Conflito

Polícia Federal descarta emboscada em terra indígena no Maranhão

PF indicia 4 pessoas por troca de tiro; investigação apontou que o conflito ocorreu após os índios roubarem e depredarem uma moto dos não-indígenas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Paulo Paulino morreu durante uma troca de tiros em Bom Jesus das Selvas, no Maranhão
Paulo Paulino morreu durante uma troca de tiros em Bom Jesus das Selvas, no Maranhão (Divulgação)

SÃO LUÍS - A Polícia Federal descartou a hipótese de emboscada por madeireiros e indiciou quatro pessoas pela morte do indígena Paulo Paulino Guajajara e do madeireiro Márcio Gleik Moreira Pereira, na tarde do dia 1º de novembro de 2019 em uma região próxima à Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. A PF não deu nomes e não informou se os indiciados são ou não indígenas.

Na época do crime, os indígenas - como o sobrevivente Laércio Guajajara - e a Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular no Maranhão (Sedihpop) afirmaram que as mortes ocorreram em uma troca de tiros após uma emboscada dos madeireiros. No entanto, essa linha de investigação foi descartada pela Polícia Federal. 'Enquanto estivermos vivos, vamos lutar', disse Laércio ao G1.

Ao final das investigações, que incluiu exames médicos periciais, depoimento de testemunhas e declarações dos sobreviventes, a PF afastou também hipóteses relacionadas a conflitos étnicos.

Em nota, a PF disse que a troca de tiros ocorreu depois que indígenas furtaram e depredaram uma moto de 'não-indígenas'.

O resultado das investigações foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que disse não ter recebido ainda o inquérito da PF.

O G1 entrou em contato com a Sedihpop e questionou a afirmação de que o caso envolvia uma emboscada praticada pelos madeireiros, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Em entrevista ao G1, Magno Guajajara, liderança indígena, afirmou ontem,7, que acredita no trabalho da polícia.

'Não queremos fazer justiça com as próprias mãos, mas queremos que os envolvidos no crime sejam punidos', afirmou.

Retirada de emergência

Em novembro, Laércio Guajajara e outras duas lideranças indígenas foram retiradas do local com seus familiares e colocados sob proteção policial em endereços sigilosos. No entanto, a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) informou que parte do grupo, com exceção do Olímpio Guajajara, pediu desligamento do programa de proteção.

Paulo Paulino Guajajara, morto na troca de tiros, já estava incluído meses antes no Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), mas não foi retirado da Terra Indígena Arariboia antes de ser assassinado.

De 2016 até novembro de 2019, 13 indígenas foram mortos em decorrência do conflito com madeireiros no Maranhão, segundo a SMDH. Em nenhum dos casos os criminosos foram punidos.

Terra Indígena Arariboia

A Terra Indígena Arariboia é composta por etnias indígenas Ka’apor, Guajajaras e Awá-Guajás em um território com 413 mil hectares no sudoeste do Maranhão onde vivem 12 mil indígenas. Parte dessas tribos possuem Guardiões da Floresta, que são formados com o intuito de proteger a natureza, evitar invasões de madeireiros e incêndios.

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