Farmácia do Estado

Transporte térmico de medicações da Feme tem sido transtorno

Alguns remédios fornecidos pela farmácia estadual precisam ser mantidos em baixa temperatura e, com mudança na distribuição, pacientes encaram desafio

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Aldenora Ferreira tem dificuldade motora e precisa voltar regularmente à Feme com medicação
Aldenora Ferreira tem dificuldade motora e precisa voltar regularmente à Feme com medicação (FEME)

São Luís – A Farmácia de Medicamentos Especializados (Feme), localizada na Praia Grande, recentemente passou por uma mudança em relação à distribuição e aplicação de medicamentos que precisam permanecer em baixa temperatura. De acordo com pacientes, há cerca de um mês eles passaram a precisar levar caixas térmicas para receber medicações, levá-las para casa e retornar em um outro dia, com os remédios, ainda na temperatura baixa, para aplicação. Anteriormente, essas medicações ficavam na farmácia e os pacientes iam nos dias marcados para receber a aplicação.

Aldenora Ferreira, 71 anos, tem artrite reumatoide, doença inflamatória crônica que afeta as articulações, incluindo as das mãos e dos pés, causando dificuldade para se locomover. Ela conta que há cerca de um mês pediram que ela começasse a levar recipiente com isolamento térmico, pois os refrigeradores da Feme estavam cheios, para guardar os medicamentos.

“Um dia eu vim e só me avisaram que eu tinha que comprar o recipiente e trazer com gelo, e agora tenho que levar os remédios para casa, deixar na geladeira, e depois colocar no recipiente novamente e vir de novo para aplicação. É muito complicado. Eu já tenho dificuldade de me locomover, uso muleta, e esse processo de levar os remédios é muito trabalhoso. Perguntei o porquê disso, mas apenas me falaram que eles estavam com tudo cheio e por isso eu precisava levar”, conta.

Em outro relato à O Estado, um paciente, que não quis se identificar, contou que ao receber seu medicamento (Humyra), foi surpreendido com a informação de que não teria mais a opção de deixá-lo devidamente acondicionado na Feme. “Fui informado de que deveria trazer um recipiente isolante, com gelo, para levar para casa o medicamento, e que não poderia mais deixá-lo acondicionado na Feme. O atendente me disse ainda que deveria guardar o remédio na geladeira, em um recipiente fechado, para não sofrer nenhum tipo de contato com alimentos ou outros produtos. Além disso, não poderia colocar na parte de cima (congelador) nem na parte de baixo, mas na parte intermediária da geladeira”, relatou.

Após ouvir as recomendações, o paciente questionou sobre o risco de comprometer a conservação dos medicamentos em casa. “As perguntas que eu fiz foram: E se a minha geladeira não garantir a temperatura adequada para conservar a medicação? E quem não tiver uma geladeira em boas condições em casa, terá de levar o medicamento assim mesmo? A resposta foi, ‘Sim, terá de levar’”, pontua.

Local adequado
Os locais de aplicação de medicação na Feme são adaptados e adequados para a correta conservação dos remédios. Há freezers novos instalados no local, além de termômetros para manter a temperatura indicada para preservar a eficácia dos medicamentos.

Em nota, a Secretária de Estado da Saúde (SES) informou que a medida durou apenas alguns dias e o acondicionamento de medicamentos permanecerá sendo ofertado pela Farmácia. Contudo, O Estado esteve na farmácia nos dias 5 e 6 de outubro e identificou pacientes que ainda eram orientados a levar seus medicamentos para casa de forma climatizada.
O Estado tentou contato com a diretoria da Feme, para saber se há orientações específicas para os pacientes que precisam transportar seus medicamentos refrigerados, e quais as causas da lotação dos refrigeradores, contudo, a direção não quis falar e orientou que a apuração fosse feita fora do estabelecimento.

SAIBA MAIS

Falta de medicamento

Em matéria publicada na edição desta quarta-feira, 06, O Estado também destacou outra dificuldade que os pacientes estão enfrentando na Farmácia, é a falta de medicamentos para pacientes renais, com doença de Parkinson e câncer. Em nota, a Secretária de Estado da Saúde informou que “Sevelamer, para pacientes renais, e Pramipexol, para tratamento de Parkinson, serão enviadas pelo Ministério da Saúde até o fim do mês. Estes medicamentos são de aquisição e distribuição exclusiva do Governo Federal”.

Contudo, ainda em março deste ano, O Estado já havia denunciado a escassez de medicamentos na Feme, utilizados no combate de dores na cabeça, artrite, osteoporose e reumatismo, o que estava prejudicando o tratamento dos pacientes acometidos por essas enfermidades. Na ocasião, em nota, a SES informou que os medicamentos Humira e Cabergolina são de aquisição e distribuição do Ministério da Saúde, enquanto o Alendronato, o município de São Luís era responsável pela compra e distribuição do medicamento.

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