Cooperação militar

Parlamento turco aprova moção que autoriza envio de tropas à Líbia

A decisão autoriza o exército turco a intervir na Líbia por um ano; eles vão dar apoio ao chefe do Governo de Unidade Nacional, Fayez Al Sarraj, que é confrontado por um poderoso rival, o marechal Khalifa Haftar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Imagem do Parlamento da Turquia, em Ancara, no dia 2 de janeiro de 2020
Imagem do Parlamento da Turquia, em Ancara, no dia 2 de janeiro de 2020 (Reuters)

ANCARA - Os deputados da Turquia aprovaram ontem,2, uma moção que permite ao presidente Recep Tayyip Erdogan enviar militares à Líbia para dar apoio ao governo de União Nacional (GNA), reconhecido pela ONU e aliado da Turquia.

Um total de 325 deputados votaram a favor e 184 contra essa intervenção, segundo o presidente da Assembleia Nacional turca, Mustafa Sent. A decisão autoriza o exército turco a intervir na Líbia por um ano.

O texto foi apresentado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, cujo partido, o AKP, tem maioria parlamentar junto com o ultranacionalista MHP.

Erdogan e o chefe do Governo de Unidade Nacional (GNA), Fayez Al Sarraj, assinaram um acordo de cooperação militar e de segurança no final de novembro.

O chefe de Estado turco afirmou repetidamente que seu país estava determinado a ajudar militarmente Sarnaj, reconhecido pelas Nações Unidas e confrontado por um poderoso rival, o marechal Khalifa Haftar.

Dividida por conflitos internos desde a queda do regime de Muammar Khadafi, em 2011, a Líbia também é palco de uma luta de influências entre a Turquia, que apoia o GNA, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Egito, três rivais regionais de Ancara que apoiam o marechal Haftar.

Pouco depois da votação, a Presidência turca anunciou que Erdogan tinha conversado com telefone com seu colega americano, Donald Trump, para tratar da Líbia, mas não deu mais detalhes.

A aprovação do Parlamento "é uma etapa importante para garantir a paz e a estabilidade na Líbia e para defender nossos interesses no norte da África e no Mediterrâneo", declarou o porta-voz de Erdogan, Ibrahim Kalin, após a votação.

Tropas ou apenas conselheiros

Os observadores agora se perguntam se a Turquia planeja enviar forças de combate para a Líbia ou se esse destacamento será limitado a fornecer "conselheiros militares".

Na quarta-feira (1), o vice-presidente turco Fuat Oktay disse que o exército estava pronto para agir, mas enfatizou que a natureza e a extensão do envio serão decididas de acordo com "os eventos no terreno".

Ele acrescentou que Ancara espera que a adoção do texto tenha um efeito de dissuasão.

"Após a votação, se o outro lado [do general Haftar] mudar de atitude e disser 'estamos nos retirando, paramos a ofensiva', então por que ir?", questionou o vice-presidente.

Além das dificuldades de mandar tropas para um país fora da fronteira, diferentemente da Síria, onde a Turquia está intervindo atualmente, o envio de soldados para a Líbia será acompanhado pelo risco de um incidente com a Rússia.

Embora Moscou negue, o emissário da ONU na Líbia, Ghasan Salamé e o presidente Erdogan afirmam que os mercenários russos lutam ao lado das forças de Haftar, que desde abril tenta tomar Trípoli (capital da Líbia).

O presidente russo Vladimir Putin está programado para viajar à Turquia na próxima quarta-feira para inaugurar um gasoduto com seu colega turco, que será uma ocasião para ambos discutirem o caso da Líbia.

A sobrevivência do GNA é essencial para Ancara, que acaba de assinar um acordo de delimitação marítima que permite à Turquia afirmar seus direitos em grandes áreas do Mediterrâneo Oriental, ricas em hidrocarbonetos, e cobiçadas por outros países como Grécia, Egito, Chipre ou Israel.

A princípio, a votação estava prevista para a semana que vem, mas o governo decidiu adiantá-la devido às dificuldades que o GNA atravessa em Trípoli, onde a ofensiva das forças pró-Haftar se intensificou.

O Egito, que apoia Haftar, condenou "com firmeza" a decisão do Parlamento turco e considerou que uma intervenção de Ancara "teria um impacto negativo para a estabilidade no Mediterrâneo".

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