Luta contra a violência

"É preciso educação"

Diretora da Casa da Mulher Brasileira destaca avanços nas ações estratégicas, mas observa que a violência precisa ser combatida com conscientização social

Bruna Castelo Branco / Editora do Alternativo / Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Alojamento de passagem para vítimas, na Casa da Mulher Brasileira
Alojamento de passagem para vítimas, na Casa da Mulher Brasileira (dormitório de passagem Casa da Mulher Brasileira)

São Luís - No Maranhão, ações estratégicas são desenvolvidas. A Casa da Mulher Brasileira, em São Luís, e a Casa da Mulher Maranhense, em Imperatriz, por exemplo, foram criadas para oferecer atendimento humanizado a essas mulheres, que chegam geralmente machucadas e confusas.

A Casa da Mulher Brasileira agrega órgãos de proteção, como Defensoria Pública, Ministério Público, Patrulha Maria da Penha e Centro de Referência de Atendimento. Além disso, oferece brinquedoteca, biblioteca e cursos de capacitação, onde são trabalhadas questões de empoderamento e autoestima. O alojamento de passagem, reservado para receber vítimas de forma provisória, já abrigou, de 2019 até fevereiro deste ano, 378 pessoas, entre mulheres e seus dependentes.

De acordo com a diretora da Casa da Mulher Brasileira, Susan Lucena, o espaço trabalha a prevenção. “A Casa da Mulher Brasileira trabalha a punição de quem já cometeu os crimes, mas, também, prevenção e medidas protetivas de urgência. Há, ainda, a Patrulha Maria da Pena, o aplicativo Salve Maria, a tornozeleira, alojamento de passagem e mecanismos de segurança para a mulher. Até 2018, o homem descumpria e não havia penalidade para isso. A lei que criminalizou o descumprimento da medida protetiva de urgência foi criada em 4 de abril de 2018”, explica.

Na avaliação da diretora da Casa, a prevenção precisa passar por estratégias de educação. “Nós temos fechado o cerco para garantir proteção às mulheres, mas não é somente isto que resolve. Não é somente a punibilidade. É a educação nas escolas, a prevenção. É preciso fazer com que os homens repensem a masculinidade tóxica. Nós precisamos discutir os relacionamentos saudáveis, a comunicação não-violenta”.

A diretora da Casa da Mulher Brasileira acredita que, apesar dos desafios, há avanços que precisam ser considerados, a exemplo da Lei de Crime de Importunação Sexual, aprovada em setembro de 2019. “Antes, era contravenção penal chamada de importunação ofensiva ao pudor e a pena era multa. Hoje, é uma pena mais alta do que a Lei Maria da Penha”, pontua.

Sinais de alerta
Os casos de violência acontecem de diversas maneiras e em uma escalada gradativa: uma palavra ofensiva, um comentário desagradável sobre o corpo (disfarçado de brincadeira), uma crítica acerca da capacidade intelectual, ao comportamento, um empurrão, tapa e, nos casos mais graves, assassinato.

Lucena afirma que os abusos começam de forma sutil e que podem ser confundidos com proteção. “Quando o cara começa a cercear suas amizades, isso não é cuidado. Ele vai criando um terreno fértil para o relacionamento abusivo, de afastar da família, dos amigos, muda a forma de agir, os lugares que a pessoa frequenta, as roupas que a mulher usa. Muitas vezes, a mulher vai se adequando à vida do homem. Nessa adequação, ela perde um pouco de si para agradar ao outro, abrindo mão do que é seu e se anular na relação. Até que a gente compreenda o que é relacionamento abusivo, já passou por vários, sem perceber”, observa.

Ainda são raros os casos de registros de ocorrência de abusos psicológicos. Na maior parte das vezes, a mulher releva com a esperança de que a situação mude e acabe passando pelos estágios de violência, que vai da agressão verbal, física a estágios classificados como espirais de violência, pois, a cada momento, aumentam de intensidade.

SAIBA MAIS

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A Casa da Mulher Brasileira funciona 24 horas, na Avenida Prof. Carlos Cunha, no bairro Jaracati. Telefone: (98) 3198-0100

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