Contaminação

Água de esgoto estourado polui conhecida lagoa no Angelim

Tubulação está exposta, às margens da Avenida Jerônimo de Albuquerque, por onde a água suja escorre em direção à lagoa; com o problema, a água da lagoa, que era limpa, agora adquiriu uma tonalidade cinza

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Esgoto jorra em direção a lagoa, deixando a água acinzentada e fétida, no bairro Angelim
Esgoto jorra em direção a lagoa, deixando a água acinzentada e fétida, no bairro Angelim (Esgoto estourado)

De longe, parece uma enxurrada. Ao se aproximar, percebe-se que o problema está em um esgoto estourado. Essa situação está ocorrendo no bairro Angelim, em São Luís, às margens da Avenida Jerônimo de Albuquerque. O Estado verificou que a água suja, por escorrer no local, está poluindo a Lagoa do Angelim, como é conhecida.

A água do esgoto está saindo de uma tubulação de concreto, que está exposta às margens da avenida. O líquido sujo e com odor forte desce a extensão da Jerônimo de Albuquerque, o que incomoda quem passa para fazer caminhadas e corridas. Ou quem utiliza a calçada para seguir em direção à parada de ônibus mais próxima. Quando chove, a situação fica mais grave ainda no local, que está sendo utilizado para obras de alargamento da via.

Com a chuva, embora o trecho seja um declive (descida), a água adquire volume e pode contribuir para a proliferação de doenças às pessoas que residem ali próximo, em virtude do esgoto estourado. De acordo com uma mulher que passava pela calçada, o problema é resultado das obras realizadas na Avenida Jerônimo de Albuquerque, na região entre o túnel da Cohab-Anil e a entrada de acesso ao bairro Angelim.

“Eles quebraram o asfalto para alargar e abriram esse esgoto. Aí, fica desse jeito. Pior que ninguém resolve. Não é possível que nenhuma autoridade não passe por aqui em carros e veja o que está acontecendo. Isso é muito evidente. Não tem como esconder”, reclamou a mulher, que não quis se identificar.

Situação da lagoa
Devido ao problema, a água da Lagoa do Angelim, que era limpa e agradável esteticamente, agora adquiriu uma tonalidade cinza, com aspecto barrento. Para agravar a situação, o esgoto não para de escorrer, o que aumenta a poluição no espaço aquático, que é margeado por árvores e pela própria Avenida Jerônimo de Albuquerque. Até os pássaros que, comumente, pousam na água não estão sendo mais vistos sobrevoando a área.

Não é a primeira vez que a lagoa sofre com a poluição. Em fevereiro de 2009, dois esgotos estourados também causaram estragos no lugar. A água ficou tomada pela sujeira, que pode facilitar o contágio de doenças infectocontagiosas, como a leptospirose, que pode ocorrer após o contato com urina de ratos contaminados com uma bactéria.

Esgoto de condomínio
Em dezembro do ano passado, O Estado denunciou uma situação similar, que estava afetando moradores e pedestres, nas proximidades da Lagoa do Angelim. Um esgoto, que escorria pela avenida, além de incomodar pelo odor fétido, também atrapalhava a passagem das pessoas em direção ao ponto de ônibus. Quem caminhava pela calçada, tinha que se equilibrar, para não escorregar e se machucar.

O mau cheiro estava tão forte que era sentido até mesmo por quem se encontrava do outro lado da avenida. As poças, preenchidas por lixo, se transformaram em criadouros do Aedes aegypti, mosquito que transmite a dengue e outras doenças, como a zika e chikungunya.

Risco de doenças
A água de áreas com alagamentos, enchentes e transbordamento de esgotos e rios, normalmente possui diversos vírus e bactérias nocivos à saúde humana. Ao entrar em contato com a pele humana, a bactéria de nome leptospira, por exemplo, pode penetrar no organismo, causando sintomas como febre, dores de cabeça e nos músculos e náuseas. Quando não diagnosticada com antecedência, a leptospirose pode levar à morte, segundo profissionais da Medicina.

Outras doenças podem ser transmitidas por meio do contato com água de esgoto, como a Hepatite A, diarreia e febre tifoide. Esta última é causada pela salmonella typhi, bactéria encontrada nas fezes de animais. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1,5 milhão de crianças menores de 5 anos acabam morrendo no mundo por causa de doença relacionada à falta de esgotamento sanitário.

Em nota, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão(Caema) comunicou que equipes já estavam no local realizando a corretiva do problema. E que, até o fim da tarde de ontem, a manutenção seria concluída.

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