Mistério

Desaparecimento policiais completa 3 anos e 6 meses sem solução

Os dois PMs desapareceram no dia 17 de novembro de 2016, para uma missão desconhecida e envolta em mistérios

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Júlio César da Luz Pereira e Carlos Alberto Constantino seguem desaparecidos
Júlio César da Luz Pereira e Carlos Alberto Constantino seguem desaparecidos (POLICIAIS DESAPARECIDOS )

SÃO LUÍS - No próximo dia 17 de maio, serão completados 3 anos e 6 meses do desaparecimento do cabo Júlio César da Luz Pereira e do soldado Carlos Alberto Constantino Sousa, policiais que simplesmente sumiram na cidade de Buriticupu/MA, em 17 de novembro de 2016. Até o momento, eles nunca foram encontrados, apesar de a família dos dois militares tivesse pedido auxílio até na Organização das Nações Unidas (ONU) e em vários órgãos, bem como na imprensa.

Os dois policiais foram vistos pela última vez no dia 17 de novembro de 2016, em uma caminhonete Triton L200 de cor preta, que pertencia ao soldado Alberto, em um posto de combustível na cidade de Buriticupu, após o cabo Júlio César ter saído de um veículo Toytota Corola prata. Na época, o coronel Markus Lima, então responsável pelo Comando de Policiamento de Área do Interior 3 (Cpai 3), comentou que eles teriam saído para uma missão desconhecida, que não teria autorizada pelo chefe imediato.

Um dia antes do desaparecimento, Alberto compareceu pela manhã ao quartel da 14ª Companhia Independente de Buriticupu, mas não cumpriu todo o expediente, pois saiu, por motivo desconhecido, mais cedo do serviço. Na data seguinte, ele não apareceu no trabalho, embora estivesse escalado para atuar no plantão. Já o cabo usufruía de uma licença médica, mas era lotado na cidade de Estreito/MA.

Investigação da SHPP

Na época, uma equipe da Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) foi designada para atuar exclusivamente nesse caso, por meio da delegada Nilmar da Gama Rocha. A Superintendência de Polícia Civil do Interior (SPCI) também acompanhou a situação. Apesar dos esforços, os PMs nunca foram encontrados, ou seja, seus paradeiros são desconhecidos.

Três policiais militares, sendo um tenente e dois soldados, chegaram a ser capturados como suspeitos, em cumprimento a mandado de prisão preventiva e temporária, mas foram soltos em 2018.

Carro incendiado

Na manhã do dia 22 de novembro de 2016, perto das 11h, a Central de Operações da PM (Copom) recebeu uma informação de que dois corpos foram achados às margens de uma estrada vicinal, na cidade de Arame. Porém, equipes do Cpai 3 deslocadas ao local não encontraram nenhum cadáver. As buscas aos PMs desaparecidos continuaram, com uma grande quantidade de policiais de várias cidades participando das incursões.

Dias após o sumiço dos PMs, denúncias anônimas levaram as forças policais ao Assentamento Siquel, situado no município de Arame. Em um trecho do local, foi encontrada a L200 preta do soldado Alberto, mas nada que pudesse sugerir para onde os dois policiais foi detectado no carro. Passado esse tempo, outro veículo, modelo Hilux, foi localizado queimado dentro de um matagal, na área de uma fazenda situada entre Pastos Bons e Nova York, no sul do Maranhão, na manhã do dia 12 de janeiro de 2017.

No interior da caminhonete, peritos do Instituto de Criminalística (Icrim) recolheram um crânio humano. Houve rumores de que o osso localizado seria pertencente a um dos policiais desaparecidos, mas nada foi confirmado ou esclarecido.

Familiares revoltados

Inconformados com o andamento das investigações, familiares dos dois policiais pediram auxílio de deputados estaduais, na Assembleia Legislativa, em São Luís, em abril de 2017, para que o caso fosse logo elucidado, a fim de que a angústia acerca do que aconteceu com eles terminasse. Os parentes foram ao local trajando camisas personalizadas com fotos dos desaparecidos e com frases que pediam celeridade na apuração do sumiço e valorização dos PMs.

Durante a passagem dos familiares à capital maranhense, eles também anunciaram que iriam pedir apoio da Organização das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos (OEA). Dentre os parentes que compareceram à Assembleia Legislativa, estavam Josefa Freire e Joana Constantino, mães do cabo César e soldado Alberto, respectivamente.

Os familiares ainda recorreram à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional maranhense (OAB/MA) e ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.

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