Opinião

Quem vai rir no final da greve dos professores?

Na guerra entre Prefeitura e professores, milhares de estudantes são as maiores vítimas.

Clóvis Cabalau / ipolítica

Atualizada em 26/04/2022 às 11h26
Professores em greve
Professores em greve (Cabalau)

No cabo de guerra que se tornou o impasse de professores do Município – em greve desde o dia 18 último – e a Prefeitura de São Luís, as maiores vítimas são os mais de 80 mil alunos da rede pública de São Luís. Com aulas capengas desde 2020, quando começou a pandemia da Covid-19, estudantes acabaram frustrados após a expectativa de retorno a algo próximo da normalidade em 2022.

Como a ironia popular reza que “nada pode ser tão mau que não possa piorar”, professores decidiram cruzar os braços, após longo período de agonia e falta de diálogo com o Poder Municipal nos últimos anos. O resultado? Salas de aula vazias em 2022 e início de uma negociação que já dura mais de uma semana, e sem tempo certo para acordo.

Com cinco anos de defasagem salarial, professores decidiram partir para o ataque com um pacote de reivindicações, entre as quais um reajuste de 36% em seus vencimentos, percentual fora da realidade, segundo a Prefeitura. Após estudo feito pela Secretaria de Planejamento, o Município apresentou contraposta de aumento de 10,06%, na expectativa de que os docentes decidissem pelo fim da paralisação.

Como já era esperado, a categoria recusou o percentual e decidiu manter a greve.

Diante da negativa dos professores, o prefeito Eduardo Braide decidiu convocar a imprensa para esmiuçar o impacto financeiro inerente ao aumento dos professores, somado ao reajuste de 8% anunciado a outras categorias do serviço público municipal.

Como resposta à autodefesa municipal, o SindEducação também anunciou entrevista coletiva para explicar por que recusou os 10,06% de aumento e reafirmar as razões da greve.

Em meio à disputa de discursos - cada qual puxando brasa para sua sardinha -, a Justiça autorizou o Município a descontar os dias parados da categoria...

Em miúdos, o cabo de guerra continua, até que uma das partes ceda e a outra, possa sorrir aliviada. Quem dificilmente vai rir por último serão os milhares de estudantes da rede pública municipal. No máximo, serão “consolados” com a reposição de aulas perdidas - a toque de caixa, certamente.

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