SÃO LUÍS - Imagine descobrir que você pegou uma doença que não conhece. Uma empresária de 48 anos, que prefere não ser identificada, ficou surpresa quando os exames indicaram o diagnóstico de hanseníase. Ela não sabia, mas a infecção afeta o sistema nervoso e a pele, causando manchas que podem evoluir para lesões mais sérias. Nas regiões dessas marcas pode ocorrer perda de sensibilidade à dor, ao frio e ao calor. Outro sintoma é a perda de força física, tanto nos braços quanto nas pernas. Se não for tratada rapidamente, a doença pode causar ainda deformidades no corpo, o que ainda é motivo de muito estigma para quem convive com hanseníase.
Leia também:
Campanha alerta sobre hanseníase em Imperatriz
Teste para diagnóstico precoce da hanseníase deve ficar pronto em 2 anos
Por conta do desconhecimento sobre a doença, a empresária precisou do apoio de psicólogos da rede pública enquanto fazia o tratamento. Além disso, ela sofreu algumas complicações que a forçaram a passar por cirurgias nas pernas para conseguir andar. Ela, que está no quinto mês de tratamento, ressalta que o apoio de amigos e familiares tem ajudado na sua recuperação.
“Pelo fato de você ter todo um cuidado normal e de repente você descobre que você está com uma doença dessa forma, acaba que você não aceita de imediato. O primeiro preconceito começa com você mesmo. Depois de algum tempo, você tendo acompanhamento, o apoio da sua família, apoio dos seus amigos, o apoio de outras pessoas que já estão no tratamento, aí é que você vai conseguindo digerir de uma forma melhor”, explica a empresária.
Como parte do processo para se adaptar à nova rotina, ela preparou um registro em vídeo com várias informações sobre a doença e o tratamento. A intenção é falar para os conhecidos sobre a hanseníase para que pudessem conhecer melhor essa condição e entender a importância do tratamento. Isso porque, apesar de ainda existir muito preconceito envolvido, a hanseníase tem tratamento e cura.
Só o Maranhão tem uma média de 3 mil casos novos por ano, taxa de incidência da doença que faz com que o estado tenha o segundo maior número de casos do país. Segundo a coordenadora do Programa de Hanseníase da Secretaria Estadual de Saúde, Maria Raimunda Mendonça, a população dos 217 municípios é orientada a se informar e ficar atenta aos sintomas.
"Qualquer mancha de pele, no Maranhão, é suspeita de hanseníase por conta desse grande número de casos que nós temos. A gente tem mais de 1.400 unidades de saúde com programas de hanseníase, encontrados nos 217 municípios. A gente estimula os municípios a divulgar os sinais de sintomas, a examinar as pessoas que vivem com os doentes de hanseníase, a reexaminar doentes, a questão da realização dos mutirões de atendimento, da intensificação de atendimento nas rotinas das unidades também”, detalha Maria.
Vale lembrar que a hanseníase é uma doença bacteriana, transmitida através de fluidos e secreções das vias respiratórias, como nariz e boca. Por isso, não é necessário ter medo de encostar ou ter contato momentâneo com pessoas infectadas pelo bacilo. O importante mesmo é ficar atento aos sinais do seu corpo. Ao surgimento de qualquer mancha que tenha a perda ou diminuição da sensibilidade ao toque, ao calor ou frio, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Quanto mais cedo o diagnóstico, menores as chances de sequelas. A hanseníase tem cura e o tratamento está disponível gratuitamente no SUS. Por isso, não esqueça: identificou, tratou, curou.
Saiba Mais
- Maranhão é o segundo estado com maior taxa de detecção da hanseníase
- Hanseníase: pacientes contam histórias de preconceito e superação
- Mais da metade das pessoas com hanseníase no Brasil tem entre 30 e 59 anos
- Saúde anuncia R$ 55 milhões para prevenção e tratamento de hanseníase
- Dermatologista explica sobre combate e prevenção da hanseníase
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.