Entrevista

"Quando cumprimos os acordos, grupo venceu"

Weverton, segundo pré-candidato ao Governo do Maranhão entrevistado por O Estado, garante que trabalha para cumprir critérios estabelecidos nos Leões

Carla Lima/Editora de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
(Weverton Rocha)

SÃO LUÍS - Apesar de ser visto como um dos membros do grupo do governador Flávio Dino (PSB) que pode levar ao racha em 2022, o senador e pré-candidato ao governo em 2022 pelo PDT, Weverton Rocha, em entrevista a O Estado, garante que vai esperar decisão do governador baseada nos critérios públicos estabelecidos pelo próprio Dino e que trabalha para cumprir todas as metas em carta assinada no Palácio dos Leões.

Rocha diz ainda que não vem descumprindo as regras eleitorais e chama atenção dos órgãos de controle para a importância das manifestações políticas democráticas em prol das eleições do próximo ano.

Weverton Rocha é o segundo dos seis pré-candidatos ao governo declarados a ser entrevistado na série que está sendo feita por O Estado.

O senhor faz parte do grupo do Palácio dos Leões para as eleições de 2022. Critérios foram estabelecidos e a escolha deve acontecer até o fim do ano. Se o senhor não for o escolhido, acatará a decisão se esta não for pelo seu nome?
Os critérios, eles são públicos. São pesquisas quanti [quantitativas), quali [qualitativas], agregação de forças e diálogo interno dentro do grupo. Eu tenho feito uma pré-campanha, o PDT tem liderado uma pré-campanha, em que a meta é vencer nestes critérios. Então, a pergunta, na verdade, é se eles irão cumprir e o grupo todo irá cumprir o compromisso que nós temos, porque no passo que nós estamos, estamos convencidos e confiantes de que nós iremos ser os vencedores dos critérios estabelecidos.

Então, senador, se os critérios não forem atendidos, o senhor sairá candidato ao governo de qualquer forma?
Se os critérios não forem cumpridos, não há obrigação de cumprir nada. Porque, na verdade, quem não cumprir primeiro o combinado é que vai desfazer o que foi acertado. Em um caso como este, é necessário que se sente de novo e reveja a estratégia.

Em um cenário de racha do grupo do governador Flávio Dino, com o senhor e o vice-governador Carlos Brandão disputando o governo estadual, há possibilidade de sua chapa não lançar candidato ao Senado e tentar apoio de Dino?
Eu prefiro viver um dia de cada vez. Eu confio muito no espírito público e na liderança que o Flávio Dino teve e tem no decorrer desta última década, quando em todos os momentos que nós cumprimos os nossos compromissos o grupo foi vitorioso. Então, acredito que isto vai ser repetido [em 2022]. Confesso que ainda não trabalho com esta possibilidade de o grupo não nos apoiar. Caso isto venha a acontecer, aí precisarei fazer uma análise política de conjuntura para saber qual a postura que nós tomaremos.

Se todas as vezes que o grupo cumpriu acordo ganhou, significa que, em 2020, em São Luís, teve quebra de acordo? Quem descumpriu?
Em 2020, significa que nós não estabelecemos qualquer acordo. E isto foi admitido pelo próprio Flávio quando falou do erro na condução do processo em meio a uma pandemia. Ele não fez com que se sentasse à mesa e fechasse uma estratégia para São Luís. Quando não acertamos a estratégia, deu este desarranjo que foi a posição que cada um tomou em 2020. Mas de 2018 para trás, todas tiveram critérios e todas foram vitoriosas.

O senhor vem sempre conversando com lideranças, reunindo com presidentes de partidos aqui e em Brasília. Destas conversas, o que já tem alinhavado para a composição de sua chapa majoritária?
Como eu tenho feito uma política muito aberta e transparente, em momento algum em conversei com alguma força política tratando sobre espaços na chapa. Penso eu, que com o governador Flávio Dino liderando o processo, o grupo mantendo o pacto da união que selamos lá atrás e atendendo a todos os critérios estabelecidos, a chapa é formada dentro deste grupo, ou seja, o vice, o senador e todos sairão da construção deste grupo e, por isso, eu não tratei com ninguém sobre formação de chapa.

O senhor foi um dos pré-candidatos que foram representados pelo Ministério Público Eleitoral por propaganda eleitoral antecipada. Pelas acusações do MPE, o senhor mantém o que foi apontado de irregular pelo órgão. Isto não pode parecer uma atitude de confronto com o MPE?
Não, jamais. Eu vou aguardar o julgamento do mérito e, claro, que decisão judicial não se discute, se cumpre. Mas cabe a nós que nossa defesa deve ser feita e assim estamos fazendo. Temos o entendimento que nossos eventos não podem ser considerados como propaganda eleitoral antecipada porque são eventos realizados pelo partido, custeados pelo partido e todos em locais privados. Como exemplo, o último realizado em Presidente Dutra, foi feito dentro de uma fazenda, uma chácara do ex-prefeito Jura, que é na BR, logo longe da cidade. Quem foi, porque queria participar. Então, digo que no momento apropriado, eu irei me manifestar. Mas, eu confesso que, neste momento, se eu fosse a instituição Ministério Público assim como a imprensa e todos os que defendem a democracia, estaria estimulando todos os cidadãos de bem a debater o próximo ano porque ela corre risco. Hoje você tentar qualquer ato que venha resultar em sanção ou reprimir ou evitar que um político ou um partido vá para rua estimular esta democracia, estimular eleição não é correto, é equivocado até porque na ideia do legislador em encurtar a campanha foi dar a possibilidade de, na pré-campanha, o político discutir com a sociedade, não sua chapa, mas sim as ideias que seu partido vem defendendo, ou seja, os programas. Por muito respeito que tenho ao Ministério Público, não vejo, sinceramente, preocupação do órgão com as motoadas que o Bolsonaro faz pelo Brasil afora.

O senhor falou do presidente Bolsonaro e ele foi multado por aglomeração de pessoas em evento aqui no Maranhão. O senhor tem levado mil pessoas – conforme publicações em suas redes sociais – a cada encontro de pré-campanha. O senhor descumpre o decreto por qual motivo?
Ele [Bolsonaro] foi multado porque não utilizava máscara e também dentro do decreto vigente da época que restringia o número de pessoas. Hoje, o decreto é outro, graças a Deus, porque a situação tem melhorado devido, principalmente, à vacinação. No caso dos nossos eventos, nós estamos respeitando todos os decretos em vigor, que já está aberto para volta de shows, eventos. A vida está voltando. Mas, todos os nossos eventos são em locais abertos, as cadeiras são afastados e, na entrada, no credenciamento, todos passam por aferição de temperatura e com uso do álcool em gel e todos utilizando máscaras dentro do que prevê o regulamento.

O PDT nacional vem conversando com o PT e estas negociações passam pelo seu nome aqui no Maranhão. Afinal, o PDT vai ter candidato à presidência da República? E como anda a relação de seu partido com a direção nacional do PT?
Nós temos uma ótima relação. Temos conversado com toda a bancada do PT e de outros partidos. Eu já estive com a Luíza Helena, da Rede Sustentabilidade, e temos conversado com outros partidos também. Recentemente, a imprensa nacional noticiou, um encontro que nós fizemos com senadores lá em Brasília. Reunimos senadores como Tasso Jereissati, do PSDB, até o Jacques Wagner, do PT, de Renan Calheiros e Simone Tebet. E por que isto? Porque eu tenho estimulado isto em nível nacional para que nós possamos chamar todas as bancadas e todos os partidos para discutir a democracia, que é nosso assunto principal. Temos que formar uma bancada de bom senso, com uma agenda comum a todos, que é a eleição. O restante a gente pode discutir depois. E digo isto porque nosso grande desafio é manter, no Brasil, o Estado Democrático de Direito vigente. Ou seja, a minha relação com Lula é ótima e com Ciro Gomes é ótima e todos já admitem fazer o palanque duplo, aqui no Maranhão, comigo. Então, não deveremos ter dificuldades, ou seja, os partidários a favor do Ciro irão fazer campanha para ele e os aliados a favor do Lula farão a campanha para ele.

Então, sua intenção é ter um palanque múltiplo em 2022, assim como fez Flávio Dino em 2014?
O palanque com eles dois [Ciro e Lula] e quem tiver mais do campo progressista. Os presidenciáveis do campo progressista que puderem estar conosco, será ótimo. O fato que estamos dialogando com todos os partidos e todos os campos.

Nos últimos dias, se falou muito na eleição interna da Câmara e que este deve ser mais um palco de disputa entre o senhor e o Carlos Brandão. O senhor tem um candidato a presidente da Câmara e vai atrelar sua futura candidatura ao governo a esta disputa no legislativo?
Eu não compreendo esta tentativa de estadualizar momentos, eleições que são particulares e que precisam ser respeitadas. Eu vejo como desrespeito com os vereadores de São Luís na hora que algum político fora da Câmara tenta discutir a administração de sua Casa. Eu, por exemplo, não gostaria que algum político de fora viesse discutir a eleição da Mesa do Senado como se fosse prêmio para grupo A ou B. Então, a Mesa Diretora do Senado quem discute são os senadores, e a Mesa Diretora da Câmara, o debate é dos vereadores.

O senhor fala como se a Câmara de São Luís não fosse um espaço de poder que pode influenciar em uma eleição para o governo, por exemplo.
É um espaço de poder, mas que é próprio. O Jackson [Lago], por exemplo, foi prefeito de São Luís por diversas vezes e nenhuma vez o presidente da Câmara foi ligado a ele e, nem por isso, o Jackson deixou de ser eleito prefeito da capital e ser uma das maiores lideranças de São Luís e do Estado. Eu acho que as pessoas precisam ter esta compreensão de que o espaço de poder quem vai conquistar ano que vem na eleição estadual é a urna, ou seja, é o povo escolhendo quem deve comandar o Maranhão pelos próximos anos. Achar que vai ter troféu porque tem um parlamentar ou outro ou ainda o comando de um poder vai garantir vitória, não é o certo. Quem garante vitória é o povo com seu voto.

Voltando a sua pré-campanha, o senhor anunciou o apoio de sete partidos. Alguns já deixaram devido a mudanças em sua composição. Afinal, o senhor garantirá esses apoios até a definição (ou não) de sua candidatura?
O PDT é um partido que tem, na nossa pré-campanha, seis partidos aliados. E o PDT é mais que um partido simplesmente. É uma legenda que tem uma militância na qual eu tenho carinho porque nasci dentro dela. É uma militância que temos confiança para esta pré-campanha e para a campanha do ano que vem. Faço esta referência porque os pedetistas são incansáveis na realização de nossa pré-campanha. Fora isto, temos um objetivo de dialogar com as demais forças do Maranhão para enfrentarmos os problemas do Maranhão pós-pandemia. Esta é uma de nosssas propostas de governo.

Depois da eleição para o Senado, que o senhor ganhou com milhões de votos, quase que automaticamente seu nome foi colocado para a disputa pelo Palácio dos Leões. Ou seja, são quase 3 anos de pré-campanha a governador. Os percentuais das pesquisas divulgadas não são baixos para quem teve quase 2 milhões de votos?
Não, porque sei que a população ainda não se voltou para a eleição neste momento que vivemos. Se formos olhar com detalhes, o índice de indecisos ainda é muito alto. E justamente porque é o cidadão que se preocupa com o que comerá, se conseguirá pagar a energia elétrica, por exemplo. Esta é uma pessoa da vida real. As pesquisas, a gente sempre teve como um balizamento e não como julgamento de cada pré-candidato. Falo das mesmas pesquisas que me colocavam em quinto lugar para o Senado em 2018 e eu fui o mais votado. Nosso termômetro, na verdade, é o trabalho nosso e de nossa militância na rua, é a aceitação que temos.

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