408 anos

A dúvida do s ou z: história do topônimo da capital São Luís

Para sanar de vez o questionamento da grafia correta do topônimo São Luís, foi formada, na década de 1980, uma comissão que analisou e deu parecer sobre o caso

Carla Melo / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Casario colonial da cidade que celebra 408 anos
Casario colonial da cidade que celebra 408 anos (nome são luís )

São Luís - São Luiz ou São Luís? Nos primeiros anos de 1980, a forma correta da grafia do nome da cidade era assunto discutido entre cidadãos comuns e intelectuais que debatiam acerca do tema que, também antes, pairou sobre se Brasil deveria ser grafado com s ou com z. Se a contenda tomou maior vulto naquele momento, não foi ali seu nascedouro. Tradicionalmente, a grafia do topônimo sempre foi objeto de controvérsias. Assim, muita gente se envolveu com a questão, na busca de uma solução toponímica para a cidade brasileira com fama de seu português exemplar.

O assunto veio à baila de maneira mais contundente quando, no dia 8 de março de 1984, a Câmara Municipal de São Luís, por meio do Projeto de Lei nº 01/84 de autoria do então vereador e professor de português Ubirajara Rayol, determinou que o nome da capital seria São Luiz (com z). “O assunto, da especial predileção de nossa gente, logo passou a ocupar importantes e reiterados espaços nos comentários e noticiários dos jornais e da televisão, além de motivar as discussões de rua, entre habituais conservadores e simples passantes”, registrou o pesquisador e, na época, presidente da Academia Maranhense de Letras (AML), Jomar Moraes.

Não tardou para que a instituição, cumprindo um de seus papéis – o de zelar pela língua mãe – entrasse na questão. Desta forma, na sessão de 15 de março daquele ano, a AML acatou a sugestão do imortal Ivan Sarney de que se pronunciasse oficialmente sobre o tema. A ela caberia, não questionar a competência da Câmara de legislar sobre a questão, mas apontar a grafia correta do topônimo a partir de estudos e análises científicas.

Comissão

Assim, com a parceria da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), foram nomeados para compor a comissão que daria o parecer três acadêmicos também vinculados ao centro de ensino. Trataram-se do historiador e professor Mário Meireles (que assumiu a presidência da comissão) e dos jornalistas e poetas Manuel Lopes (nomeado relator) e José Chagas (membro).

Formada a comissão, foram então iniciados os trabalhos que se basearam em extensas pesquisas bibliográficas e cartográficas acerca da história da cidade, desde antes de sua fundação oficial. “As contradições na grafia do topônimo São Luís, verificadas em documentos vários e em obras de autores consagrados, saltam facilmente aos olhos”, diz trecho do parecer que aborda os aspectos histórico, tradicional, etimológico e ortográfico sobre a cidade.

A conclusão do documento explica ser de origem estrangeira o nome da capital (vem de Saint-Louis, apelido de Louis IX) e assim foi batizada a ilha em homenagem a Louis XIII. Além disto, traz referências históricas de documentos em que se grafa o nome da capital com s a exemplo de quando La Ravardière entregou aos portugueses o Forte de Saint-Louis; no auto do juramento do Maranhão à Independência e ao Império do Brasil; e que também está escrito com s nos mais primitivos mapas que se tem conhecimento.

“Dada, pois, a fundamentada exposição (…), é de parecer que, em verdade, se faz oportuna a uniformização da grafia do topônimo São Luís, mas registrando-o com s, e não com z, em respeito às razões históricas, tradicionais, etimológicas e ortográficas. É o parecer”. Diante de tal fato, passou então, e sem sombras de dúvidas, o nome da cidade a ser grafado conforme o parecer dos acadêmicos.

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