Com mais de 50 anos de vida pública, o ex-presidente da República, José Sarney (MDB) mostrou sua visão sobre o atual cenário da política nacional. Em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila, Sarney fez críticas à postura do presidente Jair Bolsonaro em deixar o isolamento devido ao coronavírus, para participar de manifestações.

Mas, dos assuntos tratados pelo ex-presidente, o que mais chamou atenção diz respeito ao sistema político brasileiro.
Segundo Sarney, o Brasil vive uma crise política e esta crise, claro, diz respeito à relação entre os Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário.

O ex-presidente citou, por exemplo, a politização do Poder Judiciário e a desfiguração nos atributos do Poder Legislativo. A
situação atual, ainda de acordo com Sarney, somente poderia mudar com a união das diferentes correntes para colocar fim no “labirinto” que o país está.

Uma resolução para esta equação seria a adoção do Parlamentarismo e fim da proporcionalidade nas eleições, que a Constituição prevê desde 1988, para a escolha dos membros dos legislativos.

Sarney lembrou durante a entrevista que, quando foi senador, apresentou propostas neste sentido. Mas, acabou não indo para
frente.

“O parlamentarismo é uma necessidade para o Brasil. Tivemos uma boa experiência no Império, assegurou a unidade brasileira, a proteção do território. Eu mesmo apresentei projetos em prol do parlamentarismo, em prol do voto distrital”, afirmou.

O ex-presidente, que já está próximo de completar 90 anos, criticou também a quantidade de partidos. O país hoje tem mais de 30 legalizados na Justiça Eleitoral. Segundo ele, tantas legendas pulverizou o poder.

Críticas
Sobre o presidente Bolsonaro cumprimentar apoiadores na frente do Palácio do Planalto, Sarney disse que o gestor demonstrou mau exemplo.

Para o ex-presidente, Bolsonaro pregou uma recomendação, mas acabou ele mesmo descumprindo o que disse aos brasileiros.

“Não censuro mais antecessores e tampouco quem me sucedeu. Mas estamos vivendo um caso inédito e o presidente Jair Bolsonaro não poderia expor a população diante de uma doença como esta”, criticou.

Não viralizou
Chamou atenção a manifestação do deputado federal Gastão Vieira (Pros) sobre uma suposta fake news que mostrava a morte do parlamentar.

A “notícia” não chegou a viralizar pelas redes sociais antes que o próprio deputado se manifestasse retrucando o caso.

A situação de Vieira é bem semelhante à do colega de parlamento Márcio Jerry (PCdoB), que repercutiu sozinho uma fake news que falava de sua
morte.

Medidas
As sessões da Assembleia Legislativa serão reduzidas de quatro para duas durante a semana. Esta foi a decisão do presidente da Casa, Othelino Neto (PCdoB).

A determinação veio após manifestações de deputados que pediam suspensão dos trabalhos diante da necessidade de prevenir contra o coronavírus.

Além disso, na Assembleia Legislativa vai ter restrição de acesso da população ao prédio da Casa e também a suspensão de eventos.

Na Câmara
Na Câmara Municipal de São Luís, também a rotina será alterada. O presidente da Casa, Osmar Filho (PDT), baixou portaria fazendo uma série de restrições.

Serão menos sessões e restrição de acesso da população à galeria da Casa.

As medidas terão um prazo de 30 dias contando a partir de hoje.

Entre outros pontos do decreto, estão ainda a não realização de visitas institucionais e de eventos relacionados, ou não, com a atividade parlamentar; além da liberação de servidores e colaboradores com idade acima de 60 anos.

Atrasado
Ainda sobre o novo coronavírus, o prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior (PDT), usou as redes sociais na noite da segunda-feira, 16, para anunciar suspensão das aulas na rede municipal de ensino.

Na verdade, o gestor nem precisaria decretar a suspensão, porque isto o governador Flávio Dino (PCdoB) já havia feito.

O pedetista precisa mostrar para a população que o sistema de saúde da capital está apto a receber casos suspeitos do Covid-19.

DE OLHO

R$ 1,06 BILHÃO É O VALOR JÁ GASTO pelo governo estadual nos três primeiros meses de 2020

E MAIS

• A deputada estadual Micau Damasceno (PTB) incluiu duas atitudes à prevenção ao novo coronavírus: orações e jejum.
• Na Assembleia Legislativa, Damasceno anunciou que não vai comparecer às sessões da Casa.
• Depois de críticas, o governador Flávio Dino parece ter despertado para a importância das eleições municipais. É isso que a coluna Radar, da Veja, trouxe na edição desta semana.

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