Inquérito

MPF investiga pastor André Valadão por suspeita de incitar fiéis a matar população LGBTQIA+

Declarações foram feitas durante culto da Igreja Batista da Lagoinha, em Orlando, nos EUA, e transmitido pela internet.

Na Mira

Atualizada em 04/07/2023 às 11h47
Pastor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, é investigado pelo MPF.
Pastor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, é investigado pelo MPF. (Foto: Reprodução / YouTube)

BRASIL - Um procedimento foi instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) para apurar possível prática de homofobia por parte do pastor André Valadão, durante um culto da Igreja Batista da Lagoinha, em Orlando, nos Estados Unidos, transmitido ao vivo pela internet. Quem será responsável pelo procedimento é o procurador regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no Acre, Lucas Costa Almeida Dias.

A decisão foi anunciada no início da noite dessa segunda-feira (3) após as declarações feitas por André Valadão contra a população LGBTQIA+.  Na ocasião, ele repreendeu a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

"Não é um mero casamento. O que vale é toda forma de amor; deixa casar, deixa viver… Aí hoje você vê nas paradas homens e mulheres nuas, com seus órgãos genitais completamente expostos, dançando na frente de crianças... Aí você horroriza, mas essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal o que a Bíblia já condena", disse o religioso.

Em outros vídeos que circulam pela internet, Valadão incita os fiéis a matarem pessoas da comunidade LGBTQIA+.

"Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: pode parar, reseta! Mas Deus fala que não pode mais", afirma o pastor. "Ele diz: 'Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo, mas prometi que não posso'. Agora tá com vocês".

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou uma representação junto ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), estado onde a igreja de Valadão tem sede, após o mesmo pastor realizar um culto com o tema "Deus Odeia O Orgulho", realizado no início de junho.

A denúncia teve como base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que equipara a homotransfobia ao racismo. O caso está sendo investigado pelo MPMG, que, depois disso, decidirá se vai denunciar ou não o pastor à Justiça.

Repercussão

Após a repercussão, André Valadão se defendeu sobre as acusações de homofobia. “Nunca será sobre matar, segregar, mas será, sim, sobre resetar, levar de volta à essência, ao princípio… Sim, cabe ao que crê em Jesus levar a mensagem do recomeço, reset, reinício, nascer de novo e viver não mais para si, mas para deus e suas leis”, afirma a nova publicação.

"Eu uso o termo que está no livro de Genésis, quando Deus a partir do dilúvio destrói toda a humanidade por causa da promiscuidade sexual, a libertinagem (...) Minha palavra deixa claro que os dias seriam como os dias de Nóe. Mas a diferença é que Deus não tem como recomeçar a humanidade. Dentro disso, na minha pregação, deixo claro que cabe a nós puxarmos as cordas e a nós 'resertamos'. Não digo nós matarmos, pelo amor de Deus, gente", prosseguiu Valadão.

Na sede da Igreja Lagoinha em Orlando, nos Estados Unidos, André Valadão tem feito uma série de cultos intitulados "Teoria da Conspiração", em que o pastor argumenta haver uma conspiração por parte do governo e de grandes veículos de comunicação, com a finalidade de atacar a religião evangélica.

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