Perigo

São Luís tem 60 áreas de risco mapeadas pela Defesa Civil

Maioria dos pontos de perigo fica localizada em áreas de encostas, mais de 600 famílias estão recebendo o aluguel social

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Beatriz Santos  não dorme tranquila, no período chuvoso, por morar ao lado de uma encosta
Beatriz Santos não dorme tranquila, no período chuvoso, por morar ao lado de uma encosta (área de risco)

Chuvas intensas atingiram nestas últimas semanas a Ilha de São Luís. Somente na última segunda-feira, o volume foi superior a 100mm. A Defesa Civil Municipal, até a tarde de ontem, já havia identificado 60 áreas de riscos, na capital. A maior parte desses pontos está localizado em bairros como Coroadinho, Vila Palmeira, área Itaqui-Bacanga, Centro Histórico, Zona Rural I e II, Cohama/Turu e a chamada Zona Costeira, que compreende o bairro São Francisco. Para minimizar os danos causados pelo período chuvoso, a Prefeitura de São Luís montou uma força-tarefa, envolvendo várias secretarias.

Por meio de nota, a Prefeitura informou que está trabalhando de maneira ininterrupta no decorrer desse período de chuvas, principalmente, para fazer o atendimento de socorro e orientação às famílias em risco. Um desses trabalhos é feito pela Defesa Civil Municipal. Eles realizam o monitoramento contínuo nas áreas de risco na capital maranhense, com o objetivo de garantir mais segurança aos moradores dessas comunidades. Inclusive, as vistorias ficaram mais intensificadas após a chegada do período chuvoso.

A Defesa Civil, ainda ontem, estava monitorando 60 áreas de riscos na capital. Esse trabalho está sendo feito em regime de plantão. Os moradores da área de risco também podem ser agraciados com o Benefício Eventual Auxílio Moradia, denominado de aluguel social. De acordo com a folha de pagamento do mês de fevereiro, 612 famílias estão recebendo esse benefício. Entre os beneficiados, 394 são oriundas do Plano de Contingência, que inclui ainda o ano de 2019 e começo de 2020.

Outros benefícios
A Prefeitura ainda afirmou que após receber a notificação da Defesa Civil, uma equipe do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da área é encaminhada ao local para fazer a identificação, cadastramento e acompanhamento das famílias para prestar o primeiro atendimento socioassistencial, que pode ser: distribuição de água, cestas básicas, colchonetes, entre outros itens, a depender da demanda encontrada.

Também pode ser ofertado o acolhimento para as famílias afetadas, que de acordo com as normativas pode ser: em casa de familiares, unidade de acolhimento institucional temporário da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) e, no último caso, desde que atenda aos critérios estabelecidos como o perfil socioeconômico, a família pode ser inserida no aluguel social. Paralelo é realizado um cruzamento de dados para saber se a família já foi contemplada pelo Programa Minha Casa, Minha Vida ou se já está inserida no benefício eventual de moradia.

Área de perigo
A idosa Beatriz Santos, de 67 anos, reside com o irmão, Leopoldo, de 59 anos, que tem necessidades especiais, na Rua da Mangueira, na Vila Dom Luís, área Itaqui-Bacanga. Esta é umas das áreas de risco identificada pela Defesa Civil.
Ao lado da residência da aposentada há uma barreira, que no começo deste ano, foi coberta por uma lona preta, pela Defesa Civil. “Quem mora próximo a uma encosta não consegue dormir tranquilo na época de chuva”, desabafou Beatriz Santos.

O vizinho dela, Valdinar Garcia, disse que pretende mudar para uma localidade segura. “Precisamos de ajudar e ser levado para uma área segura e que tenha transporte e escola digna para as nossas crianças”, declarou o morador.

Risco maior
A Defesa Civil Municipal informou que as áreas de encostas são caracterizadas de risco devido ao terreno ser inclinado e existe uma grande possibilidade de ceder sobre as casas, localizadas nas proximidades, em consequência de fortes chuvas na cidade.

A construção de residências nessa localidade é desaconselhada pela Defesa Civil. Ainda segundo a prefeitura, quando encontra imóvel nessa localidade primeiramente é feito uma vistoria e mediante do agravamento da situação pode ser interditado. O morador recebe orientações da equipe da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) e Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh).

A Defesa Civil está realizando incursões diárias nesses pontos de risco para orientar os moradores e até mesmo está sendo distribuída uma cartilha que traz informações sobre os riscos de construções nesse local. A Defesa Civil também ensina aos populares medidas simples para reduzirem os perigos, além dos sinais que indicam possíveis deslizamentos, como trincas em paredes, rachaduras no solo e inclinações de postes.

Chuva intensa
De acordo com o Núcleo de Meteorologia (Nugeo) da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), o mês de março deve superar os 500 milímetros (mm) de chuva em São Luís e, somente, no último dia 9 choveu 135,2 mim.

Ainda nesse dia, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), divulgou boletim com a previsão meteorológica que indicava continuidade das chuvas para os próximos dias. Os acumulados de precipitação são de até 56 mm em uma hora e de 159 mm em cinco dias no município.

Ainda que nesses últimos dias houve chuvas consideradas fortes, mas ainda não foi registrado nenhum tipo de ocorrência grave. As equipes da Defesa Civil estão realizando incursões nas áreas de riscos, inclusive, com plantões durante o fim de semana para atenderem alguma provável ocorrência.

Desalojados
Centenas de famílias ainda ontem estavam alojadas na Escola Criança Feliz, localizada na Ilhinha. Elas foram desalojadas da sua residência, na Portelinha, devido a forte chuva, que ocorreu na segunda-feira, 9, e a alta maré. Os desalojados foram atendidos pela Prefeitura.

Um caminhão de mudanças foi disponibilizado pela Defesa Civil para que as famílias pudessem transportar seus bens materiais. A Semcas forneceu colchonetes para as 27 famílias que foram abrigadas em alojamento também ofertou alimentação. Equipes da Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh) também foram até o local para verificar quantas famílias estão cadastradas para recebimento de habitação social por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Ano passado
Durante o período chuvoso do ano passado, a Defesa Civil atendeu mais de 500 ocorrências em São Luís e realizou mais de 300 vistorias técnicas em residências, localizadas nas áreas de risco da cidade. Além de atuar preventivamente, por meio de ações de monitoramento o órgão também procurou montar um trabalho de orientação à população por meio da formação de Núcleos Comunitários da Defesa Civil (NUCDCs).

Os profissionais do NUCDCs orientaram os moradores para saberem agir e acionar o serviço em caso de urgência. Atualmente há seis NUCDCs implantados e funcionando: o do Sá Viana, Túnel do Sacavém, Quintas dos Machados, Vila Lobão, Vila Conceição e Vila Dom Luís.

Saiba mais

Em caso de ocorrência, entre em contato com a Defesa Civil por meio dos números (98) 3212-8473 / (98) 98822-5352 / 153ou 190 (Ciops).

Número

60 áreas de risco já foram identificadas pela Defesa Civil na capital
27 famílias desalojadas no dia 9, da localidade Portelina, na Ilhinha, receberam colchonetes e estão na Escola Criança Feliz
135,2 mm de chuvas atingiram São Luís na última segunda-feira, 9, causando transtornos e alagamentos

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