Covid-19: amamentação pode ser mantida em casos suspeitos ou confirmados
Os benefícios do leite materno vão além da nutrição para o bebê, pois o alimento diminui riscos de mortalidade infantil, protege contra diarreias, infecções e alergias e pode prevenir doenças da vida adulta
São Paulo - Criada em 1992, a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), realizada entre os dias 1º e 07 de agosto, é um movimento que defende, promove e apoia a amamentação em 120 países. Ferramenta nutricional mais econômica, eficaz e acessível, a amamentação pode reduzir em 13% a mortalidade infantil e em 6% o risco de câncer de mama a cada ano em que a mulher amamenta. Entretanto, no Brasil, apenas 45,7% dos bebês são alimentados exclusivamente com leite materno nos seis primeiros meses de vida, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O desafio de ampliar os índices de amamentação propostos pelo órgão global de saúde ganhou realce com a pandemia do novo coronavírus, afinal muitas dúvidas surgem sobre possíveis implicações relacionadas ao aleitamento materno e a doença. Especialistas defendem que a amamentação não deve ser interrompida em casos suspeitos ou confirmados da infecção. "As mães lactantes com suspeita ou caso confirmado de covid-19, que estão bem e desejam amamentar não precisam interromper o aleitamento materno, desde que respeitem todas as condições de higiene, que tem o propósito de reduzir o risco de transmissão do vírus através de gotículas respiratórias durante o contato com a criança", esclarece Sílvia Piza, presidente da Comissão Nacional de Aleitamento Materno e consultora da Libbs farmacêutica.
Além disso, as gestantes e lactantes que estejam aptas devem se imunizar contra a Covid-19, pois, segundo recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a vacinação, além de proteger as mães, diminui o risco de transmissão do vírus aos amamentados. Outro ponto defendido pela SBP é que, após a vacinação, o leite materno contém anticorpos que potencialmente podem proteger os bebês e crianças.
Benefícios
A amamentação apresenta inúmeros benefícios, uma vez que o leite materno é rico em proteínas, imunoglobulinas e diversos componentes de defesa, que são transmitidos de forma passiva para o recém-nascido, interferindo positivamente no seu sistema imunológico e no microbioma intestinal, conferindo proteção contra diarreias, infecções e alergias. Ainda pode prevenir a ocorrência de doenças da vida adulta, como hipertensão, colesterol alto e diabetes. "Assim, o ato de amamentar tem influência direta no estado nutricional, prevenção de doenças, desenvolvimento cognitivo e emocional da criança e também na saúde à longo prazo", pontua Sílvia Piza.
Também, na saúde da mulher, a amamentação traz benefícios não apenas imediatos, mas também tardios. A médica ressalta que "o ato de amamentar provoca reações na saúde física e psíquica da mãe, favorecendo o retorno às condições pré-gravídicas mais rapidamente, como a contratilidade e involução uterina, retorno do peso anterior à gestação, além de fortalecer o vínculo afetivo entre mãe e filho. Mais tardiamente, o aleitamento materno pode reduzir o risco de doenças, como câncer de mama e ovário".
O leite materno contém todos os nutrientes necessários para a criança durante os seis primeiros meses de vida. Dra. Silvia diz que "não é necessário dar nenhum outro tipo de alimento ou complemento, inclusive pelo receio de que o leite esteja fraco". "A composição do leite materno varia de acordo com as fases de evolução do recém-nascido e suas necessidades. Assim, o leite inicial é mais diluído no princípio da mamada, saciando a sede; e vai se tornando mais consistente, com mais lipídeos, satisfazendo as necessidades calóricas e nutricionais. Deste modo, a alternância das mamas em cada mamada deve ser realizada quando a mama ofertada primeiramente, se esvaziou completamente, para que o leite materno nas suas diferentes formas de composição seja totalmente aproveitado", explica.
No que se refere à anticoncepção, embora a amamentação exclusiva bloqueie inicialmente a ovulação, mesmo na ausência das menstruações, é recomendável o uso de método anticoncepcional após cerca de 40 dias do parto. Nesse caso, métodos de barreira, como preservativos e DIUs não hormonais podem ser utilizados. O contraceptivo oral ou injetável a base de progestogênios são compatíveis com o aleitamento materno, assim como o DIU hormonal contendo esse mesmo tipo de hormônio, por não interferirem na qualidade, volume e produção do leite, e não apresentarem risco de transferência para o recém-nascido.
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