Sem transporte coletivo

Sem acordo, greve dos rodoviários continua nesta sexta e sábado na Grande Ilha

A audiência de mediação terminou sem que a classe patronal e os trabalhadores entrassem em um consenso. Uma nova audiência de mediação está marcada para acontecer neste sábado (23), às 18h.

Imirante.com

Atualizada em 26/03/2022 às 19h21
Segundo dia de greve dos rodoviários em São Luís. / Foto: Paulo Soares/Grupo Mirante.
Segundo dia de greve dos rodoviários em São Luís. / Foto: Paulo Soares/Grupo Mirante.

SÃO LUÍS – A greve dos rodoviários na Grande São Luís continua nesta sexta (22) e sábado (23). A decisão foi tomada pela categoria, após a audiência de mediação entre o Sindicato das Empresas de Transporte (SET) e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema) terminar sem um acordo entre as partes.

“A audiência não alcançou os objetivos que se pretendia, ou seja, depois de mais de três horas reunidos, rodoviários e empresários não chegaram a um acordo e o impasse continua. O sindicato reforça que permanece aberto ao diálogo, para que a situação seja resolvida, os rodoviários tenham os seus direitos garantidos e a população de São Luís, volte a contar com o serviço de transporte público”, disse o Sttrema por meio de nota.

Parada de ônibus na avenida das Cajazeiras. / Foto: Adriano Soares/Imirante.com.
Parada de ônibus na avenida das Cajazeiras. / Foto: Adriano Soares/Imirante.com.

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A audiência de mediação teve início por volta das 10h30 desta sexta-feira (22), na sede do Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA), em São Luís. O encontro terminou por volta das 14h40, sem que a classe patronal e os trabalhadores entrassem em um consenso. Uma nova audiência de mediação está marcada para acontecer neste sábado (23), às 18h.

Segundo o MPT-MA, durante a audiência desta sexta, o Sindicato dos Rodoviários apresentou nova proposta, que será analisada pelo SET em assembleia geral.

Ficou acertado que os empresários darão uma resposta aos rodoviários na audiência de sábado. A mediação está sendo conduzida pelo procurador do Trabalho do MPT-MA Marcos Rosa.

Na primeira audiência, estiveram presentes representantes do STTREMA, do SET, da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT) e da Procuradoria-Geral do Município de São Luís.

A audiência de mediação entre o Sindicato das Empresas de Transporte (SET) e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema) terminou sem um acordo entre as partes. / Foto: Divulgação/Sindicato dos Rodoviários.
A audiência de mediação entre o Sindicato das Empresas de Transporte (SET) e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Maranhão (Sttrema) terminou sem um acordo entre as partes. / Foto: Divulgação/Sindicato dos Rodoviários.

Enquanto patrões e empregados não chegam a um acordo, a população da Região Metropolitana de São Luís (que compreende as cidades de São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar) chega ao segundo dia sem transporte coletivo.

Terminal da Praia Grande em São Luís. / Foto: Paulo Soares/Grupo Mirante.
Terminal da Praia Grande em São Luís. / Foto: Paulo Soares/Grupo Mirante.

Imagens registradas pela reportagem do Imirante.com mostram a segunda manhã sem ônibus depois da greve deflagrada pelos rodoviários na capital. Muitos trabalhadores não puderam se deslocar, o que reduziu o fluxo de pedestres na cidade.

Serviços de aplicativo e carros lotação foram alternativas encontradas pelos passageiros. / Foto: Adriano Soares/Imirante.com.
Serviços de aplicativo e carros lotação foram alternativas encontradas pelos passageiros. / Foto: Adriano Soares/Imirante.com.

Bastou um giro pela região central de São Luís para constatar o quanto a falta do transporte público afeta a rotina: setores de bastante movimento agora parecem ter sido abandonados como o Terminal de Integração da Praia Grande.

Terminal de integração da Praia Grande, no Centro de São Luís, totalmente vazio por causa da paralisação dos rodoviários. / Foto: Adriano Soares/Imirante.com.
Terminal de integração da Praia Grande, no Centro de São Luís, totalmente vazio por causa da paralisação dos rodoviários. / Foto: Adriano Soares/Imirante.com.

Movimento grevista

A greve foi anunciada na semana passada, após o Sttrema e o SET não chegarem a um acordo quanto aos pedidos da categoria. Conforme haviam anunciado no último dia 13, motoristas e cobradores cruzariam os braços para exigir da classe patronal os seguintes benefícios:

- 13% de reajuste salarial;

- jornada de trabalho de seis horas

- tíquete de alimentação no valor de R$ 800;

- manutenção do plano de saúde e a inclusão de um dependente;

- a concessão do auxílio-creche, para trabalhadores com filhos pequenos.

Ainda segundo o sindicato, os rodoviários e empresários já haviam feito duas rodadas negociação, mas em nenhuma delas houve avanço. Por isso, diante da falta de entendimento, os trabalhadores decidiram pela deflagração da greve no sistema de transporte público na grande São Luís, a partir desta quinta (21), por tempo indeterminado.

Decisão da Justiça

Após o anúncio da greve, a Prefeitura de São Luís informou, na última quarta-feira (20), que garantiria a circulação de 90% da frota de ônibus em São Luís. A decisão liminar foi proferida pela desembargadora federal do Trabalho, Ilka Esdra Silva Araújo. Na decisão da Justiça, ficou determinado - tanto ao Sttrema quanto ao SET que:

Fosse garantido o percentual mínimo de 90% da frota de ônibus em funcionamento, em todas as linhas e itinerários e em todos os horários, com os respectivos motoristas e cobradores em todos os horários;

Não houvesse coação ou impedimento aos trabalhadores que não queiram aderir ao movimento de trabalhar;

Não houvesse bloqueio das entradas/garagens das empresas prestadoras de serviço de transporte público municipal;

Não fosse praticada qualquer tipo de greve, tal como “greve branca”, “operação tartaruga”, “greve de zelo”, “greve de ocupação”, “greve ativa”, “greve intermitente”, “greve seletiva” ou qualquer outra que venha a prejudicar a prestação do serviço público.

Em caso de descumprimento das medidas, a Justiça do Trabalho estabeleceu multa diária de R$ 50 mil ao Sttrema e ao SET.

Apesar da determinação judicial, a Grande São Luís amanheceu na quinta (21) sem ônibus nas ruas. Nas primeiras horas da manhã, os usuários do transporte coletivo se encontravam nas paradas, amargando longa espera, já que não há nenhum coletivo circulando. Alguns passageiros desistiram e procuraram alternativas para chegar ao seu destino.

Paradas estão cheias em dia sem circulação de ônibus. Foto: Reprodução/TV Mirante.
Paradas estão cheias em dia sem circulação de ônibus. Foto: Reprodução/TV Mirante.

Por meio de nota, a Prefeitura de São Luís informou nesta quinta que havia disponibilizado fiscais para que a decisão judicial fosse cumprida.

"A Prefeitura está com fiscais desde às 4h da manhã para garantir que o percentual mínimo da frota circule na cidade e que vai buscar as medidas necessárias para que a decisão judicial seja cumprida, uma vez que a população de São Luís não pode ser penalizada", disse a nota.

Avenida Guajajaras, em São Luís. / Foto: Alessandra Rodrigues/Mirante AM.
Avenida Guajajaras, em São Luís. / Foto: Alessandra Rodrigues/Mirante AM.

A Prefeitura de São Luís também afirmou que "por meio da Procuradoria Geral do Município, tendo em vista o descumprimento da decisão judicial - que garantia o percentual mínimo de 90% da frota de ônibus nas ruas - já acionou a Justiça do Trabalho para que os ônibus voltem a circular na capital. Dentre as medidas requeridas pela Prefeitura está a determinação de que o serviço seja prestado em sua totalidade, com 100% da frota em todas as linhas e horários, com imediato restabelecimento do serviço".

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