Entrevista/ Plínio Tuzzolo

"Os desafios da saúde são hercúleos em tempos de pandemia"

Diretor geral do Hospital dos Servidores diz que, entre outras medidas adotadas, foi preciso fazer novas contratações e ampliar horas extras para conseguir atender aos pacientes com humanização

Evandro Júnior/ Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Plínio Tuzzolo  fala sobre os desafios da profissão
Plínio Tuzzolo fala sobre os desafios da profissão (plínio tuzzolo)

SÃO LUÍS- “Estou experimentando o maior desafio coletivo de minha carreira, toda ela dedicada à saúde”. A frase é do administrador Plínio Tuzzolo, diretor geral do Hospital dos Servidores (HSLZ). Paulista de nascimento e maranhense de coração, ele, que ano passado recebeu o título de “Cidadão de São Luís”, completará duas décadas morando na capital, mas, por hora, está mais preocupado com a crise sanitária e só pensa em agir para amenizar o sofrimento da população.

Tuzzolo, que comanda ainda o Centro Ambulatorial Diagnóstico Holandeses, o Cartão Assistencial SINCS e a Rede de Clínicas Dignus, diz que o momento é preocupante, haja vista o crescimento ascendente de pacientes com Covid-19 no Maranhão e a possibilidade de aumento dos casos de forma exponencial nas próximas semanas.

“Todos estão dando o seu máximo, governo estadual e prefeituras, bem como as redes públicas e privadas de saúde. Mas se trata de uma crise sanitária sem precedentes, e só a venceremos se fizermos a nossa parte com o máximo de empenho”, frisa.

O administrador é da opinião de que de nada adiantará o aumento progressivo de leitos e hospitais se a população não fizer a sua parte e continuar a disseminar o vírus sem o devido isolamento necessário. Sua recomendação é válida, pois mesmo com o trabalho contínuo de ampliação de hospitais públicos, via locação de unidades ou construção de hospitais de campanha, a situação segue grave em todo o Brasil.
“Falta tudo para todos. Não apenas leitos e insumos médicos, mas também profissionais. Muitos que estão combatendo essa guerra na linha de frente já foram contaminados. Os que ainda estão bem trabalham dobrado, no limite da exaustão. No HSLZ, a exemplo de outros hospitais, também precisamos fazer novas contratações e ampliar horas extras para conseguir atender aos pacientes com humanização e dentro das possibilidades que o momento permite”, desabafa.

Mas em momentos difíceis como esse, a figura do líder conta bastante, pois é ele quem imprime otimismo e confiança. E essa postura de motivar e unir a equipe tem sido observada em Plínio Tuzzolo. Ele pegou para si a missão de orquestrar um grande time de profissionais multidisciplinares, tarefa ainda mais complexa em tempos de pandemia.

“Sempre digo que a gestão hospitalar é uma das estruturas mais complexas da administração: exige muito profissionalismo, conhecimento continuamente reciclado, tecnologia de ponta e foco na meritocracia e na valorização das pessoas. Mas em uma pandemia inédita como essa, a complexidade é desafiadora. Porém, sou um otimista por natureza, que sempre busca as lições a serem aprendidas nas crises e procura crescer, profissional e pessoalmente”, confessa.

Patriotismo
Outra forte motivação que o faz seguir em frente com entusiasmo é o seu extremo patriotismo. “Sempre procuro contribuir para o engrandecimento da minha pátria: do Brasil e do Maranhão. Amo essa terra e dou o meu máximo para ajudar a desenvolvê-la dentro dos meus limites. Esse é um propósito de vida mesmo”, diz.

Exemplo dessa vontade de ajudar e servir é a “Campanha de Doação de Sangue do Grupo Mercúrio”, ação de solidariedade implantada por ele e realizada anualmente com apoio de parceiros e que já se consolidou como a de maior volume de bolsas de sangue arrecadadas pela iniciativa privada no Maranhão.

Para Tuzzolo, talvez a maior lição de toda essa crise seja a necessidade de maior valorização dos profissionais multidisciplinares que formam os times do sistema de saúde, seja público ou privado.

“É nessa hora de pandemia que observamos grandes profissionais se tornarem verdadeiros gigantes. Isso inclui não apenas médicos, mas também enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de higienização e limpeza, profissionais administrativos e de TI, maqueiros, motoristas, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, farmacêuticos, profissionais de hotelaria, almoxarifado e ouvidoria, além de coordenadores e diretores. Eles, aqui e no mundo, são os verdadeiros heróis que estão garantindo a sobrevivência humana no planeta. Não é possível que se passe por uma crise dessa e não se reconheça esse esforço e o quanto eles merecem mais respeito e valorização, bem como melhores condições de trabalho”, reivindica.

Segundo Plínio, não haverá como voltar a “ser como antes”. Nem as pessoas, nem a sociedade. A tendência é a profunda mudança econômica, de comportamento social e principalmente de valores. “Precisamos ver além, acreditar que esse pesadelo de hoje será ensinamento amanhã. E para o futuro, quero acreditar que seremos mais humanos, levaremos conosco essa união de agora, essa empatia e a vontade de ajudarmos uns aos outros”.

O executivo, que é apaixonado pela música clássica, compara a crise atual a uma bela e completa sinfonia. “Haverá momentos graves, de tensão maior, mas haverá acordes mais brandos, belos e suaves, os dias em que venceremos tudo e finalmente poderemos olhar para trás e ver que construímos juntos um novo futuro. Todos estamos fazendo história nesse momento. Logo, é preciso escolher bem o papel de cada um agora. Deixar desavenças e diferenças de lado, e focar na união, na superação, no trabalho árduo e na fé”, finaliza.

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