Líder de Israel

Netanyahu sai vitorioso das primárias do Likud

Mesmo denunciado por corrução, premier teve 72,5% dos votos, contra 27,5% de seu opositor, o ex-ministro Gideon Saar; Netanyahu terá uma motivação além da política para manter-se na liderança de Israel após as eleições de março

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Benjamin Netanyahu durante discurso da vitória após ser eleito nas primárias do Likud
Benjamin Netanyahu durante discurso da vitória após ser eleito nas primárias do Likud (AFP)

TEL AVIV — Envolvido em uma série de escândalos e questionado por adversários, o premier israelense Benjamin Netanyahu conseguiu uma importante vitória nas primárias do Likud na quinta-feira,26. Líder da direita de Israel há 20 anos, o primeiro-ministro continuará à frente de seu partido até a eleição geral de março, a terceira em menos de um ano. Os outros dois pleitos, em abril e setembro, terminaram sem que nenhum partido conseguisse a maioria necessária para formar um governo.

Confirmando previsões de pesquisas de boca de urna, Netanyahu conquistou 72,5% dos votos, contra 27,5% de seu adversário, o ex-ministro da educação Gideon Saar — figura veterana, mas não tão popular contra o premier. Saar reconheceu a derrota antes mesmo do anúncio dos resultados oficiais, no final da noite de quinta-feira, afirmando que “aqueles que não estão dispostos a tomar riscos por aquilo que acreditam nunca serão bem-sucedidos”. Ele disse ainda que apoiará o primeiro-ministro nas eleições de março.

Comparecimento

Ao todo, 48,6% dos 116.048 integrantes do Likud compareceram às urnas, número similar ao comparecimento histórico em pleitos deste tipo. Veículos locais, no entanto, apontam que a relativamente baixa taxa de comparecimento pode ser creditada ao mau tempo, ao recesso escolar e às celebrações do Hanucá.

Pouco após as pesquisas de boca de urna serem divulgadas, Netanyahu agradeceu em suas redes sociais pela “grande vitória” e pela “confiança, apoio e amor”. Ele prometeu não só liderar o partido, mas também “seguir liderando o Estado de Israel e a realizações sem precedentes”. Tom similar foi adotado pelo premier em seu discurso na sede do Likud, nos arredores de Tel Aviv, onde disse para seus aliados que “o futuro está em nossas mãos”:

"A decisão acachapante nas primárias foi um grande voto de confiança na minha trajetória, na nossa trajetória", disse o premier. "Agora é hora de trazer uma grande vitória para o Likud e a direita nas eleições".

Para os aliados do tecnocrata Saar, os números não são exatamente para se lamentar: o Likud só teve quatro líderes desde que foi formado, nos anos 1970, e nenhum deles perdeu eleições primárias. Poucos acreditavam que o premier, denunciado por suborno, abuso de confiança e fraude, pudesse perder, mas consideravam que um resultado próximo a 30% dos votos seria uma vitória simbólica, posicionando-o como favorito para assumir o partido quando o premier deixar a liderança.

Denúncias

Agora, especialistas apontam, Netanyahu terá uma motivação além da política para manter-se na liderança de Israel após as eleições de março: o cargo de premier o deixaria mais bem posicionado para negociar um acordo com a Justiça — ele talvez pudesse evitar completamente um julgamento em troca da aposentadoria da vida pública. Ele também se apega à ideia de que uma ampla aliança de partidos religiosos e de direita poderia melhorar suas chances em um Parlamento com maioria disposta a lhe conceder imunidade parlamentar.

Benjamin Netanyahu é acusado de garantir favores à principal empresa de telecomunicações de Israel em troca de cobertura positiva sobre ele e sua mulher, Sara, em um site de notícias controlado pelo ex-presidente da empresa. Outra acusação diz respeito ao recebimento de presentes de Arnon Milchan, um produtor de Hollywood e cidadão israelense, além do bilionário australiano James Packer.

Ele também é suspeito de negociar um acordo com o jornal mais vendido de Israel, o Yedioth Ahronoth, para receber cobertura positiva em suas páginas, em troca de uma nova lei que impediria o crescimento de um outro jornal. Caso condenado em todas as acusações, pode receber uma pena de até dez anos de prisão.

Na terça-feira, 31, a Suprema Corte de Israel realizará uma audiência para julgar uma moção que questiona se um candidato acusado de crimes graves poderá formar um governo. A lei atual estabelece que o primeiro-ministro poderá continuar no cargo até que seja condenado em última instância, mas não diz nada sobre um candidato a premier. Há meses, as autoridades israelenses vinham adiando discutir a questão, esperando que o assunto se resolvesse nas urnas.

Mesmo que Netanyahu consiga ser candidato, as pesquisas mais recentes apontam que uma nova eleição deverá manter o impasse visto nos pleitos de abril e setembro. Provavelmente, nem o premier ou seu oponente principal, Benny Gantz, do partido de centro Azul e Branco, conseguirão a maioria necessária para governar.

Ambos já declararam interesse em unir forças em um governo de aliança — algo que pesquisas mostram ser a preferência do povo israelense. Gantz, no entanto, se recusa a governar ao lado de um primeiro-ministro acusado de corrupção, enquanto Netanyahu insiste em liderar qualquer formação para liderar Israel.

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