Ameaça à saúde

Maranhão tem 16 mortes este ano por leishmaniose e lidera ranking

Por causa da gravidade do cenário, organizações ligadas à saúde promovem o "Agosto Verde", com medidas de prevenção e combate à doença, que acomete tanto cães e gatos, quanto seres humanos e requer extremo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Vera Lúcia Ferreira garantiu cuidados para o seu pet em ação do Mais Saúde Animal na Cidade Olímpica
Vera Lúcia Ferreira garantiu cuidados para o seu pet em ação do Mais Saúde Animal na Cidade Olímpica (programa saúde animal)

São Luís - O Brasil já registrou, pelo menos, 790 casos de leishmaniose este ano, segundo o Ministério da Saúde. De janeiro a julho, 79 pessoas morreram em decorrência da doença no país. Somente no Maranhão, já são 16 vítimas desde janeiro de 2021. É o estado com maior número de óbitos, seguido do Pará (com 13 mortes) e Bahia (11). O cenário é preocupante, por isso organizações e instituições ligadas à saúde promovem o 'Agosto Verde' - mês dedicado à prevenção e ao combate a essa enfermidade, que acomete tanto seres humanos quanto cães e gatos.

A leishmaniose é uma doença parasitária, causada por um protozoário do gênero Leishmania, que ataca os órgãos internos do indivíduo, principalmente o fígado, baço e a medula óssea. A transmissão se dá por meio da picada do "mosquito-palha" (também conhecido por 'birigui' ou 'tatuquira'). Especialistas dizem que os cães são as principais fontes de infecção para o inseto transmissor. Isto porque quando o inseto pica o cão doente e depois pica uma pessoa saudável, a doença se espalha. Entre os sintomas mais comuns estão a febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular e anemia.

A médica veterinária, Rayule Cristina, explica que os donos de pets devem ficar atentos aos sintomas nos animais. "Normalmente apresentam perda de peso bem acentuada, feridas em focinhos e ponta das orelhas, onicogrifose (crescimento exagerado das unhas), apatia, febre. Esses são os sinais clássicos da doença", destaca. No entanto, alguns pets podem apresentar um quadro de diarreia, vômitos constantes e dermatite esfoliativa.

Ela alerta ainda que gatos também podem contrair leishmaniose. "Os sinais clínicos são inespecíficos e na grande maioria apresenta lesões cutâneas ulceradas e nódulos presentes na face, orelha, focinho e patas", comenta a veterinária.

Diagnóstico

Tanto em cães quanto em gatos, o diagnóstico é feito por meio de exames. A doença não tem cura, mas já há tratamentos que ajudam a evitar a eutanásia ou sacríficio dos animais. "É extremamente importante fazer o tratamento de forma correta, manter o animal sempre encoleirado e ter um ambiente também controlado. Desta forma o risco de transmissão se torna baixíssimo", alerta a veterinária do PetMania. "Explico sempre aos tutores que ter um animal com Leishmaniose é uma responsabilidade com a sua família e a sociedade", acrescenta.

Questionada sobre as formas de prevenção, Rayule cita a vacinação e o uso de repelentes - inclusive de coleiras repelentes. "As medidas não devem ser usadas separadamente, sempre em conjunto. Uma vez que nenhum dos métodos oferece 100% de eficácia. E a doença é de fácil transmissão para humanos e animais", explica a veterinária.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil contabilizou 2.529 casos de Leishmaniose, em 2019. Naquele ano, 207 óbitos morreram em decorrência da doença. No ano passado, 2.032 casos foram confirmados, sendo 165 óbitos.

Saúde Animal

A terceira edição do Programa Mais Saúde Animal deste ano está marcada para o próximo sábado (21), na região do Coroadinho. Na ação promovida pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), serão oferecidas consultas gratuitas, vacinação antirrábica, testagem rápida para leishmaniose visceral canina (calazar), além de distribuição de coleiras para animais com resultado negativo.

Em duas edições, o Programa Mais Saúde Animal já garantiu 2.613 atendimentos a pets da capital, atendendo cães e gatos dos bairros do Anjo da Guarda, Cidade Olímpica e suas adjacências.

De acordo com a chefe do Departamento de Controle de Zoonoses do Estado, Zulmira Batista, o programa promove ações de saúde animal para o combate de duas zoonoses endêmicas no Maranhão: leishmaniose e raiva. Por causa da grande adesão da população, as consultas serão realizadas mediante pré-agendamento, disponível desde ontem no site da Secretaria de Estado da Saúde (www.saude.ma.gov.br).

Foco

A ação do Programa Mais Saúde Animal Coroadinho acontece no próximo sábado (21), das 8h às 16h, e atenderá os pets do bairro Coroadinho e adjacências, no Centro de Ensino Dorilene Silva Castro, situado na Travessa Dom Pedro II, n°39, Vila Conceição. Lançado em 2017 pelo Governo, o Programa Mais Saúde Animal foi retomado no mês de julho. A proposta da ação é controlar e erradicar as principais zoonoses no Maranhão.

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