Para passar de ano

Avanços e desafios da educação a distância em tempos de Covid-19

Professores e alunos falam sobre processo de adaptação ao novo modelo de aulas que muitas escolas e universidades adotaram na pandemia, na capital

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

[e-s001]São Luís – Que o modelo de educação a distância (EaD) é uma realidade para a maioria dos estudantes durante a pandemia do novo coronavírus, todo mundo já sabe, no entanto, muitas questões se levantam quanto a esse tipo de ensino, que alguns amam e outros odeiam. Recentemente, algumas escolas e universidades da rede privada de ensino retomaram as aulas de forma híbrida, revezando aulas presenciais e online. O Estado, conversou com alunos e professores que precisaram se adaptar ao novo formato, e todos os dias descobrem novidades sobre a experiência de ensinar de longe.

Todos os alunos e professores entrevistados ressaltaram qualidades e defeitos do método, mas os discentes frisaram, principalmente, as dificuldades de aprendizado e de concentração durante as aulas online. Os docentes, que conversaram com a reportagem, acreditam que o formato possibilita uma relação diferente com os professores, e com o ato de aprender, já que afirmam estar mais disponíveis nesse modelo de ensino, quanto a tirar dúvidas dos estudantes.

Em escolas
Um aluno de uma escola da rede privada, localizada no bairro Araçagi, cursa o 1° ano do ensino médio, e contou que não tem uma boa experiência com o EaD, ele não quis se identificar. “Querendo ou não, em casa você perde a concentração na aula. Fica preguiçoso, acorda tarde, não fica com vontade de fazer os exercícios. As provas são as piores porque você não está sendo avaliado, já que temos total liberdade de pesquisar. No fundo ninguém gosta da famosa aula online, já que não se aprende quase nada, e o que consegue aprender, logo esquece. No começo eu até me esforçava, assistindo todas as aulas e fazendo todos os exercícios, mas chega um momento que você fica cansado de tantas atividades que os professores mandam”, desabafou.

Nayme Cidreira, cursa o 2° do ensino médio, e afirmou que seu rendimento caiu durante o período que vem usando o modelo de educação à distância. “É muito difícil para mim, meu rendimento caiu durante esse tempo que a gente está em casa, de quarentena. Mas, minha escola vem se esforçando para tentar melhorar nosso ensino, porém, continua sendo complicado, assim como o meu rendimento, o rendimento dos meus colegas também caiu muito, às vezes a plataforma têm problemas. É realmente muito chato, aprender a conviver com essa situação, mas eu particularmente, não quero que fique assim”, afirmou Nayme Cidreira, de 16 anos.

Em universidades
Para os alunos que cursam o ensino superior, a opinião sobre o formato de aulas online não é muito diferente, Bruno Gabriel Fernandes, acabou de iniciar o 4° período no curso de Publicidade e Propaganda. Ele contou, que esperava que, por sua área ser a comunicação e ter muito conteúdo teórico, a adaptação fosse mais tranquila. “Quando começou tudo isso de EaD, eu achei que não iria me afetar tanto quanto outros cursos que têm mais aulas prática, etc., mas, estou indo para o segundo semestre em EaD, e o impacto no meu aprendizado foi notório”, destaca.

“Até as cadeiras teóricas que, em base, eram para ser mais tranquilas, sendo em EAD, tenho dificuldade de absorver tudo o que poderia absorver presencialmente. Falo por mim e meu círculo de amizade, que tem esse mesmo pensamento. Não culpo professores ou instituições, mas sim o modelo, que, para mim não é tão eficaz, mas nessa situação, tive – estou tendo – de me adaptar diariamente”, lamentou.

[e-s001]Para Milena Carvalho, que cursa nutrição em uma universidade particular da capital, a culpa é em grande parte da instituição. “Bom, a minha instituição, só me provou o quanto visa apenas, a lucratividade. Os professores vêm se esforçando cada dia mais para conseguir dar um suporte adequado, mas, até eles, estão aprendendo a se adaptar com esse novo modelo de ensino e de tecnologia”, ressaltou.

Para os professores
O professor William Martins, ensina matemática em uma escola da rede privada, localizada no Renascença. Faz uma comparação entre a situação na rede pública e na rede privada de ensino, já que ele leciona nas duas realidades. “Enquanto na rede privada os alunos já estavam habituados com o uso da tecnologia – eles têm acesso mais fácil aos recursos tecnológicos que são utilizados durante a aula – os da rede pública não têm isso com tanta facilidade”, frisou.

O professor contou que no começo, os alunos não estavam acostumados a ter aula nesse formato. “Com o passar do tempo, tornou-se um desafio para gente, que é professor, ao meu ver, a adaptação dos professores foi mais difícil”, refere-se William Martins, aos professores de mais idade, que não possuem tanto conhecimento dos aparatos tecnológicos necessários.

“As escolas ofereceram treinamentos exaustivos em relação a utilização. A gente tem uma aula que agora é diferenciada, a gente está exposto, as famílias têm acesso às aulas com facilidade”, relatou o professor.

Matheus Alves, é biólogo e atua como professor da área da saúde em uma universidade privada, e disse que no início os alunos ficaram preocupados, já que muitos viajaram para o interior, então, para ele, o problema maior do EaD, é o acesso à internet. “Os professores, a priori, tiveram um pouco de dificuldade em relação aos sistemas de informação que seriam utilizados, e como teria que ser feito. Porque precisamos adaptar nossa casa, ter um espaço específico, comprar equipamentos, e também a questão de disponibilizar a imagem, mas depois conseguimos”, comentou.

SAIBA MAIS

Distrações

O Estado, perguntou aos alunos, sobre as possíveis distrações que ocorrem durante a aula em EAD. “A distração é inevitável, porque o ambiente em casa nunca vai ser o mesmo de uma sala de aula. Sofro um pouco ainda, mas tento contornar o máximo que consigo”, afirma, Bruno Gabriel Fernandes.

Milena Carvalho, diz que tentou se organizar. “No quesito distração eu sempre opto por organizar os horários certinhos para cada aula, e disciplina. Porém, sempre tem alguém que esquece o microfone ligado, cachorro, ou alguém da família do professor chegar, ou até mesmo a minha conexão de internet cair”, ressaltou.

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