor artístico, a medida gerou insatisfação e resultou em manifestações por meio das redes sociais. De acordo com profissionais da música que trabalham na capital maranhense, a decisão pode causar um prejuízo financeiro ainda maior para a classe. Conforme o músico PP Júnior, o cancelamento do Carnaval é necessário para o momento, mas é importante analisar outras atividades que geram aglomerações na cidade. "Eu tenho quer calar minha voz e ver o setor artístico ficar sem trabalhar, mas comícios lotados e aglomerações em supermercados e ônibus, por exemplo, são normalizadas pelo governo. É complicado ver apresentações em bares e pequenos eventos sendo cancelados mesmo respeitando o protocolo de distanciamento e os cuidados básicos de higiene.", reclamou o cantor.

Já o músico e compositor Mário Fernando, que vive unicamente da música, condenou a decisão judicial. "Por que somente a nossa classe é responsável por tudo que acontece negativamente em relação ao colapso gerado pela pandemia de Covid-19 em São Luís? É injusto apenas o setor musical ter que parar por completo.", disse Mário.

O cantor Pandha também comentou sobre a situação e apontou que a pausa nas atividades musicais afeta diretamente os artistas que tocam em festas carnavalescas. "A música não é o agravante da pandemia e não pode ser desamparada pelo governo nesse momento tão difícil.", explicou o artista.

Impactos

Um dos primeiros setores da economia a parar, devido aos impactos da pandemia de Covid-19 no Brasil, o mercado artístico enfrenta possivelmente a maior crise de todos os tempos. Com espaços culturais declarando falência, fechamento de bares e restaurantes e até anúncios de artistas informando que estão encerrando as suas carreiras, a casse tem apresentado um período de colapso. Segundo pesquisa realizada Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), uma média de 86% dos artistas relatam foram afetados financeiramente e que sentiram no bolso os efeitos da paralisia do mercado. As áreas mais prejudicadas foram as de instrumentistas (49%), intérpretes (49%), compositores (35%) e produtores fonográficos (25%). Vale destacar que 56% dos artistas trabalham exclusivamente com a música.

Recentemente, o secretário de Saúde, Carlos Lula, chegou a anunciar a suspensão de eventos de pequeno porte em todo o Maranhão por 14 dias como forma de conter o avanço da pandemia de Covid-19, mas voltou atrás e suspendeu a medida. Sobre o caso, o vocalista do grupo Argumento, Victor Hugo, comentou sobre a falta de suporte que a classe musical vive nesse momento. "Não queremos tocar escondido, nem ganhar favor de ninguém. Só queremos que nos permitam fazer música (dentro da lei) e viver dela. Proibir mais de dois músicos no palco é absolutamente incompatível com a realidade, onde reuniões políticas tem mobilizado até 400 pessoas", relatou o músico.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.