Aniversário de São Luís

Dos tambores à pré-história: os Museus que contam além dos 409 anos de história de São Luís

Entre acervos, obras de arte e eternização da cultura, os Museus da capital maranhense contam como se deu a formação dessa cultura tão única e especial que celebra seu aniversário neste dia 08 de setembro

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Museu de Artes Visuais é um dos mais antigos de São Luís
Museu de Artes Visuais é um dos mais antigos de São Luís (museu de artes visuais)

São Luís - São Luís completa nesta quarta-feira, 08, seus 409 anos. Data que foi marcada após uma cerimônia de posse de terra, com uma missa católica, em 1612, após os franceses erguerem uma cruz, mais ou menos em frente ao Palácio dos Leões. Para muitos, o 8 de setembro é considerado o marco inicial da nossa Ilha, mas a história mostra que a sociedade ludovicense, e muitos aspectos da nossa cultura, vêm desde antes da chegada dos europeus.

E quem conta essas histórias e mantém vivo o nosso passado e presente, são os Museus e Casas Culturais da capital. Trazendo um pouco de cada cultura, e a representatividade de cada povo que habita, não só nossa cidade, mas também todo o Maranhão, São Luís mostra nos interiores de seus prédios e acervos, como essa mistura de costumes, arte e religião transformou a nossa famosa Ilha Bela. E para contar um pouco dessa história, em celebração ao aniversário de São Luís, o jornal O Estado visitou e listou alguns desses espaços que compõem a história local.

Museu de Artes Sacra do Maranhão

Se o dia 8 de setembro foi escolhido através de uma missa de fundação dos franceses, então, por que não começarmos a visitação contando a história do catolicismo em São Luís?

Sediado no Palácio Arquiepiscopal de São Luís ao lado da Catedral de Nossa Senhora da Vitória, antiga escola jesuíta na época da chegada dos europeus na Ilha, o Museu de Artes Sacra do Maranhão conta a história da capital através da religiosidade e a influência das igrejas católicas na fundação de São Luís.

O Espaço visita a história sagra do Maranhão desde o século XVI, com a chegada dos jesuítas e padres capuchinhos para catequizar os índios, contudo, seu acervo é composto por uma importante coleção com peças de imaginárias, ourivesaria e paramentos dos séculos XVII, XVIII e XIX nos estilos maneirista, barroco, rococó e neoclássico, inclui Imagens de Roca.

Estátuas, louças, castiçais e até bustos compõem o ambiente sacro e sagrado do local. “Muitas das esculturas que temos foram feitas ainda na escola que existia aqui antes do museu em séculos passados. Índios e padres que moravam aqui faziam essas estátuas que eram usadas em igrejas e procissões. Depois, com a partida dos franceses, as esculturas continuaram sendo feitas aqui na cidade, mas agora, com feições maranhenses e saindo da estética europeia”, explica Carlos Henrique, estudante de história e estagiário do Museu.

O Museu fica localizado na Avenida Pedro II, 258, no Centro, e tem o funcionamento das terças aos sábados, das 14h às 18h.

Museu de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão

Mas a história de São Luís começa bem antes de 1612. Na realidade, ela começa ainda na pré-história, com os dinossauros, e segue com os povos que habitavam nossas terras antes mesmo da chegada dos europeus. E é essa história que o Museu de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão conta através de três exposições.

O Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão foi fundado no dia 27 de março de 2002 e atua nas áreas de Paleontologia, Arqueologia e Etnologia com ações voltadas ao conhecimento, valorização e preservação patrimonial. Desde a sua fundação, ele possui o intuito de incentivar a pesquisa e a preservação da história no Maranhão.

Com acervos encontrados tanto na Ilha quanto em todo o Estado por arqueólogos, a primeira exposição começa com os gigantes que habitavam na terra. Dinossauros, ossos e pedras antigas compõem o primeiro ambiente, e contam curiosidades sobre o que vivia na Ilha de São Luís muito antes dos humanos. Já a segunda parte é a sala expositiva da Arqueologia, em que podemos encontrar artefatos de pedra, objetos cerâmicos utilitários e ritualísticos pré-coloniais e utensílios de louça e artigos de uso pessoal e cotidiano provenientes do período histórico.

A última exposição, é a Sala de Etnologia, e é resultado de um trabalho próximo à comunidades indígenas do Maranhão, para que ocorra a representação correta e fiel das aldeias, além de respeitar suas culturas. São objetos de uso diário e cerimonial pertencentes aos grupos indígenas contemporâneos.

“Um dos trabalhos mais importantes que fazemos aqui é com os indígenas, pois temos uma preocupação em passar a história deles de forma correta, sem cair em estigmas e preconceitos. Muito do nosso acervo veio doado das próprias comunidades com artefatos que eles consideram representativos e culturais”, explicou Deusdedit Leite, gestor do museu.

Além das exposições, o espaço também conta com a Biblioteca Olavo Correia Lima, que disponibiliza a consulta ao seu acervo de cerca de 3000 volumes nas áreas de atuação do órgão; e a Sala da Memória, que é o resultado da evolução da história de São Luís ao longo dos séculos.

O Museu de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão é situado no Centro Histórico, na Rua do Giz Nº59. O espaço funciona de segunda a sábado de 8h às 18h.

Casa do Tambor De Crioula

Falando sobre culturas que influenciaram a sociedade ludovicense, temos também o Tambor de Crioula, considerado Patrimônio Cultural do Brasil e referência de identidade e resistência cultural dos negros maranhenses. Inaugurada em 2018, a Casa do Tambor de Crioula junta o passado, o presente e o futuro, e se caracteriza como um espaço de protagonismo do negro, onde o integrante do tambor é a estrela.

Começando com a exposição, o primeiro andar da Casa conta a história do Tambor de Crioula, sua religiosidade, e seus costumes, como o uso de cachaça para tocar o tambor e deixar os brincantes acordados. Já no pátio da Casa, o espaço é destinado para apresentações que acontecem nas quartas-feiras, em que grupos podem manifestar a cultura e garantir sua disseminação. Por fim, nos últimos andares, salas são destinadas à oficinas e cursos, para garantir a eternização desse patrimônio.

O Museu fica localizado na Rua da Estrela, no Centro, e funciona das terças aos sábados, das 09h às 18h, e domingos das 09h às 13h.

Museu das Embarcações

Também comemorando aniversário neste dia 8 de setembro, o Museu das Embarcações explica os diferentes aspectos dos barcos utilizados em regiões do estado, dando destaque às características de cada um e os materiais utilizados. No local, há réplicas em miniatura de todos eles, um trabalho que tem como objetivo preservar o conhecimento popular em uma região de formação cultural.

Todos produzidos em escalas reais, os modelos do acervo foram doados e construídos por mestres carpinteiros do Estaleiro Escola, que além de produzirem navegações, também fazem produtos manuais, através de objetos reciclados, que são vendidos no Museu e transformados em renda para a sociedade desses construtores de navegações.

Localizado no Forte Santo Antônio da Barra, o ponto histórico representa o período de resistência portuguesa às invasões. No local, é possível apreciar 18 réplicas de embarcações tradicionais feitas de madeira, além de apreciar uma maravilhosa cafeteria com vista para o Mar. O Museu funciona das terças aos sábados, das 14h às 18h.

Museu de Artes Visuais

Um dos mais antigos da capital, o Museu de Artes Visuais é um dos mais acessíveis para toda a população, e trabalha a construção da sociedade através da arte. Com um acervo composto por esculturas, pinturas e até xilogravuras, a exposição inicia logo na entrada, com obras que remetem à cultura maranhense.

A exposição começa falando da ecoarte e comunidades indígenas. Depois, ela passa para a criação das cidades e a chegada das pessoas negras. Assim como na sociedade, a próxima exposição do museu questiona a imagem feminina produzida por homens na arte, seguindo para a quarta exposição, o fantástico, onde é possível ver, inclusive, obras de artistas como Pablo Picasso. Por fim, a exposição termina com o tema de “crítica social”, gerando a reflexão sobre como a sociedade atual foi construída, e tendo como destaque obras de maranhenses, que representam as fragilidades da nossa sociedade local.

Trabalhando com acessibilidade para todos os públicos, o Museu, que fica localizado na Rua Portugal, na Praia Grande, funciona das terças aos sábados, das 14h às 18h.

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