caramujo-gigante-africano

Infestação de caramujos assusta moradores do Cohafuma

O “caramujo-gigante-africano” tem se proliferado cada vez mais na Grande São Luís.

Paulo Pontes/Imirante.com

Atualizada em 31/03/2022 às 12h13
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O "caramujo-gigante-africano" é uma ameaça a biodiversidade.

SÃO LUÍS - Durante o período de chuva em São Luís o “caramujo-gigante-africano” costuma aparecer em grande escala. Na capital, os moradores do bairro do Cohafuma estão preocupados com a infestação de forma exacerbada. Outros bairros já foram prejudicados com a aparição dos moluscos. O Anil, Espigão, Turu, Araçagy, Ponda d´Áreia e agora Cohafuma, estão em alerta, pois além de prejudicar o meio ambiente, os caramujos são prejudiciais a saúde. O “caramujo-gigante-africano” pode contaminar as pessoas com diversos tipos de doenças, que inclusive podem levar à morte.

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Os caramujos gostam de regiões úmidas e com temperaturas altas, e se alimentam de plantas. Por isso o Norte e Nordeste têm os ambientes perfeitos para eles. Na região do Cohafuma, em São Luís, os caramujos estão alojados nos muros de terrenos com árvores e nas plantas que cercam as ruas do bairro. Além de se hospedarem na área interna das casas, trazendo um contato ainda mais próximo com os moradores, que são impedidos até de consumir frutos, pois têm medo de serem contaminados com alguma doença que o caramujo transmite.

Os caramujos deixam em alerta moradores do bairro Cohafuma.
Os caramujos deixam em alerta moradores do bairro Cohafuma.

Uma das preocupações da vizinhança, é o contato físico que as crianças têm com o animal. “A gente tem medo pelas crianças. A gente fica com medo demais, pois ele faz barriga d´água e outras doenças. Minha cunhada tem muito medo, porque ela tem filhos e o caramujo já apareceu dentro da casa dela”, declarou a moradora Edinalva Moraes.

Já a manicure, Nelyane Pereira, diz que as crianças têm contato físico com o caramujo ao brincar com eles e tem medo de após terem contato com os caramujos, elas serem infectadas com alguma doença.

Assista ao vídeo enviado pelo biólogo José Maria:

Doenças

De acordo com o biólogo José Maria, além de comer as plantas, o “caramujo-gigante-africano” pode se alimentar de fezes dos roedores. As doenças podem ser transmitidas através do toque no muco (gosma deixada como rastro). Os exemplos de enfermidades causadas pelo molusco, são:

Meningite eosinofílica é uma inflamação que afeta as meninges, membranas que envolvem o sistema nervoso central. A infecção ocorre quando ingerem os moluscos crus ou mal cozidos ou, então, quando ingerem o muco que eles liberam para facilitar seu deslizamento.

Angiostrongilíase abdominal eventualmente se manifesta como doença abdominal severa. Um dos modos de transmissão é a ingestão de frutas e vegetais contaminados com a mucosidade de moluscos infectados, os hospedeiros intermediários deste parasita

A concha dos caramujos podem servir de criadouro pro Aedes Aegypti por acumular água nas suas extremidades. O Aedes, popularmente conhecido como "mosquito da dengue", é o transmissor das doenças dengue, chikungunya e zika.

História

O “caramujo-gigante-africano” foi introduzido no Brasil com o intuito de difundir o produto comercialmente na década de 80 como uma forma barata de substituir o escargot (prato da culinária francesa). Como os brasileiros não tem o hábito de comer caramujos, ele acabou sendo descartado de qualquer maneira na natureza, e passou a se desenvolver em grande escala na região Sul e Sudeste. No Norte e Nordeste, são consumidas muitas plantas ornamentais, que podem ter contribuído para a vinda dos moluscos através de ovos introduzidos nas plantações. Cada caramujo na fase reprodutiva pode colocar 200 ovos mais de uma vez por ano.

Em nota, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) informou encaminhou amostras do caramujo africano à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para que fossem realizadas análises.

Veja a nota na íntegra:

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) informa que realizou ações educativas durante todo o ano de 2018.

A Sema comunica, ainda, que foi instituído por Decreto, o Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI), que tem por objetivo trabalhar junto à Secretaria de Saúde (SES) e Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), na capacitação dos órgãos Municipais de Saúde e de Meio Ambiente em localidades que já sinalizaram a existência de caramujo africano em suas áreas.

A Secretaria ressalta que atua junto à população, conscientizando sobre esse molusco e como eliminá-lo. Desta forma, a Sema produziu e distribuiu material educativo para a população, e agora, trabalha na produção de novo material.

Por fim, a Sema encaminhou amostras do caramujo africano à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para que fossem realizadas análises e constatou-se que nenhuma das amostras analisadas estavam contaminadas com a meningite.

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