Editorial

Semana Santa e o Covid-19

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Entramos na Semana Santa, quando a Igreja Católica em todo o mundo celebra a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Para os católicos, trata-se da mais importante comemoração de todo o calendário litúrgico. Mas este ano, devido a pandemia do novo coronavírus, as celebrações foram duramente afetadas, sem a presença do público e das tradicionais procissões – que marcavam todo um simbolismo de fé.

No Domingo de Ramos, as igrejas permaneceram fechadas e as celebrações ocorreram por meio dos veículos de comunicação. A data marca a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho - o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples que o aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”. Conforme os escritos católicos, o povo estava maravilhado, pois tinha a certeza de que esse era o Messias anunciado pelos profetas, mas, esse mesmo povo tinha se enganado com o Messias que Cristo era. Pensava que fosse um Messias político, libertador social, que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão.

Diante da realidade que o mundo está vivendo, o Vaticano diz que a Sexta-feira Santa, 10, será celebrada com uma nova oração e uma missa especial para pedir o fim da pandemia do Covid-19. Segundo comunicado, a prece será “por aqueles que sofrem, por todos os que padecem as consequências da crise atual, para que Deus conceda saúde aos doentes, força ao pessoal da saúde, conforto às famílias e salvação a todas vítimas que faleceram”.

Portanto, em tempos de pandemia temos hoje a certeza que o tradicional período religioso, marcado por orações e tentações da gula, será diferente em 2020. Já não se vê o mesmo frenesi provocado pelas compras de ovos de Páscoa e bacalhau – para os mais abastados – nos supermercados ou mesmo a disputa antecipada na compra de pescados nos mercados e feiras de São Luís, para satisfação dos comerciantes com a alta especulação de preços.

Chamada pelos tradicionalistas de os “Dias Grandes”, a Semana Santa é um misto de proibições (o jejum) e comidas deliciosas. Durante o período da Quaresma é seguido à risca o preceito de não se comer carne na Quarta-feira de Cinzas e em nenhuma Sexta-feira naqueles 40 dias até a Páscoa. A sentença (mercantilista) do Vaticano condenava à abstinência de se ingerir carne todos os dias da Quaresma. Que concluía com uma semana inteirinha dedicada a guardar contritamente a dor sofrida por Jesus Cristo, com muita oração, mortificação e silêncio.

Hoje não é tanto assim. Mas nem todos sabem como surgiu esta prática de guardar o estômago para os prazeres oriundos do mar ou das afamadas receitas portuguesas quando o assunto é bacalhau. É certo que não há, nas sagradas escrituras, nenhuma norma ou referência que regulamente o consumo de peixes nesta época do ano. Da mesma forma como é fácil compreender a jogada comercial que motivou a prática.

Como estamos vivendo um período de incerteza, angústia, solidão e provação, é necessário manter as recomendações das autoridades de saúde, evitando o contágio sem interromper a nossa oração. Ao contrário, multiplicando-a. Uma Semana Santa de fé e saúde.


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