Educação na pandemia

Associação de Pais alega queda no desempenho de alunos na pandemia

De acordo com relatos, a maior dificuldade dos alunos de ensino fundamental e médio tem sido em disciplinas que exigem maior leitura; especialista em educação dá dicas de como melhorar o desempenho e escola cria atividades para garantir melhora dos estudo

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Com pandemia há mais de um ano, ensino teve de ser adaptado e aulas remotas passaram a ser a opção
Com pandemia há mais de um ano, ensino teve de ser adaptado e aulas remotas passaram a ser a opção (aula remota)

São Luís - Durante um ano e meio de pandemia da Covid-19, muitos aspectos da rotina da população foram alterados, e quando se trata do cotidiano de crianças e adolescentes, isso se torna ainda mais nítido, já que as aulas presenciais foram suspensas e se tornaram remotas. Para esses, foi necessário uma rápida adaptação ao Ensino a Distância (EaD), para que os estudos não sofressem impacto. Porém, mediante a essa nova realidade, o rendimento de muitos alunos caiu durante os anos de 2020 e 2021, de acordo com relatos de pais.

“Ainda não conseguimos ver com clareza resultados 100% positivos. Tivemos muitas mudanças no âmbito educacional, social e emocional, e apesar da dedicação e compromisso dos professores, assim como dos alunos, temos muito o que aprender e aperfeiçoar, pois o prejuízo educacional anda é imensurável”, explicou Rodrigo Guará, presidente interino da Associação de Pais e Alunos do Maranhão (ASPA).

De acordo com o presidente, a adaptação a um novo formato de acesso a educação foi um processo difícil, principalmente pelo tempo necessário em frente a telas de computadores e à necessidade de acompanhamento e supervisão, no caso das crianças menores. Já em relação aos alunos do ensino médio, principalmente os vestibulandos que estão no terceiro ano, o novo formato dificultou o contato com professores para tirar dúvidas, além de ter gerado impacto no fator emocional, pelo distanciamento dos vínculos sociais.

“Aulas totalmente online ainda é algo a ser implantado a médio e longo prazo, ainda mais quando se fala em crianças e adolescentes. Não podemos retirá-los do vínculo social, pois a convivência com colegas também faz parte da formação de cada um deles. Precisamos firmar pessoas prontas para viver em sociedade”, ressaltou Rodrigo.

Elsa Balluz, membro da diretoria do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Maranhão (SINEPE-MA), e pedagoga com especialização em Psicopedagogia ressaltou a importância do apoio familiar para auxiliar que o desempenho desses alunos não despenque diante do novo formato.

“Mesmo com os constantes investimentos em inovações tecnológicas, nenhum sistema educacional moderno foi construído para lidar com paralisações prolongadas. Professores, gestores e pais têm trabalhado duro para manter o aprendizado vivo, mesmo em meio a situações adversas como esta. Contudo, mesmo diante de toda dedicação, não há como garantir que o desempenho no ensino remoto seja o mesmo do presencial. Por esta razão o apoio da família é indispensável, seja para monitorar as crianças durante as aulas e/ou incentivar os estudos seja em casa ou na sala de aula”, destacou a pedagoga.

Disciplinas de maior dificuldade
De acordo a ASPA, as disciplinas que mais tem gerado dificuldades nas crianças e adolescentes são aquelas que tem exigido maior leitura, como português, história, literatura e filosofia. Isso, porque muitas vezes a leitura pode se tornar monótona e cansativa, e sem interações para discutir os textos, ou supervisão, os alunos tendem a não realizar as leituras adequadamente.

O professor João Batista Bottentuit Junior, doutor em educação, explica a razão dessas disciplinas, que durante o presencial eram consideradas mais fáceis pelos alunos, terem sido as principais causas das quedas de desempenho. “Para as crianças e adolescentes o ensino remoto torna-se um desafio, visto que esta modalidade exige por parte do educando a autonomia para a leitura prévia do material e execução das tarefas. No entanto, ao assistir as aulas de casa o aluno possui muitas distrações como a televisão, celular, a própria rotina familiar e isso tudo diminui bastante às horas necessárias para a dedicação aos estudos. Desta forma eles necessitam de um acompanhamento e supervisão caso contrário o rendimento será sempre inferior”, destacou.

Alternativas para as dificuldades
Na escola Dom Bosco, na capital maranhense, algumas alternativas foram pensadas para evitar a queda de desempenho e continuar o acompanhamento dos alunos, como atendimentos individuais e a criação de atividades de diferentes estímulos para atender a necessidade de cada aluno.

“Na verdade o que fazemos não é classificado como EAD, pois no nosso caso, trabalhamos com aulas síncronas com interação dos alunos de casa. Ou seja, mudou apenas o ambiente, mas o aluno não passou a ser um agente passivo no processo de ensino-aprendizagem, ele continuou participando, tirando dúvidas com o professor e dando suas contribuições. Porém, para a maioria dos alunos, principalmente os menores, existem certos estímulos e experiências sensoriais que apenas o contato próximo proporciona. Por isso o desafio”, explicou a coordenação da escola.

Além do contato direto com os familiares, outro investimento da escola para manter o desempenho dos estudantes foram os cursos e orientações para que os professores também se adaptassem ao novo formato. “Logo no começo da pandemia, tivemos férias dos estudantes justamente para preparar o ambiente tecnológico e treinar os professores para se adaptarem ao novo modelo. E desde então as formações não pararam, temos ações periódicas para atualizações de boas práticas e novas soluções”, ressaltou a coordenação.

Outras dificuldades
Outra dificuldade encontrada tanto pelos pais, quanto pelas instituições particulares, foi o pagamento de matrículas durante o período da pandemia. De acordo com a ASPA, muitos pais tiveram dificuldades de continuar fazendo o pagamento e precisaram fazer acordos com as escolas.

“No que se refere ao ensino privado, as instituições enfrentaram grandes dificuldades. No estado do Maranhão, por exemplo, as escolas precisaram lidar com o cancelamento de matrículas, causado, sobretudo, pela perda de renda familiar. Somado a isso, as instituições sofreram forte impacto financeiro com os diversos descontos obrigatórios. O resultado foi o encerramento das atividades de diversas creches, berçários e escolas de educação infantil, que só agora voltam a se recuperar”, explicou Elsa Balluz.

SAIBA MAIS

Dicas para estudar em casa

De acordo com professor João Batista Bottentuit, existem técnicas que podem ser utilizadas pelo aluno que estuda em casa, para garantir o desempenho. Para rentabilizar os estudos em tempos de pandemia o ideal é que o aluno realize fichamentos, esquemas e infográficos do material estudado, desta forma quanto tiver que revisar os assuntos serão amis facilmente compreendidos. Além disto, é importante acessar materiais complementares e estabelecer um cronograma de estudos para atingir às metas desejadas.

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