A Polícia Federal deflagrou ontem a terceira operação contra desvios de recursos do combate à Covid-19 em São Luís na gestão do ex-secretário Lula Fylho à frente da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) da capital.
A operação, denominada “Alinhavado”, foi deflagrada simultaneamente na capital maranhense, além de Codó, Brasília (DF) e Boa Vista (RR), com a finalidade de desarticular grupo criminoso estruturado para promover fraudes licitatórias que, segundo as investigações, chegam à casa dos R$ 3,2 milhões em quatro contratos que somavam R$ 7,7 milhões.
Segundo a PF, foi constatada a “montagem” em, ao menos, quatro processos licitatórios instaurados em 2020 pela Semus ludovicense para a compra de insumos como álcool etílico, álcool em gel, máscaras e equipamentos de proteção individual.
De acordo com Arnaldo de Oliveira, superintendente substituto da Controladoria-Geral da União (CGU) no Maranhão, a Semus pagou a uma empresa de Brasília, por um litro de álcool etílico, por exemplo, R$ 19,90, apenas uma semana depois de haver adquirido o mesmo produto por R$ 12,50, num outro contrato.
Oliveira pontuou que a média de valores pagos por prefeituras maranhenses por esse item era de R$ 14,20 àquela altura da pandemia. Ainda segundo o representante da CGU, só o superfaturamento pode ter chegado à casa dos R$ 620 mil nos contratos investigados.
Ele pontuou, contudo, que o valor pode ser maior, na casa dos R$ 3,2 milhões, se forem confirmadas as suspeitas de simulação de venda, quando os produtos não são entregues.
“Restou constatado que o grupo criminoso utilizou diversos mecanismos de fraudes para maquiar as irregularidades dos certames licitatórios, que teriam sido deflagrados com o ajuste prévio das empresas vencedoras. Além da frustração do caráter competitivo dos procedimentos licitatórios, de acordo com análises da Controladoria Geral da União (CGU), evidenciaram-se superfaturamentos contratuais e simulação de vendas, gerando prejuízo milionário aos cofres públicos”, diz nota oficial dos federais.
Operação
A operação, realizada por 30 policiais federais, cumpriu cinco mandados de busca e apreensão e cinco mandados de bloqueio de bens, expedidos pela 1ª Vara Federal de São Luís. A PF apreendeu cinco veículos, sendo dois de luxo e três de coleção - um deles, um Ford Maverick V8, avaliado em mais de R$ 200 mil.
“Com o cumprimento da Constrição Patrimonial almeja-se a apreensão e o sequestro de bens (ativos financeiros, veículos e imóveis) num valor total de até 3,2 milhões, quantia identificada como tendo sido recebida ilicitamente”, completa o comunicado da PF.
Se confirmadas as suspeitas, os investigados poderão responder por fraude à licitação (Art. 90, Lei 8.666/93), simulação de compra e venda (Art. 96, I e V, Lei 8.666/93), peculato (Art. 312 do Código Penal) e associação criminosa (Art. 288 do Código Penal). Somadas, as penas podem chegar a 21 (vinte e um) anos de prisão.
A denominação “Alinhavado”, do verbo “alinhavar”, significa “costurar provisoriamente”, fazendo referência aos processos licitatórios fraudados, que teriam sido “alinhavados” para, ao final, “costurar a contratação” de empresas previamente ajustadas.
Mais
O delegado federal Júlio Sombra, no exercício de delegado regional de investigação e combate ao crime organizado, revelou que as investigações da Operação Alinhavado começaram a partir de denúncia de um empresário que se sentiu lesado porque utilizaram o nome da empresa dele como participante da licitação.
Ações da PF na Saúde da capital
começaram em junho de 2020
A Operação “Alinhavado” foi a terceira deflagrada pela Polícia Federal contra fraudes na Secretaria Municipal (Semus) de São Luís desde o início da pandemia no Brasil, declarada em março do ano passado.
Em junho, foi desencadeada a primeira fase da Operação Cobiça Fatal, que apontou fraude de R$ 2 milhões na compra de máscaras na capital.
Em outubro do mesmo ano, nova fase da mesma ação, desta vez contra desvios da ordem de R$$ 1,05 milhão, e com afastamento de servidores da pasta.
Já em abril de 2021, foi deflagrada a Operação Tempo Real, com cumprimento de mandados na residência do ex-secretário Lula Fylho, a quem a PF acusava de receber informações instantâneas sobre as investigações.
O ex-secretário Lula Fylho tem negado todas as acusações que pesam contra sua gestão.
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