Direitos humanos

Diretor da Human Rights Watch tem entrada barrada em Hong Kong

Kenneth Roth ia para a cidade lançar relatório que descreve violações dos direitos humanos pela China

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Kenneth Roth, diretor global da Human Rights Watch
Kenneth Roth, diretor global da Human Rights Watch (Reuters)

HONG KONG — Enfrentando um movimento antigoverno e pró-democraciahá sete meses, o governo de Hong Kong negou, no domingo, 12, a entrada do diretor global da Human Rights Watch (HRW), Kenneth Roth. A Chancelaria chinesa justificou o ato alegando que a organização que fiscaliza o direitos humanos encoraja os manifestantes anti-China a “realizarem ações violentas e extremas”.

Roth ia para Hong Kong para lançar, no dia 15, o relatório anual da organização que, em suas 652 páginas, “descreve como o governo chinês está desrespeitando o sistema de direitos humanos internacional”. Em seu Twitter, ele afirmou que já entrou livremente na cidade em diversas ocasiões e que seu caso ilustra o “agravamento” das violações aos direitos humanos na China.

Segundo o vice-diretor da Human Rights Watch na Ásia, Phil Robertson, a única justificativa dada para impedir a entrada foram “razões imigratórias”. Em diversas ocasiões recentes, a organização demonstrou preocupação com a violência nas ruas da ex-colônia britânica e com a brutalidade de sua polícia, que já prendeu quase 6,5 mil pessoas e deixou centenas feridos. Segundo a HRW, o Ministério de Relações Exteriores da China ameaçou, em dezembro, impor sanções não detalhadas contra diversas ONGs americanas pró-democracia.

“Essa ação decepcionante é mais um sinal de que Pequim está apertando seu pulso opressivo em Hong Kong e limitando, ainda mais, as liberdades que o povo de Hong Kong têm sob o modelo ‘um país, dois sistemas’”, disse a organização, em comunicado, referindo à autonomia judicial, administrativa e política estabelecidas em 1997, quando a cidade foi devolvida a Pequim.

Em sua entrevista coletiva diária, o porta-voz da Chancelaria chinesa, Geng Shuang, disse que a Human Rights Watch encoraja os manifestantes a tomaram “ações violentas e extremistas”. Ele ainda acusou a organização de “instigar atividades dos separatistas de Hong Kong” e de ter “grande responsabilidade no caos atual”.

" Permitir ou não permitir que alguém entre na China é um direito soberano", disse Geng. " Muitos fatos e evidências mostram que esta ONG apoiou várias formas radicais anti-China, incentivou a violência extremista e criminal, bem como atividades separatistas".

O Departamento de Imigração do território, por sua vez, disse em comunicado que não comenta em casos individuais, mas afirmou que “considera todos os fatores relevantes e circunstâncias” antes de decidir se uma pessoa deve ou não ingressar na cidade.

Caso não é único

Quase diárias, as manifestações em Hong Kong começaram no início de junho, em resposta a um já cancelado projeto de lei que permitiria a extradição para a China Continental. Desde então, os atos levaram milhões de pessoas às ruas e ganharam uma série de demandas mais amplas que desafiam a soberania de Pequim. Entre outros pontos, eles pedem eleições diretas para o cargo de chefe do Executivo, a libertação de todos os presos em razão dos protestos e um inquérito independente sobre o uso excessivo de força policial.

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