Desnuclearização

Coreia do Norte vai abandonar moratória de testes nucleares

Ditador norte-coreano exige que os EUA proponham novas concessões nas negociações sobre o arsenal nuclear de seu país; Trump disse acreditar que o líder norte-coreano honrará seus compromissos de desnuclearização

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
O ditador da Coreia do Norte durante conferência nesta semana
O ditador da Coreia do Norte durante conferência nesta semana (Reuters)

PYONGYANG — O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, declarou que Pyongyang está abandonando a moratória de testes nucleares e de mísseis intercontinentais declarada no início de 2018. Ele também disse que o país está desenvolvendo um novo armamento estratégico, sem dar detalhes.

" Não há mais base para mantermos unilateralmente o compromisso", disse Kim a líderes do partido governo, segundo a agência oficial de notícias KCNA.

Depois de vários testes bem-sucedidos de foguetes e mísseis em 2017, que sedimentaram o status da Coreia do Norte como potência nuclear, a moratória de 2018 abriu caminho para negociações entre Pyongyang e Washington, com a realização de duas cúpulas entre Kim e Donald Trump.

O avanço das negociações, no entanto, esbarrou na falta de contrapartidas americanas, exigidas por Kim. Com apoio da China e da Rússia, a Coreia do Norte defende que cada passo seu em direção à redução e ao controle de seu programa nuclear militar seja recebido com um alívio das sanções econômicas e militares contra o país. Washington, no entanto, afirma que só uma desnuclearização completa por parte de Pyongyang pode levar ao alívio das sanções.

Em reação ao anúncio de Kim, Trump disse acreditar que o líder norte-coreano honrará seus compromissos de desnuclearização.

"Assinamos um contrato falando sobre desnuclearização. Essa foi a principal palavra, "desnuclearização", redigida em Cingapura. Acho que ele é um homem de palavra", declarou.

Mas a declaração de Kim, diante do comitê central do Partido dos Trabalhadores, ao longo de uma conferência de quatro dias, sinaliza que a Coreia do Norte prefere enfrentar sanções internacionais e preservar sua capacidade nuclear como fonte de barganha com o Ocidente.

Kim acusou o governo de Donald Trump de não cumprir o prazo de um ano estabelecido para avanços e exigiu que os EUA propusessem novas concessões nas negociações sobre o arsenal nuclear de seu país.

O líder norte-coreano já havia avisado que ele teria que buscar um "novo caminho" se Washington não atendesse a suas expectativas.

Sem motivos

Segundo Kim, não há mais motivos para a Coreia do Norte ficar presa à moratória nuclear autodeclarada, já que os Estados Unidos mantiveram exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul e impuseram sanções análogas a “exigências de mafiosos" , reportou a KCNA.

Ele deixou a porta aberta para o diálogo, dizendo que o "escopo e a profundidade" do desenvolvimento de armamentos militares — chamados de “dissuasores” — serão "adequadamente coordenados, dependendo da atitude dos Estados Unidos".

"Manteremos em alerta constante o poderoso dissuasor nuclear capaz de conter as ameaças nucleares dos EUA e garantir nossa segurança em longo prazo", afirmou.

As conversas sobre a desnuclearização do país estão paralisadas desde fevereiro de 2019, quando fracassou a segunda reunião entre Kim Jong-un e Trump.

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