Reconhecimento

Servidora morta pelo ex-companheiro é homenageada na Semana da Mulher

A vítima, Andréa Teixeira, trabalhava no Fórum de São Luís.

Imirante.com, com informações do CGJ-MA

Atualizada em 27/03/2022 às 11h23

SÃO LUÍS - A Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça do Maranhão (CEMULHER) fez uma homenagem, nessa quinta-feira (6), à Andréa Miranda Teixeira, 36 anos, funcionária da Gestor, empresa terceirizada do Fórum Des. Sarney Costa. Ela foi assassinada há 16 dias, a golpes de facão, pelo ex-companheiro, Ivar de Matos, com quem teve duas filhas. A história de Andréa e outras vítimas de violência doméstica é contada na exposição que abriu, na manhã de hoje, a II Semana Estadual de Valorização da Mulher, no hall do Fórum de São Luís (Calhau).

Durante a abertura do evento, a presidente da CEMULHER, desembargadora Ângela Salazar, pediu um minuto de silêncio em memória de Andréa Teixeira. “É preciso enfrentar essa problemática”, disse a desembargadora, ao falar sobre a violência contra mulher. “Nenhum de nós pôde abstrair que ela precisava de ajuda”, afirmou.

Emocionada, a mãe de Andréa, Ana Paula Miranda Teixeira, fez um apelo para que outras mulheres que vivem em situação de violência doméstica não se calem e denunciem seus agressores. “Eles viveram juntos por 17 anos e durante todo esse tempo ela foi agredida, inclusive na frente das crianças e, como não conseguiu mais suportar, saiu de casa”, contou. “O marido tinha um ciúme doentio. Espero que seja punido e que outras famílias não passem pelo que estamos passando”, acrescentou. Quando foi morta, a vítima morava com a mãe e as filhas, no bairro São Francisco, em São Luís. No dia do crime, Andréa foi até a casa do ex-companheiro, no bairro Coroadinho, pegar alguns pertences.

As duas filhas do casal, de 10 e de 11 anos, a tia e a irmã da vítima, Ana das Dores e Adriana Miranda, também acompanharam a homenagem, no Fórum Des. Sarney Costa. A irmã disse que os familiares sempre aconselharam Andréa Teixeira a procurar a polícia para denunciar o companheiro. “Só ficamos sabendo agora, depois do assassinato, que uma única vez, quando o casal morava na cidade de Santa Rita-MA, minha irmã registrou um boletim de ocorrência na delegacia. Ela tinha esperança de que ele mudasse e por isso não o denunciou à Justiça”, lamenta.

Ivar de Matos, preso em flagrante, teve sua prisão homologada pela Justiça e se encontra recolhido em uma das unidades carcerária de Pedrinhas.

Histórias de violência - a exposição “Desperte, você também é responsável” traz histórias de mulheres vítimas de violência, com trechos de relatos colhidos nos processos judiciais em trâmite nas varas da Mulher, Criminal e Tribunal do Júri. São casos como o de Betânia (nome fictício), assassinada pelo ex-companheiro que não aceitou o término do relacionamento e passou a perseguir a mulher. Quando a encontrou em uma sorveteria, depois de arrastá-la até o banheiro, ele atingiu a vítima a golpe de faca no peito. Mesmo ferida, Betânia conseguiu caminhar certa distância, mas morreu antes de ser levada ao hospital.

Outra situação relatada é a de Ana (nome fictício), que ajudou o companheiro a superar o alcoolismo e, após um longo período, ele passou a ter comportamento agressivo em casa. Certo dia, na frente do filho, incomodado porque a mulher estava cantando, o marido ordenou que ela se calasse, colocando as mãos no pescoço da vítima e um dedo dentro da sua garganta até alcançar a traqueia, só parando porque Ana conseguiu se desvencilhar, mordendo o dedo do agressor.

A exposição mostra também a história de Marcela (nome fictício) que teve a orelha cortada pelo companheiro que também tentou cortar a língua da vítima, desferiu-lhe golpes de faca e pauladas na cabeça. Acreditando que a mulher já estava morta, ele a vestiu com roupa de festa, passou-lhe batom e abandonou o corpo no matagal. Mesmo muito ferida, ela conseguiu pedir socorro e relatou o caso às autoridades. O acusado foi condenado a 9 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado por tentativa de homicídio qualificado.

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