São Luís

Família relata desespero durante falso sequestro de jovem em SL

Mãe e filha foram pressionadas pelos supostos sequestradores por 7 horas.

Lucas Vieira / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h39
 Falsos sequestradores pressionaram vítimas por sete horas. (Foto: Lucas Vieira/Imirante.com).
Falsos sequestradores pressionaram vítimas por sete horas. (Foto: Lucas Vieira/Imirante.com).

SÃO LUÍS - “Por volta das 21h, o telefone tocou, minha mãe atendeu e começaram a falar que se a gente não depositasse 5 mil reais na conta deles, eles iam cortar o pescoço do meu irmão. Ela acreditou logo, eles imitaram voz de criança e ficamos desesperadas”, relata Mariela*, que mora em São Luís e foi vítima do golpe do falso sequestro do irmão, na noite do último domingo (20).

Ela acreditou que o irmão de 17 anos tinha sido sequestrado. “Ele foi com meu pai passar o fim de semana no Araçagi e fiquei em casa sozinha com minha mãe. Foi muita coincidência eles terem ligado justamente quando ele não estava”, conta.

Sem procurar ninguém da família, Mariela* passou a obedecer a todas as ordens do suposto sequestrador. Ela chegou a realizar recargas de créditos em números de celulares passados pelos bandidos, mas, por pouco, não chegou a fazer depósitos bancários. “Minha mãe estava muito nervosa, então eles pediram para falar comigo. Tudo que eu fazia, eu tinha que contar para eles, eles queriam ouvir tudo, não podia avisar nada para ninguém”, disse.

 Vítima tem os comprovantes das recargas de celular. (Foto: Lucas Vieira/Imirante.com).
Vítima tem os comprovantes das recargas de celular. (Foto: Lucas Vieira/Imirante.com).

A todo o momento, os supostos sequestradores ameaçavam cortar o pescoço da suposta vítima. Já na madrugada de segunda-feira (21), Mariela* foi atrás de um caixa eletrônico para depositar a quantia exigida. “Não conseguia nem inserir o cartão de tão nervosa que eu estava. Eles ficavam na linha me xingando dos piores nomes e eu só sabia chorar”, relata.

A família tentou entrar em contato com o irmão de Mariela*, que, supostamente, estava sequestrado, mas não conseguiram. A mãe dos dois, que não quis se identificar, disse que foi pedir ajuda ao tio de Mariela*, já de madrugada, para conseguirpagar os bandidos. “Era tarde da noite e eles queriam que a gente ‘desse nosso jeito’ para depositar o dinheiro que eles queriam. Não tinha nada aberto, não tínhamos o dinheiro que eles queriam. Fui na casa do meu irmão e eles queriam que eu inventasse outra história, pedisse o dinheiro alegando outro motivo, mas meu irmão desconfiou”, revela.

Mesmo sem poder falar nada sobre o que estava acontecendo, a atitude de Mariela* deixou o tio desconfiado, até que ele descobriu o que estava acontecendo. Ele, que também não quis se identificar, ligou para a suposta vítima até atenderem ao telefone. O irmão de Mariela*, na verdade, estava dormindo e o golpe do falso sequestro foi, então, descoberto.

 Vítima tem os comprovantes das recargas de celular. (Foto: Lucas Vieira/Imirante.com).
Vítima tem os comprovantes das recargas de celular. (Foto: Lucas Vieira/Imirante.com).

Depois de toda essa situação, a família de Mariela* relata o trauma. “Meu irmão estava dormindo, mas foi o que mais ficou traumatizado. Desde domingo, ele não consegue andar na rua sozinho, porque sente medo de qualquer coisa. Nós, que falamos com eles, também estamos muito assustadas, foi o pior dia de nossas vidas”, relata.

Como não cair no golpe

Para não cair no golpe do falso sequestro, por telefone, a polícia orienta que, primeiro, a vítima mantenha a calma e tome cuidado para não fornecer informações de graça, como nome do filho, do irmão ou se está sozinho em casa, por exemplo. O nervosismo faz com que muita gente, sem perceber, acabe passando aos bandidos informações que serão usadas para pressioná-las. Em nenhuma hipótese revele nomes de parentes a desconhecidos ao telefone.

A polícia também pede para desconfiar de ligações longas, porque, segundo estatísticas, 90% dos primeiros contatos telefônicos feitos por sequestradores de verdade duram menos de um minuto. Eles temem ser rastreados, então nunca fazem ligações longas.

Outro ponto a se desconfiar é de choros das supostas vítimas sequestradas, porque a polícia afirma que raramente sequestradores reais telefonam do mesmo lugar em que está a vítima, também, por medo de serem rastreados.

A polícia também orienta que a vítima dê queixa na delegacia, informando o número de origem da chamada criminosa ou o número da conta em que o “resgate” foi depositado. A polícia pode identificar o criminoso e evitar que mais pessoas sejam vítimas dele.

*Mariela é um nome fictício, criado para preservar a privacidade e segurança da vítima.

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