Saúde

Fitoterápicos: aumenta procura por remédios para ansiedade em SL

Nas farmácias da capital as pessoas têm comprado muitos medicamentos que aliviam os sintomas da ansiedade, devido ao isolamento social

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Medicamentos à base de vegetais aliviam a ansiedade e são os mais procurados durante a pandemia
Medicamentos à base de vegetais aliviam a ansiedade e são os mais procurados durante a pandemia (remédios fititerápicos)

A pandemia da Covid-19 está causando muito mais do que problemas fisiológicos, que se manifestam a partir dos sintomas, como febre, dor de cabeça e tosse seca, em um nível mais leve da doença. Com o contexto de distanciamento social, muitas pessoas estão sofrendo, também, complicações emocionais, que estão diretamente relacionadas às reações do Sistema Nervoso Simpático. Devido a essa realidade, que afeta as várias faixas etárias, a demanda por medicamentos fitoterápicos para ansiedade aumentou na região metropolitana de São Luís.

Como verificou O Estado em algumas farmácias da capital maranhense, a saúde mental está sendo prejudicada, de fato, nessa pandemia. No bairro São Francisco, esses estabelecimentos detectaram uma maior procura por medicamentos para aliviar os sintomas da ansiedade, que incluem aumento da frequência cardíaca (taquicardia), dor no peito, dor na barriga ou diarreia, tonturas e sensação de morte. Por causa dessa demanda, alguns fitoterápicos (aqueles que são obtidos a partir de derivados vegetais) estão desaparecendo rapidamente das prateleiras.

Em uma das farmácias visitadas por O Estado, a atendente disse que os principais fitoterápicos que estão vendendo mais são Maracugina, Seakalm, Calman e Valeriane. Os preços desses medicamentos variam de R$ 19,00 a R$ 62,00. A venda é facilitada, porque não precisam de prescrição médica, ao contrário dos ansiolíticos e antidepressivos, que são utilizados na Psiquiatria e Neurologia para o tratamento de problemas relacionados à saúde mental, como depressão e transtorno do pânico, dependendo do diagnóstico do paciente.

“Como esses antidepressivos precisam de receita médica, a procura é menor. E, também, porque houve uma queda nas consultas presenciais com alguns profissionais, como psiquiatras, que estão mais atuando no atendimento virtual”, explicou a atendente da farmácia. Esse alto índice de pessoas emocionalmente frágeis na pandemia mostra o quanto o ser humano está necessitando de bases sólidas para a saúde mental, que é um estado completo de bem-estar biopsicossocial.

Ademais, saúde mental é um conceito que remete a um conjunto de características que nos dão, de maneira geral, um equilíbrio emocional.

Pesquisa nacional

Recentemente, o Ministério da Saúde (MS) divulgou um estudo do segundo ciclo do Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico Covid-19 (Vigitel). Foram entrevistadas mais de 2 mil pessoas no Brasil. O resultado mostrou que 41,7% dos indagados apontaram distúrbios do sono, como dificuldade para dormir mais do que o de costume, e 38,7% relataram falta ou aumento de apetite. E outros 87,1% disseram que precisaram sair de casa ao menos uma vez na semana anterior à data da entrevista.

A pesquisa, que servirá para que o Ministério da Saúde apure como o brasileiro está enfrentando a pandemia, descobriu que 35, 3% alegaram ter falta de interesse em fazer suas coisas rotineiras; 32,6% disseram se sentir para baixo ou deprimido; 30,7% disseram que estão cansados, com pouca motivação para realizar as tarefas cotidianas. Outros 17,3% descreveram lentidão para se movimentar ou falar, ou que estavam inquietos e agitados. E 16,9% relataram sentir dificuldade para se concentrar nas coisas.

A pesquisa mostrou, ainda, que 15,9% disseram se sentir mal consigo mesmo ou que decepcionaram pessoas queridas. Para o Diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância em Doenças Não Transmissíveis, Eduardo Macário, a questão da saúde mental é muito importante e merece atenção especial. “Eventos relacionados à saúde mental muitas vezes são colocados de lado numa situação como a que estamos vivendo. Mas é fundamental serem monitorados e acompanhados”, pontuou ele.

Importante destacar que o segundo ciclo da pesquisa Vigitel Covid-19 foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre os dias 25 de abril e 5 de maio deste ano, e entrevistou 2.007 pessoas com 18 anos de idade ou mais, em todo o país. O monitoramento sistemático dos riscos em saúde pública auxilia os gestores na adoção de medidas, de modo a reduzir o número de pessoas afetadas.

De acordo com a coordenadora-geral de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, Luciana Sardinha, os dois ciclos da pesquisa foram muito importantes para o monitoramento do cenário atual. “Essa pesquisa é muito oportuna para o momento que estamos vivendo. Os resultados que obtivemos com ela vão nos ajudar a entender de que forma a população brasileira está enfrentando a pandemia”, esclareceu ela.

SAIBA MAIS

Recomendações da OMS

Com a pandemia do novo coronavírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está realizando uma campanha global acerca da doença, que foi classificada como emergência de saúde pública de interesse internacional. Nesse sentido, o Departamento de Saúde Mental e Uso de Substâncias, da referida entidade, elencou algumas recomendações para proteger a mente das pessoas, para que não adoecessem, também, no aspecto emocional, além do aspecto fisiológico, atingido diretamente pelos sintomas da Covid-19.

A OMS, então, mencionou 31 pontos, para a população em geral, além de profissionais de saúde, gerentes de unidades de saúde, prestadores de cuidados infantis, idoso, pessoas em condições de saúde pré-existentes (comorbidades) e aquelas que estão isoladas, para tentar conter a propagação da pandemia. Dentre as lições frisadas pela Organização de Saúde, uma diz o seguinte: “seja empático com todos aqueles que são afetados, dentro e provenientes de qualquer país”.

A entidade pede que as pessoas procurem atualizações de informações apenas de fontes confiáveis e em horários definidos uma ou duas vezes por dia. Conforme a OMS, o repentino e quase constante fluxo de notícias sobre um surto pode deixar qualquer um preocupado. Por este motivo, o recomendável é que a população trabalhe com fatos, e não com rumores, boatos ou desinformação.

A OMS diz que os sites e as plataformas das autoridades locais de saúde podem ajudar a separar os fatos das especulações. Outro ponto mencionado pela Organização Mundial de Saúde é a ajuda ao próximo, que protege a saúde mental. Isso significa, dentre outras ações positivas, telefonar para os vizinhos ou membros da comunidade que possam precisar de assistência extra nessa pandemia, por conta das limitações relacionadas ao grupo de risco ou casos reais de contaminação.

“Trabalhar juntos como uma comunidade pode ajudar a criar solidariedade na abordagem à Covid-19”, pontuou a OMS.

Profissionais de saúde
Conforme a OMS, os profissionais de saúde devem ser honrados, pelo papel que desempenham para salvar vidas e manter as pessoas em segurança. Médicos, enfermeiros, maqueiros, técnicos em radiologia e outros que trabalham em hospitais podem se sentir pressionados durante esse momento crítico, o que pode gerar estresse, um dos fatores para transtornos de ansiedade, como o transtorno do pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e agorafobia (medo crônico de sair de casa para ambientes públicos).

Sendo assim, a Organização solicitou que os profissionais de saúde descansem o suficiente, comam alimentos saudáveis, pratiquem atividades físicas e mantenham contato com familiares e amigos, para que sustentem a saúde mental, ainda mais em um contexto marcado pelo medo de ser infectado ou de contaminar outras pessoas. “Este é um cenário único e sem precedentes para muitos trabalhadores, principalmente se eles não se envolveram em respostas semelhantes”, destacou a OMS.

Para a OMS, a proteção dos profissionais de saúde contra o estresse crônico não afeta, negativamente, no desempenho de suas funções.

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