Extravio

São Luís desperdiça na distribuição 63,78% da água potável produzida

Quanto ao investimento da arrecadação tarifária na melhoria dos serviços de abastecimento e saneamento, a capital maranhense ocupa boa posição

Daniel Matos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Vazamento em subadutora na Barragem do Bacanga causou despercídio e desabastecimento de água
Vazamento em subadutora na Barragem do Bacanga causou despercídio e desabastecimento de água (vazamento barragem)

São Luís é quarta cidade do Brasil com maior volume de perda de água potável na distribuição. É o que aponta o novo Ranking do Saneamento, publicado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, em alusão ao Dia Mundia da Água, celebrado ontem. Baseado nas 100 maiores cidades do Brasil e com dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) de 2019, a publicação anual avalia os indicadores de acesso à água potável, coleta e tratamento dos esgotos nesses municípios.

De acordo com o levantamento, a capital maranhense ocupa o quarto lugar no ranking nacional do desperdício de água tratada, com 63,78% de perda. Os principais motivos do extravio são vazamentos, furtos, roubos ou erros de medição são as principais causas. Nesse quesito, São Luís só fica atrás de Porto Velho (RO), com 83,88% de água perdida; Macapá, com 74,12%; e Manaus (AM), 72,08%. Completa a relação das cinco cidades que mais desperdiçam água potável na distribuição Boa Vista (RR)l, com 62,65% de perda.

Quanto ao investimento nos sistemas de abastecimento e saneamento em relação ao total arrecadado com o pagamento das contas de água, São Luís está entre as cidades com desempenho considerado positivo. Na 13ª posição, a capital maranhense registra investimento de 41,12% da receita tarifária obtida.

Em relação à região Nordeste, São Luís é a sétima cidade melhor colocada, atrás apenas de Olinda (PE), Caucaia (CE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Caruaru (PE), Natal (RN) e Mossoró (RN). Levando em conta apenas as capitais nordestinas, é a segunda que mais reverte a arrecadação em melhorias nos serviços.

Brasil

O novo Ranking confirma que o país mantém sem serviços de água tratada quase 35 milhões de habitantes, sendo 5,5 milhões nas 100 maiores cidades (população da Noruega). O país aproximadamente 100 milhões de pessoas sem acesso à coleta de esgotos, sendo 21,7 milhões nesses maiores municípios (população do Chile). O Brasil ainda não trata metade dos esgotos que gera (49%), o que representa jogar na natureza, todos os dias, 5,3 mil piscinas olímpicas de esgotos sem tratamento. Nas 100 maiores cidades, em 2019, descartou-se um volume correspondente a 1,8 mil piscinas olímpicas diárias.

Enquanto o Brasil perde 39% da água potável produzida (para cada 100 litros de água produzida no país, 39 não chegam formalmente a nenhuma moradia), o indicador para as 100 maiores cidades é 4 p.p. abaixo, ou seja, 35,66%. 79 dos 100 municípios perdem acima de 30% da água, com destaque para 7 deles com índices acima de 60%. Estas perdas são, na maioria das vezes, devido a vazamentos, furtos, roubos ou erros de medição.

Esses grandes municípios apresentam indicadores melhores do que a média nacional e, em 2019, investiram, juntos, 50% de tudo o que país colocou na infraestrutura de água e esgoto. Fazendo uma comparação dos indicadores, entre 2012 e 2019, a população com acesso à rede de água no país evoluiu timidamente (de 82,7% com acesso para 83,7%), assim como nas 100 maiores cidades (de 93,45% com acesso para 93,51%).

Em sete anos de comparação, o país saiu de 48,3% da população com rede de esgoto (2012) para 54,1% em 2019, enquanto nos 100 maiores municípios foi de 69,39% para 74,47%. O país tratava, em 2012, 38,7% do esgoto gerado e foi para 49,1% em 2019, enquanto nos maiores municípios o índice passou de 48,8% para 62,17%.

Nova metodologia do ranking

Como já é tradicional, o Trata Brasil e a GO Associados periodicamente consulta entidades do setor, autoridades, empresas operadoras e ONGs para aperfeiçoar a metodologia do Ranking. Desta vez, foram consultadas mais de 20 entidades em três meses de reuniões e consultas. Entre os consultados tivemos também técnicos da ANA, Ministério do Desenvolvimento Regional e até do Ministério da Saúde. Com isso, esse Ranking incorpora nova metodologia, o que deve ser considerado na hora de comparar a colocação das cidades com anos anteriores. O conteúdo pode ser visto no relatório completo disponível em www.tratabrasil.org.br .

Resultados

Olhando a colocação das cidades no Ranking, Santos (SP) manteve a 1ª posição (Figura 1), obtida já no Ranking 2020, seguido de Maringá (PR), Uberlândia (MG), Franca (SP), Limeira (SP) e Cascavel (PR). Já entre as piores cidades, pela primeira vez, Macapá (AP) obteve a pior nota, seguida de outros municípios que sempre ficam entre os últimos, tais como Porto Velho (RO), Ananindeua (PA), São João de Meriti (RJ), Belém (PA) e Santarém (PA). O Ranking completo está na página www.tratabrasil.org.br .

Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, chama atenção para o abismo que cada vez mais separa as cidades nas primeiras e nas últimas posições do Ranking. "Vimos com preocupação que os municípios mais bem colocados se mantém entre os que mais investem, enquanto as cidades que mais precisam evoluir persistem com baixos investimentos em água e esgotos. Se nada mudar, ampliaremos a noção de termos dois "Brasis" ... o dos com e o dos sem saneamento".

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