Vacinação contra a Covid-19

Apenas 0,2% das pessoas vacinadas sentiram efeitos adversos no MA

Dado obtido com exclusividade por O Estado é da Secretaria de Estado da Saúde (SES); apesar de poucas, reações à vacina contra a Covid-19 são registradas; especialistas orientam a população

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Profissional de saúde recebe segunda dose da vacina contra a Covid-19; poucas pessoas tiveram reações adversas
Profissional de saúde recebe segunda dose da vacina contra a Covid-19; poucas pessoas tiveram reações adversas (vacinação contra covid-19)

São Luís - Em nome da ciência e da proteção imunológica, desde o dia 19 do mês passado, a população maranhense (convocada a partir da segmentação de públicos considerados prioritários) comparece aos locais de vacinação, seja na capital ou no interior do estado, em busca da vacina contra o coronavírus.

Em São Luís, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), até o fechamento desta edição, 12.381 pessoas já receberam a segunda dose da vacina, iniciada com doses CoronaVac, distribuídas pelo Instituto Butantan. No entanto, alguns “privilegiados” alegaram ter sentido, após o reforço imunológico, algum tipo de efeito adverso, segundo denominação dos médicos.

Por esta razão, nos últimos dias, O Estado monitorou a movimentação no Centro de Vacinação, no Cohafuma, local apontado para a imunização na capital e constatou redução no atendimento nas últimas semanas. Na quinta-feira, 18, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), apenas 240 pessoas foram atendidas no local que chegou a registrar, somente em relação à segunda dose, 2.565 atendimentos como o índice registrado no dia 12 deste mês, três dias após o início da aplicação da dose extra no público.

A baixa na procura nos últimos dias pode estar relacionada, de acordo com a coordenação de imunização da pasta municipal, com o receio de algum sintoma no pós-vacina.

No entanto, de acordo com as autoridades públicas, o índice de pessoas que relataram sintoma após a segunda dose é mínimo. Dados obtidos com exclusividade por O Estado e fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontam que apenas 278 pessoas – ou 0,2% do público assistido e vacinado em todo o Maranhão – alegaram algum sintoma como febre, náusea, enjoo, tontura e/ou diarreia.

Especialistas apontam que estes e outros sintomas, mesmo diante de um imunizante ainda “desconhecido” quanto aos efeitos a médio e longo prazo são considerados normais. De acordo com o imunologista, Antonio Rafael da Silva, a população deve ficar tranquila quanto ao recebimento da segunda dose contra a Covid-19.

“As vacinas são produtos da avançada ciência com caráter humanitário. Ambas as vacinas, ou seja, a Coronavac e a de Oxford são seguras, induzem a proteção contra a doença, previnem as formas moderadas, graves e evitam a morte”, disse o médico.

Sobre como se portar no caso de efeitos adversos, o profissional aponta recomendações consideradas simples. “Caso apareça febre, tomar paracetamol ou outro antitérmico se a temperatura ultrapassar 38 graus. Se não, somente repouso”, disse o médico.

A recomendação do profissional é a mesma dos órgãos de controle. Em nota, a SES informou que a reação da vacina consta, em casos específicos, na “bula dos fabricantes” dos imunizantes, sendo aguardados sintomas considerados “leves”, como febre, náuseas, enjoos, tontura e diarreia.

Nestes casos, a orientação é procurar por uma das equipes de saúde dos municípios em unidades básicas. Na segunda-feira (15), a Prefeitura de São Luís entregou leitos para assistência de pessoas com síndromes gripais no Centro de Saúde José Carlos Macieira, na Avenida dos Africanos, no Sacavém.

No local, de acordo com dados da Prefeitura, o paciente é avaliado clinicamente e, dependendo dos sintomas, é remetido para o fluxo municipal de assistência a casos moderados ou graves. Além da assistência leve, o Município também oferta 50 leitos – sendo 10 de UTI e 40 de enfermaria no Hospital da Mulher, situado na Avenida dos Portugueses, em São Luís, em funcionamento.

Além destes, estão disponíveis outros 40 leitos, sendo 20 de UTI e outros 20 de enfermaria no Hospital Universitário, em parceria com a Prefeitura. Outros 30 leitos de retaguarda na Unidade Mista do Bequimão também são ofertados.

Apesar das providências tomadas e orientações divulgadas pela administração pública, pessoas que relataram efeitos adversos dividem suas angústias e esperam que a manifestação de sintomas seja normal, como alertam as instituições públicas.

Diferenças entre a primeira e a segunda dose
Mesmo sendo minoria, relatos acerca dos efeitos da segunda dose são registrados pelo Município de São Luís e Governo do Maranhão. A médica Rosana Castello Branco, tomou a segunda dose de vacina no dia 12 deste mês e percebeu efeitos em seguida. “Eu senti muita dor no braço e dor de cabeça, na verdade passei três dias com dor no braço. Senti muita dor de cabeça e dor no braço na segunda dose”, afirmou.

Após o período pós-segunda dose, a profissional realiza suas atividades diárias normalmente. “Depois deste período, parecia que não tinha acontecido nada”, disse.

Já a terapeuta ocupacional Angela Maria Cecim disse que o efeito pós-segunda dose ocorreu de forma imediata. “Tomei a segunda dose da vacina CoronaVac dia 10 deste mês e passei mal de imediato, com forte dor de cabeça e dor no corpo. Tomei uma medicação e fiquei de cama e nem fui trabalhar à tarde. Na quinta-feira seguinte, melhorei e na sexta-feira seguinte evoluí com sintomas gripais. Passei o fim de semana passado recolhida e percebi ausência de olfato”, afirmou.

No dia 15 deste mês, a terapeuta fez o teste de diagnóstico da Covid-19 e, para a sua surpresa, deu positivo. “Dia 15 agora fui a uma emergência e fiz o teste que deu positivo”, afirmou. Ela, que segue isolada e em tratamento, disse que buscará referência médica especializada para entender o que aconteceu.

Neste caso, os médicos não estipulam um consenso se, após a segunda dose, o organismo torna-se mais frágil ou não para o acometimento da doença. Para o médico epidemiologista Antônio Augusto Moura, a imunidade se efetiva da vacina entre 15 e 30 dias após a segunda dose. Neste caso, a terapeuta Angela Maria ainda estaria em fase de construção mais plena de sua barreira imunológica contra o coronavírus.

Segundo o médico, as vacinas são extremamente seguras. “As vacinas CoronaVac e AstraZeneca são muito seguras. Portanto, não há perigo alguma em recebê-las. Agora alguns efeitos colaterais leves podem ocorrer em alguns casos como febre baixa, dor no corpo, moleza e outros”, afirmou.

De acordo com o profissional, em caso de efeito adverso, basta tomar um remédio para dor ou febre. É importante frisar que os casos de diagnóstico da doença após a segunda dose são considerados raros e são passíveis de melhor estudo para entendimento de possível relacionamento entre os dois fatos (vacinação e comprovação da doença).

Quadro mais leve
Em geral, os efeitos no pós-vacina são vistos apenas na segunda dose. Na primeira, praticamente não foram constatados relatos de sintomas. A psicóloga Karina Marinho, disse que após a segunda dose sentiu apenas alguns efeitos. “Só dor de cabeça, que não me impediu que viesse trabalhar. Já tomei analgésico que foi prescrito pelo meu irmão que é infectologista”, disse.

De acordo com ela, a recomendação médica é de uso da vacina. “É extremamente positivo que possamos tomar esta vacina, para ficarmos protegidos”, afirmou.

SES
A SES também colocou à disposição dos municípios com menor taxa de vacinação profissionais de saúde do Estado para auxiliar na estratégia de vacinação contra a Covid-19. Atualmente, equipes da Força Estadual de Saúde do Maranhão estão na Regional de Saúde de Zé Doca para auxiliar municípios e Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), vinculado ao Ministério da Saúde, na imunização da população indígena.

A Secretaria reforçou que a orientação do Ministério da Saúde é para a distribuição das primeiras doses e retenção da segunda a fim de garantir que a população receba o esquema completo para garantir a eficácia da vacina. Na próxima semana, as últimas 46.900 doses serão distribuídas para os municípios concluírem o esquema de vacinação.

Quanto à recusa da população indígena à vacinação, a SES esclarece que tem realizado discussões técnicas com o DSEI para ampliar a imunização neste grupo que é vulnerável à Covid-19.

A secretaria ressaltou, também, que a obrigação para aquisição de vacinas é do Ministério da Saúde, que detém a coordenação do Programa Nacional de Imunização.

Por sua vez, o Governo do Maranhão destinou reserva de 50 milhões de reais para aquisição de doses e segue em diálogo com representantes de empresas farmacêuticas de todo o mundo na tentativa de adquirir vacinas para o estado.

Por fim, a SES comunicou que, até o momento, 278 apresentaram reação à vacina com sintomas alertados na bula dos seus fabricantes, sendo comum sintomas leves como dor no local da vacina, febre, cefaléia, náuseas, enjoos, tontura e diarréia, eventos que podem ser acompanhados pelas equipes de saúde dos municípios nas Unidades Básicas de Saúde. A Secretaria reforçou que os casos adversos são monitorados pelo Estado, por meio do sistema e-SUS Notifica.

Tira dúvidas sobre vacinação

O Estado, em seu papel de esclarecedor da informação, oferece ao leitor um tira-dúvidas com as respostas dos questionamentos mais recorrentes acerca da vacinação contra a Covid-19. As informações abaixo têm como base o parecer técnico da Secretaria Municipal de Saúde (Semus).

Pessoas com comorbidade e hipertensas. O que devem apresentar, quando for a etapa deste público, para poder imunizar?

Neste caso, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Semus), devem apresentar documento oficial com foto, CPF ou Cartão SUS. É preciso ainda apresentar a prescrição médica, que deve ser oferecida no ato da vacinação especificando o motivo da indicação da vacina.

Quando será a vacinação para públicos como hipertensos, diabéticos e em tratamento oncológico?

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informa que a vacinação das pessoas em tratamento oncológico já ocorre de forma gradativa no local em que a pessoa faz tratamento. Pessoas hipertensas e diabéticas serão vacinadas em posterior fase da campanha.

Neste momento, qual ou quais os públicos contemplados com a vacinação?

A Secretaria informa que estão sendo vacinadas as pessoas acamadas acima de 75 anos, ou seja, que não têm condições de locomoção. A vacinação destas pessoas ocorre em suas residências e mediante cadastro prévio na Plataforma Vacina São Luís, disponível no site da Prefeitura de São Luís. Além disto, profissionais de saúde que estão em segunda dose de vacinação também são imunizados no Centro de Vacinação. A retomada da vacinação dos idosos, por ora, depende de nova remessa de vacinas.

Pessoas que já se cadastraram na Plataforma Vacina São Luís precisam fazer um novo cadastro? Ou o cadastro inicial terá vigência?

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Semus), neste caso, a pessoa que já realizou o cadastro no sistema específico não necessita de nova validação dos dados. Se o cadastro foi confirmado, a orientação é aguardar pelo contato do Município e ficar atento (a) aos avisos de inclusão de grupos na campanha de vacinação que são divulgados diariamente nas redes sociais da Prefeitura de São Luís (Facebook, Twitter e Instagram).

Idosos que perderam a data de vacinação conforme cronograma devem ir se vacinar?

A tabela para a vacinação dos idosos específica (chamada de tabela aos retardatários) também está em fase de elaboração e será divulgada em breve.

Quando outros públicos serão vacinados?

A contemplação de outros públicos, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) depende de inclusão de novas doses de vacinação no setor de armazenamento específico da pasta municipal. A Semus reforça que a indicação destes públicos segue ordem preconizada pelo Ministério da Saúde.

Pessoa que sentiu sintoma gripal entre a primeira e a segunda dose deve ir tomar a vacina?

A recomendação, com base em preconização do Ministério da Saúde (MS), é de que a pessoa que sentiu sintoma gripal entre a primeira e a segunda dose deve aguardar por até 4 semanas após o início dos sintomas. Se isso ocorrer, é orientado que a pessoa procure o local de vacinação e faça a segunda dose após o prazo recomendado.

Profissional de saúde que tomou a primeira dose a partir de remessa e aplicação do governo estadual deve ir ao CMV para fazer a vacinação?

Não, se o profissional fez a primeira dose com o Estado, deve receber a segunda dose também a partir de corpo de profissionais do Governo do Maranhão, que possui remessa específica de vacinas.

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