Analisada

Balneabilidade volta a ser divulgada e praias se mantêm impróprias

Técnicos da Sema coletaram água de 22 pontos da orla da Ilha, no período de 11 dias; laudos estavam suspensos por causa da pandemia

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Em março, quando foi suspenso o monitoramento e análise, com a pandemia, as praias já estavam impróprias
Em março, quando foi suspenso o monitoramento e análise, com a pandemia, as praias já estavam impróprias (Balneabilidade)

São Luís - Após quase cinco meses sem coleta e análise da balneabilidade na orla da Ilha, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) voltou a divulgar, no último dia 7, o laudo, referente a ação de monitoramento realizada no período de 24 do mês passado a 3 de agosto. A constatação foi de que todos os trechos de praias analisadas estão impróprias para o banho.

Segundo a Sema, foram coletadas e analisadas amostras de água de 22 pontos distribuídos nas praias da Grande Ilha. Somente na Ponta d’Areia, três pontos foram analisados, nas proximidades do Espigão, de condomínios residenciais, e na praça de apoio ao banhista. Na praia Ponta do Farol, apenas um ponto, próximo ao Farol.

Nas praias, que estão localizadas ao longo da Avenida Litorânea, sete pontos foram analisados, nas proximidades do bar do Chefe, do Batalhão Marítimo dos Bombeiros, ao heliporto, do parquinho, elevatória da Caema, pousada Vela Mar e a pousada Suíça. Enquanto, no Olho d’Água, os técnicos da Sema coletaram água do mar nos pontos próximos à descida da rus São Geraldo, elevatória Iemanjá e antes das falésias.

Na praia do Meio, a coleta da água do mar foi feita em dois pontos, em frente ao Kactus bar e do Capiau. No Araçagi, foram próximo à descida principal da praia e em frente ao bar da Atalaia. Também foram feitas coletas em pontos das praias do Porco e Mangue Seco.

Coletas
O penúltimo laudo de balneabilidade das praias da Sema foi divulgado no dia 20 de março deste ano, período do início da pandemia da Covid-19, e já havia constatado que as praias da Região Metropolitana de São Luís estavam impróprias para o banho.

De acordo com a Sema, o laudo era referente à ação de monitoramento realizada no período de 17 de fevereiro deste ano até 17 de março, quando foram analisadas amostras de água de 21 pontos distribuídos nas praias da Ponta d’Areia, São Marcos, Calhau, Olho d’Água, Praia do Meio e Araçagi.

Ainda segundo a Sema, a ocorrência de chuvas influencia negativamente na qualidade das águas das praias, considerando que ocorre maior carreamento de matéria orgânica oriunda da lavagem das vias públicas para os rios e, consequentemente, para os mares.

Monitoramento
O monitoramento da Sema obedece aos padrões do Conama nº 274/00, segundo a qual, a água das praias é considerada própria quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras, obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, e colhidas no mesmo local, houver no máximo 100 Enterococos/100 mL (NMP – Número Mais Provável) ou 800 Escherichia coli/100mL.

A água das praias é considerada imprópria quando não atender aos critérios anteriores, ou quando o valor obtido na última amostragem for superior a 400 Enterococos/100 mL (NMP) ou a 800 E. Coli/100mL. A Sema ainda usa o indicador microbiológico enterococos com maior frequência por ser o mais restritivo.

Recentemente começou a usar E. coli para evitar vencimento de validade do reagente Colilert 18. A secretaria monitora os 21 pontos P1 ao P11 às quartas-feiras, aos sábados e domingos desde 2015, objetivando assegurar as condições de balneabilidade das praias em estudo.

Desobedecendo
Mesmo com as placas informando que a praia está imprópria para o banho, há pessoas que teimam em entrar no mar. Ontem, havia pessoas praticando surfe na praia do Calhau, enquanto, outros tomavam banho de mar. Na areia era possível encontrar lixo espalhado, principalmente, nas proximidades de bares. “Estou aproveitando minha folga para tomar um banho de mar, mas, não prestei atenção para a placa dizendo que estava imprópria”, disse a auxiliar de administração, Sílvia Almeida, de 34 anos.

Carlos Antônio de Sousa, de 28 anos, declarou que olhou a placa de imprópria ao banho. “Olhei a placa, mas a pessoa vir à praia e não tomar um banho de mar é complicado. A água estando poluída, acaba tendo a possibilidade de o banhista adquirir uma micose ou infecção intestinal. Este é o perigo”, comentou.

Também havia uma pessoa pescando na foz do Rio Calhau e era possível observar que a água estava escura no local. Os profissionais da área ambiental denominam esse fenômeno como “Língua Negra”, resultado ao despejo de água de esgoto in natura.

A primeira vez que esse rastro de poluição ocorreu nesse rio foi no ano 2015 e voltou em março de 2016, repetiu-se em novembro e no início do ano de 2017. Em janeiro e setembro de 2019, foi observado mais uma vez essa problemática.

Aglomerações na pandemia
Mesmo vivendo o período de pandemia devido a Covid-19 e a necessidade de isolamento social, é comum encontrar aglomerações de pessoas na orla da Grande Ilha, principalmente, durante os fins de semana.

No começo da semana circulou um vídeo na rede social que aparecem várias pessoas participando de uma festa, com o som automotivo na areia da praia do Meio, em São José de Ribamar. Não estavam respeitando a medida de distanciamento social e a maioria delas não usava máscara.

Ainda no mês passado, foi posto na internet outro vídeo, que exibia várias pessoas realizando uma roda de pagode na Península da Ponta d’Areia. A Vigilância Sanitária esteve no local e interditou pontos comerciais da localidade. Na Praia da Guia também já houve registro de aglomeração durante o período de pandemia, mas a Polícia Militar foi acionada.

SAIBA MAIS

Água imprópria para o banho

  • Valor da amostragem for superior a 2500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos por 100 mililitros. Os coliformes fecais indicam a presença de outros organismos causadores de problemas para a saúde; enquanto a Escherichia coli e os enterococos podem causar infecções no corpo humano.
  • Incidência elevada ou anormal de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias.
  • Presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários.
  • Óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação.
  • PH menor que 6,0 ou maior que 9,0 (águas doces), à exceção das condições naturais
  • Floração de algas ou outros organismos

NÚMERO

22 trechos de praias da Grande Ilha foram analisados e todos estão impróprios para banho

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