Wanderley Andrade e a beleza de ser brega
Artista se apresenta nesta sexta-feira em São Luís
O brega sempre esteve na minha vida, e talvez também na sua. Quem me conhece desde quando eu era uma jovem senhora mirim de seis anos sabe que, já naquela época, eu ouvia muito rádio AM. Era influência do meu pai, da minha avó, da minha mãe. Sempre tive uma infância musical e, confesso, gostos peculiares para a idade. No meu repertório, além das músicas da infância, havia espaço para cantores, digamos, românticos. Amado Batista cantando “Princesa, a deusa da minha poesia” e, por vezes, um Waldick Soriano soltando aquela pedrada com seu vozeirão, entoando versos que me faziam sofrer loucamente por amor, mesmo sem motivos para isso: “Hoje que a noite está calma e que minh'alma esperava por ti... Apareceste, afinal, torturando este ser que te adora…”.
Por essa introdução, nem preciso dizer que sempre apreciei a arte do compositor popular, essa que muitos chamam de brega. Para mim, o brega nunca foi somente um gênero musical. É uma estética, uma forma de sentir, um manifesto das emoções. (Tenho mil argumentos para defender essa tese agora.)
Digo isso enquanto minha rádio mental toca Reginaldo Rossi cantando sua dor de cotovelo para um garçom, lembrando que nesta sexta-feira (29) um dos grandes representantes dessa estética volta a São Luís. Wanderley Andrade se apresenta no Casarão Beira Du Mar (Avenida Beira-Mar), em um show que, além de seus sucessos, traz homenagens a Reginaldo Rossi e Raul Seixas.
Wanderley Andrade é um acontecimento! Desde o visual que nunca passará sem ser notado, uma inquietude, uma urgência em se expressar. Todas as entrevistas que assisti dele, sempre achei uma alma inquieta. Claro que isso se expressa na forma que interpreta suas canções que vão de extremos do romantismo ao deboche total.
Entre os hits que marcaram sua trajetória estão “Traficante do Amor”, “Ator Principal” e outras músicas que transitam entre o romântico e o irreverente. Seja em qualquer clima, seus shows são sempre uma celebração coletiva, um reencontro com memórias afetivas que atravessam gerações e a reafirmação de que, no Brasil, o brega faz parte do nosso cotidiano.
Porque, no fim das contas, o brega não é exagero. É sinceridade escancarada, é manifesto nas roupas, no jeito e na forma de expressão dos sentimentos.
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