Risco

Maranhão tem estabilidade com níveis altos de transmissão da covid

Apesar de o estado estar há cinco dias estabilizado, na faixa de 30 mil casos ativos da doença, especialista explica que os níveis de transmissão ainda estão altos; segundo Fiocruz, Maranhão tem regiões com transmissão extremamente alta

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Desde o dia 26 do mês passado, a prefeitura começou a realizar o teste de Covid-19 em massa  em São Luís
Desde o dia 26 do mês passado, a prefeitura começou a realizar o teste de Covid-19 em massa em São Luís (teste rápido)

São Luís – Compreendido como platô, o cenário no Maranhão segue com estabilidade dos casos da Covid-19, porém, com índices altos e acima do ideal. De acordo com os boletins divulgados pela Secretária Estadual da Saúde (SES), o estado está há cinco dias, de 17 a 21 de junho, com taxa de 30 mil casos ativos.

“A Covid-19 no Maranhão está estável, mas ainda com índices altos de transmissão. Em relação ao número de casos diários, vemos que continuamos com uma ligeira tendência de aumento. Em relação ao número de óbitos, também estamos em estabilidade há duas semanas, mas com tendência de crescimento”, explicou o epidemiologista, e coordenador do observatório da Covid-19 da UFMA, Antônio Augusto Moura.

Contudo, apesar da estabilidade, o Maranhão vem apresentando constante crescimento dos casos ativos desde o dia 20 de dezembro de 2020, quando teve pequena queda de casos ativos, com 5.098 pessoas testadas positivamente para Covid-19. Depois de seis meses dessa queda, segundo o boletim da última segunda-feira (21), 30.567 pessoas foram identificadas com o vírus ativo.

Um dos fatores para o constante aumento de casos, de acordo com especialistas, é a alta taxa de transmissão presente em todo o Maranhão. De acordo com boletim divulgado pela Fundação Fiocruz (Fiocruz) na última semana (17), a transmissão comunitária da Covid-19 é extremamente alta em quase todos os estados brasileiros.

Muito alta
No Maranhão, de acordo com os dados, a região de Imperatriz é a que possui situação mais crítica, com transmissão comunitária extremamente alta (10 ou mais contaminados para cada 100 mil habitantes). A área da Grande Ilha está com a transmissão muito alta (de cinco a 10 contaminados), enquanto as demais regiões apresentam uma transmissão comunitária alta (um a cinco contaminados).

A transmissão comunitária é aquela em que não é possível rastrear a origem da infecção e indica que o vírus circula entre as pessoas naquele local, independentemente de terem viajado ou não para o exterior. Os indicadores são baseados no número de casos.

O epidemiologista destaca que os fatores para esse aumento da transmissão são diversos, indo desde a não implantação de medidas mais restritivas, como no início da pandemia, até o cansaço da população em relação a adesão aos protocolos de segurança.

“Na segunda onda menos medidas restritivas foram impostas (apenas eventos foram proibidos e bares e restaurantes fechados no início desta onda). No repique da segunda onda nenhuma medida restritiva adicional foi imposta. Além disso, a mobilidade retornou a níveis anteriores à pandemia. O uso de máscaras tem diminuído, e as muitas pessoas continuam se aglomerando, especialmente em ambientes fechados. As pessoas cansaram de ficar em casa, as autoridades não adotam medidas restritivas e assim a sociedade vai convivendo com o vírus e com as mortes dele decorrentes. E a vacinação lenta é outro fator que contribui para a manutenção da transmissão em níveis altos”, destacou Antônio Augusto.

Risco de subnotificação
Outro ponto preocupante da disseminação da doença no estado é a subnotifcação dos casos. De acordo com a plataforma Farol Covid, a cada 10 casos da doença do estado, nove não foram notificados.

Como foi mostrado em reportagem de O Estado no último dia 17, em alguns municípios, como no caso de Mirinzal, moradores denunciam que alguns pacientes sintomáticos não conseguem realizar o teste de Covid-19 no único hospital do município. Conforme foi mostrado pela reportagem, segundo as testemunhas, as justificativas dadas são de que o hospital não realiza o teste, sim a Unidade Básica de Saúde (UBS) da sede, que só funciona durante o dia e apenas em casos extremos, com requisição médica e horário agendado. A diretora do hospital informou que está sendo feito o teste rápido apenas em pacientes internados e não estão realizando o Swab Nasal, teste com cotonete aplicado na região nasal e faringe, pois, a Prefeitura “não possuía recursos para compra, até o momento”, disse.

“A subnotificação de casos da Covid-19 é muito grande, porque basicamente só são testados os casos menos graves. Há muitos casos leves nos quais não é feita testagem. Por ocasião do inquérito sorológico realizado em agosto do ano passado ficou demonstrado que para cada caso detectado no estado havia 22 infecções pelo coronavírus na comunidade”, explicou o epidemiologista ao apontar a necessidade de estudos como o inquérito sorológico que foi realizado no estado.

Desde o dia 26 do mês passado, a Prefeitura de São Luís começou a realizar o teste de Covid-19 em massa na cidade e, mais de 2 mil pessoas já foram submetidas ao exame. A ação é executada pela equipe da Secretaria Municipal da Saúde (Semus) e íntegra as estratégias no combate à pandemia. Em caso positivo, o paciente é encaminhado para o Laboratório Central de São Luís (Lacem) e para a Unidade Mista do Bequimão para que realize o teste RT-PCR, neste caso, considerado padrão para os casos de Covid-19.

Os testes estão sendo ofertados nos terminais da Praia Grande e do Distrito Industrial, nos Centros Municipais de Atendimento às Síndromes Gripais Leves (Clodomir Pinheiro Costa, no Anjo da Guarda; Centro de Saúde José Carlos Macieira, na Avenida dos Africanos; e Centro de Saúde Genésio Ramos Filho no conjunto Cohab/Anil) e nas unidades Centro de Saúde Amar, na Rua Deputado Luiz Rocha, na Vicente Fialho; Centro de Saúde Olímpica I; Centro de Saúde Fabiciana Moraes, no São Cristóvão; e o Centro de Saúde Laura Vasconcelos. Os locais atendem das 9h às 17h.

A vacinação
Sendo o estado que possui a capital brasileira com a vacinação mais acelerada, o Maranhão tem se destacado na corrida da imunização, tendo alcançado adultos a partir de 18 anos. Com a rápida vacinação, a expectativa dos especialistas é de que nos próximos meses seja visível a queda no número de casos da Grande Ilha, como um resultado da imunização.

Porém, o epidemiologista explica que no momento ainda não podemos ver essa queda na população mais jovem, que foi recentemente imunizada. “Nos grupos com 70 anos e mais, já há queda do número de óbitos. Nos demais grupos ainda não dá para se visualizar efeito”, explicou o epidemiologista.

De acordo com os dados apresentados na última segunda-feira (21), 28,77% da população maranhense já recebeu a primeira dose de alguma vacina contra Covid-19. Já em São Luís, a Prefeitura informou que a taxa de vacinação da população adulta era de 80,01%, até a tarde de segunda-feira (21). A capital maranhense tem uma população a partir de 18 anos estimada em 732 mil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020.

Além de São Luís, os municípios de Paço do Lumiar e São José de Ribamar, localizados na chamada 'Grande Ilha', na região metropolitana, iniciaram a vacinação de pessoas a partir de 18 anos na segunda-feira (21).

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