Coronavírus

Maranhão registra colapso de leitos de UTIs na rede privada, afirma entidade

Levantamento da Confederação Nacional de Saúde aponta seis estados com sobrecarga de atendimentos e ocupação de leitos devido à Covid-19

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Maranhão tem taxa elevada de saturação de leitos de UTI na rede de saúde privada
Maranhão tem taxa elevada de saturação de leitos de UTI na rede de saúde privada (utis colapso)

A pandemia do novo coronavírus está tornando a situação difícil em vários setores da sociedade. Uma das preocupações é com a economia, devido à queda na receita. Porém, o sistema de saúde também está no mesmo patamar, uma vez que, quanto mais pessoas são internadas por conta da Covid-19, mais sobrecarregados ficam os hospitais. De acordo com a Confederação Nacional de Saúde, seis estados do Brasil já vivem um colapso na rede particular no que tange à disponibilidade de leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), incluindo o Maranhão.

Essa situação de colapso, segundo Breno Monteiro, presidente da Confederação Nacional de Saúde, além do Maranhão, também está acontecendo em Pernambuco, Amazonas, Pará, Ceará e Rio de Janeiro. Ele frisou que esse momento crítico afeta não apenas o setor privado, como o público. Por este motivo, em sua opinião, contratar leitos de UTI particulares já não se apresenta mais como uma alternativa para conter essa crise.

Esse colapso também coloca em risco médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, maqueiros, técnicos em radiologia e outros, que ficam na “linha de frente” nessa pandemia. No Maranhão, a Covid-19 já contaminou 606 profissionais de saúde, com registro de 11 óbitos. Todavia, 531 se recuperaram.

Situação no Maranhão

Conforme o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES), já são 5.389 casos confirmados do novo coronavírus no Maranhão. Na capital maranhense, a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva, no Sistema Único de Saúde (SUS), está em 95,65%, de um total de 161 leitos existentes. Os ocupados são 154, ou seja, quase a totalidade, pois apenas 7 ainda estão livres.

Com relação aos leitos clínicos, a taxa de ocupação está em 93,45%, de um total de 351 existentes. Isso significa que 328 possuem pacientes sendo tratados da doença. Outros 23 continuam livres. No interior maranhense, a ocupação é de 48,15% nas UTIs. Já no que se refere aos leitos clínicos, essa taxa é de 32,14%, de acordo com o boletim da SES.

Situação difícil

Segundo críticas do presidente da Confederação Nacional de Saúde, as autoridades estão oferecendo soluções mágicas para questões complexas. De acordo com suas declarações, no mundo real, a gestão compulsória dos leitos não teria o condão de resolver de fato o problema da escassez de leitos, que está afetando tanto hospitais públicos como privados. Por outro lado, teria o poder de levar o caos a todo o sistema privado de saúde, responsável por atender ao SUS e a 47 milhões de brasileiros que pagam mensalmente pelo direito a este serviço.

“O ponto de partida para analisar a situação é o fato de que o sistema brasileiro de saúde, como um todo, incluindo os hospitais públicos e privados, não está preparado para atender a uma demanda tão grande e tão concentrada de pacientes da Covid-19, cujo tratamento exige longos períodos de internação”, pontuou Breno Monteiro. Ele relembrou que, no Brasil, o total descaso histórico com a rede privada de hospitais contribuiu para a perda, desde 2010, de mais de 34 mil leitos, sendo 11 mil deles somente no Rio de Janeiro. Dentre essas unidades hospitalares que faliram, 50% atendiam ao SUS e hoje mais de 57% ainda atendem.

“Na verdade, a triste constatação de que nenhum sistema estava preparado para enfrentar a Covid-19 foi feita, sem exceção, por todas as nações que nos precederam no enfrentamento da pandemia. Mesmo as mais ricas e desenvolvidas se depararam com a insuficiência de leitos e falta de respiradores”, declarou o presidente. Breno Monteiro destaca que não faz sentido buscar uma solução para a crise de saúde recorrendo a medidas de força.

Ele ressaltou que a iniciativa privada é uma aliada fundamental nesse momento de pandemia. “Em lugar de fragilizá-la, o melhor é encontrar caminhos para fortalecer a aliança do setor público com o setor privado, mobilizar as suas forças em favor da saúde, com a ampliação efetiva de leitos. Por isso, a proposta da CNSaúde e de outras entidades do setor é que se estabeleça um plano de reativação dos milhares de leitos públicos e filantrópicos no país”, enfatizou.

Coronavírus no Maranhão

Na quarta-feira, 6, foram registrados mais 361 novos casos de Covid-19 no estado, o que elevou a quantidade total para 5.389. O número de óbitos decorrentes da doença também aumentou, com 305 mortes. Dentre as últimas vítimas, apenas uma não tinha comorbidades. As outras estavam com quadros de hipertensão arterial, diabetes, obesidade, doença renal crônica, doença respiratória, Acidade Vascular Cerebral (AVC) e outras.

E ainda há 8.077 casos suspeitos do novo coronavírus no Maranhão. São Luís lidera o ranking com 3.531 contaminados. A faixa etária dos 30 aos 39 anos está sendo mais afetada nas infecções, com 1.379. Por outro lado, no que se refere aos óbitos, as pessoas com mais de 70 anos estão sofrendo mais, como mostra o boletim epidemiológico da SES.

A Secretaria também mostra que a maioria dos mortos tinha hipertensão arterial. Depois, vêm os que possuíam diabetes, cardiopatia e doença renal crônica. Apenas 19% das vítimas não tinham comorbidade.

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