Retratação

"Não tive intenção de agredir Poderes", diz Bolsonaro após atos

Em texto intitulado "Declaração à Nação", presidente da República adota tom de pacificação após manifestações de 7 de Setembro

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Bolsonaro se reuniu com o ex-presidente Michel Temer que o aconselhou a fazer uma manifestação pacificadora
Bolsonaro se reuniu com o ex-presidente Michel Temer que o aconselhou a fazer uma manifestação pacificadora (Bolsonaro e Temer)

BRASÍLIA

O presidente Jair Bolsonaro divulgou ontem um texto intitulado "Declaração à Nação" no qual afirma que nunca teve "intenção de agredir quaisquer dos poderes". Segundo o texto, "as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de 'esticar a corda', a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia".

Em ato político na última terça-feira (7), em São Paulo, Bolsonaro afirmou que não mais cumpriria decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. "Dizer a vocês que, qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais", declarou Bolsonaro a um público de apoiadores. O presidente da República chegou a fazer uma ameaça ao presidente do STF, ministro Luiz Fux: "Ou o chefe desse poder enquadra o seu [Alexandre de Moraes] ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos".

A divulgação da "Declaração à Nação" foi um conselho a Bolsonaro do ex-presidente Michel Temer. Na manhã de ontem, Bolsonaro mandou um avião para São Paulo, a fim de buscar o ex-presidente para um almoço no qual discutiram a crise institucional. Temer orientou Bolsonaro a divulgar um "manifesto de pacificação".

Crise institucional

No texto, o presidente credita a crise institucional a "discordâncias" em relação a decisões de Alexandre de Moraes e afirma que essas questões "devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal".

Durante o encontro, no Palácio do Planalto, Temer promoveu um contato telefônico entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes, ministro da Justiça no governo do ex-presidente e indicado por ele para o Supremo Tribunal Federal.

"Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum", afirmou Bolsonaro na declaração.

Embora tenha feito ataques ao Supremo, o presidente afirma no texto que sempre esteve "disposto a manter diálogo" com os demais poderes da República.

"Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles", escreveu.

Mais

Reunião

Antes de Temer, reunido com sua equipe ministerial para avaliar a repercussão das manifestações do 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro indicava que pretende continuar pressionando politicamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes. Esses já foram os principais alvos dos ataques e ameaças feitas pelos bolsonaristas nas manifestações e pelo próprio presidente em seus discursos nos atos de Brasília e de São Paulo. Bolsonaro cobrou de seus auxiliares soluções jurídicas que possam desobrigar órgãos do governo, como a Polícia Federal, de cumprir decisões ordenadas por Moraes.

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