Cultura

Impactos do coronavírus no cinema: as consequências da pandemia

Atores, produtores e diretores com lançamentos recentes falam sobre o consumo de plataformas de streaming, os prejuízos para produtores e o futuro do setor

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
(cinema)

São Paulo - É indiscutível que o Coronavírus abalou as estruturas de toda a economia global. Assim como em todas as áreas, o setor de entretenimento foi amplamente afetado. Pela primeira vez em décadas, estúdios e grandes emissoras adiaram gravações, estreias de filmes foram canceladas, cinemas foram fechados e a classe artística teme o futuro.

Como exemplos, Carolla Parmejano e Gui Agustini, que atuaram no filme "Solteira Quase Surtando", lançado em 12 de março, dias antes do fechamento dos cinemas no Brasil. A contraponto, o exemplo de Thales Corrêa, que acaba de lançar seu primeiro longa-metragem, "Nos Becos de São Francisco" no Now, serviço on demand da NET, e acompanha o lado positivo do aumento do consumo das plataformas de streaming, mas que também sente os impactos em seus outros trabalhos.

Para Gui, o principal sentimento em relação ao filme recém-lançado é a frustração, "uma pena ver o nosso filme ter a má sorte de coincidir com esta pandemia", diz. Porém, assim como Carolla, concorda que o momento é para ter o pensamento positivo e buscar alternativas: "temos que aceitar o que está acontecendo e fazer o que está sobre o nosso controle", afirma.

Carolla diz ainda que atitudes estão sendo tomadas e esse é o primeiro passo, "não fiquei triste, mas foquei no que poderia ser feito para que os telespectadores pudessem realmente ver o filme. Estamos em reuniões constante com canais como Netflix, HBO ou a FoxBrazil". Ambos afirmam que não haverá uma nova agenda de estreia para o filme até o momento.

Já para Thales, os impactos foram maiores na publicidade: "O filme (Nos Becos de São Francisco) é afetado em termos de novos parceiros, estratégias de divulgação. Estes trabalhos estão pausados no momento". Ele também prevê efeitos positivos por meio do streaming. "Como certeza os serviços de streaming vão ser mais acessados. A maior vantagem é para pessoas que estão chegando no circuito, como eu. Muita gente está procurando coisa nova pra assistir, mais pessoas estão interessadas em descobrir coisas novas. E é aí que Nos Becos de São Francisco se encaixa", reflete.

Projetos na berlinda e prejuízo

O maior consenso entre os três artistas é o medo do futuro. Para Carolla, inúmeros testes cancelados. Para Gui, dois de seus curtas-metragens estavam registrados em grandes festivais de cinema, entre eles, "Roses Are Blind", ganhador de 9 prêmios. Thales precisou adiar as filmagens de seu novo roteiro, que começariam ainda em março: "está complicado seguir com os planos. O que nos resta é mudar a estratégia e seguir fazendo que se pode fazer sozinho, que é continuar escrevendo até a situação mudar."

Quando o assunto é o prejuízo financeiro, Gui coloca em números sua quebra de orçamento pessoal: "a previsão para este primeiro período é que o prejuízo chegue facilmente a US﹩ 10 mil ou mais, e é só o começo", lamenta, e completa: "Não sei se continuarei sendo pago por campanhas que estão no ar, pois nao sei se elas continuarão no ar. Todos os testes estão parados, então não tenho como conseguir uma renda futura".

Já Thales e Carolla julgam o déficit incalculável. O cineasta relata que viu amigos da área perderem o emprego de forma abrupta: "Um deles era um contrato com a Netflix. Cancelaram toda a produção sem previsão de volta. Muita gente aqui já está pedindo seguro-desemprego", e completa com uma previsão: "Futuro incerto para muita gente".

Futuro incerto

Sobre o futuro, os três artistas se posicionam de forma realista ante as dificuldades que o cinema enfrentará nos próximos meses. Para Gui, tudo agora é apenas especulação, mas afirma acreditar que o cinema e as artes levarão meses para se recuperar. Thales aponta que nem mesmo os serviços de streaming suprirão os prejuízos, "alterações de agenda e não entregar projetos a tempo trarão danos drásticos".

Porém, apesar das previsões, estão otimistas quanto a todas as transformações que esta pausa abrupta e dramática pode causar. "Temos que cuidar da saúde do mundo agora. Com força, saúde e amor tudo pode não só voltar ao normal, como podemos melhorar muito a nossa arte" diz Carolla. Gui segue no mesmo raciocínio e afirma que o mundo superará essa situação.

Thales frisa que tem a esperança de que no futuro, o período de quarentena vivido, onde as relações tornaram-se majoritariamente on-line e os serviços de streaming se sobrepuseram aos cinemas, faça com que as pessoas tornem a valorizar situações mais cotidianas: "É interessante observar uma crise dessas na era das redes sociais onde somos forçados a manter distância social. Espero que quando tudo isso passar, as pessoas saibam valorizar uma conversa com o vizinho, um cinema lotado, um cafezinho com um amigo, aquela torcida exclamando nos estádios, ou um respiro fundo de uma segunda-feira. Enfim, a vida como ela é", finaliza.

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