Covid-19

Após troca de "farpas", Dino e Bolsonaro abrem frente de diálogo

Arestas começaram a ser preenchidas temporariamente durante encontro entre ambos, em agenda com governadores do Nordeste na segunda-feira, 23

Thiago Bastos/ Da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Jair Bolsonaro se reuniu com governadores do Nordeste e Norte
Jair Bolsonaro se reuniu com governadores do Nordeste e Norte (bolsonaro governadores)

Após troca de farpas diretas e indiretas nas últimas semanas, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) mudaram as estratégias e decidiram baixar o tom das críticas entre as partes. Na segunda-feira, 23, ambos e outros governadores da Região Nordeste discutiram ações contra o Covid-19, em videoconferência.

Este foi a primeira vez que Dino e Bolsonaro se encontraram após a elevação do nível de tensão entre ambos. Na manhã de ontem, antes da agenda oficial, Dino voltou a criticar duramente o Governo Federal.

A mais recente crítica do comunista se referia à Medida Provisória nº 927, da União, que dispunha sobre as medidas trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade pública e que permitia a suspensão por quatro meses do contrato de trabalho firmado entre empregado e empregador. Após pressões, no início da tarde de segunda-feira, 23, o presidente Jair Bolsonaro revogou a MP.

Para o comunista, com a anterior MP, os trabalhadores perderiam o suporte legal de proteção com os patrões. Ainda segundo Dino, sem citar exemplos diretos, outros países estão adotando medidas contrárias à do governo federal. De acordo com o governador, a gestão brasileira está no “caminho errado” das medidas.

Antes do encontro de segunda-feira, 23, Flávio Dino havia citado nominalmente o presidente da República de forma mais contundente. Para o governador, Bolsonaro não “tinha sensatez e sensibilidade social”. Segundo Dino, instituições como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) seriam necessárias para “salvar o Brasil”. Por sua vez, Bolsonaro não respondeu às críticas.

A rota de colisão entre Bolsonaro e gestores se tornou pública após entrevista no domingo, 22, ao canal CNN Brasil. Na ocasião, Bolsonaro chamou indiretamente de “irresponsáveis” os governadores que fecharam as fronteiras dos seus estados sem a anuência direta do Governo Federal.

Em contrapartida, Dino respondeu à crítica indireta e afirmou que “irresponsabilidade” é brigar com governadores e que o conflito deve ocorrer com o “vírus”. Segundo o governador, Bolsonaro “cria confusão” no período em que o país precisa de união.

Na quinta-feira, 19, Dino editou decreto fechando as divisas do estado e determinando a suspensão por 15 dias do trânsito interestadual de ônibus ou similares em todo o território estadual. A medida foi questionada pela União que recorreu ao Poder Judiciário para derrubar as medidas dos estados de limitação de acesso aos seus territórios.

Somado ao acionamento da Justiça, Bolsonaro emitiu na sexta-feira, 20 uma Medida Provisória nº 926 que atrelava somente à recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) restrição temporária e excepcional de veículos em rotas interestaduais e intermunicipais. A medida também fora revogada na segunda-feira, 23, por Bolsonaro.

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Cobrança

Outro episódio que evidenciou a tentativa de Dino de criar uma agenda pública de conflitos com Bolsonaro foi registrado na semana passada. O governador maranhense voltou a cobrar da União a abertura de créditos para manutenção de salários e evitar quebra de empresas. A cobrança seria para “conter crise econômica aguda”, conforme descreveu o próprio gestor.

Governador cobra detalhes de investimentos federais no MA

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), cobrou ontem o detalhamento pelo Governo Federal dos valores de recursos específicos para o estado a serem utilizados no controle do Covid-19. Dentre as medidas, anunciadas pela União na segunda-feira, 23, está o repasse de R$ 8 bilhões para estados e municípios somente na saúde.

O comunista aproveitou para reforçar cobrança, feita na semana passada, de abertura de créditos para o controle de empresas e equacionamento dos recursos a trabalhadores informais. Para Dino, a medida é fundamental para recuperação financeira do estado.

Apesar da cobrança, o governador não citou nominalmente o presidente Jair Bolsonaro. Até o fechamento desta edição, a União não repassou as informações ao Executivo local.

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