No Discurso da Rainha

Brexit em 31 de janeiro é prioridade de Boris

Elizabeth II também citou aumento de recursos para Sistema Nacional de Saúde e penas mais duras para terroristas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Rainha Elizabeth II pouco antes de fazer o discurso na abertura do Parlamento
Rainha Elizabeth II pouco antes de fazer o discurso na abertura do Parlamento (Reuters)

LONDRES — Sem rodeios, Elizabeth II abriu seu tradicional Discurso da Rainha nesta quinta-feira afirmando que a prioridade do novo governo do premier britânico, Boris Johnson, é concluir o Brexit até 31 de janeiro e depois negociar um acordo de livre comércio com a União Europeia e outras economias de liderança global. Foi a segunda vez em dois meses que ela compareceu à Câmara dos Lordes para apresentar a agenda política e legislativa do primeiro-ministro.

Após a vitória de Johnson nas eleições de semana passada, nas quais os eleitores deram ao Partido Conservador uma maioria absoluta de 365 dos 650 assentos da Câmara dos Comuns, a rainha listou os planos de governo, uma tradição britânica que simboliza a cerimônia de abertura do novo Parlamento.

Dentre as medidas anunciadas, estão o aumento de recursos para o Sistema Nacional de Saúde (NHS) em 33,9 bilhões de libras até 2024 e punições mais duras para terroristas, com pena mínima de 14 anos para envolvidos em ataques e sem antecipação da soltura.

— Meus ministros vão buscar um relacionamento futuro com a União Europeia baseado em um acordo de livre comércio que beneficie todo o Reino Unido. Também vão iniciar negociações comerciais com outras economias líderes globais.

Elizabeth também citou, sem dar detalhes, uma "lei de espionagem", que iria “prover os serviços de segurança com as ferramentas que precisam para desmantelar atividades hostis”, propostas para ampliar o tempo de prisão em casos de crimes violentos e sexuais e um plano para exigir documento com foto na hora de votar nas eleições.

Sem coroa

O discurso foi bastante similar ao de outubro, quando se iniciou outra legislatura, suspensa pouco depois, pois o Parlamento decidiu antecipar as eleições. Nas duas ocasiões, a monarca afirmou que sair da União Europeia era prioridade do governo e que uma nova lei de imigração tiraria as vantagens de cidadãos do bloco, hoje com livre trânsito.

A cerimônia simboliza o início de uma nova legislatura. Neste segundo discurso em pouco mais de dois meses não houve carruagens puxadas por cavalos ou desfile pelas ruas de Londres. Os trajes de cerimônia também não foram usados — no lugar da coroa, a rainha usava um chapéu.

De acordo com o site oficial do Parlamento, a cerimônia menos pomposa foi devido às “circunstâncias únicas das eleições gerais” e devido “à proximidade do Natal” — a rainha quer ir o mais rapidamente possível para a casa de campo em Sandringham, onde habitualmente passa as férias nessa época do ano.

Referendo na Escócia

Johnson mostrou ao longo da campanha sua intenção de tentar satisfazer as demandas dos eleitores no Norte e no Centro do país — a chamada Muralha Vermelha, composta por distritos industriais — que romperam com sua tradição de apoiar o Partido Trabalhista para votar nos conservadores. E o resultado da eleição, na prática, obriga os conservadores a olharem para segmentos da população historicamente associados aos trabalhistas.

Por isso, estavam além da sua prioridade número 1 de “concluir o Brexit” promessas como a de aumentar o financiamento do serviço de saúde, julgamentos por crimes violentos e mais direitos trabalhistas. Chamando o programa de seu governo de “o Discurso da Rainha mais radical de uma geração”, Johnson também esboçou, nesta quinta-feira, um plano ambicioso que anula os anos de austeridade econômica que seu Partido Conservador.

"Nossa primeira tarefa é finalizar o Brexit e deixaremos a UE no final de janeiro", disse, após o comparecimento da rainha ao Parlamento. — Vamos libertar o país da camisa de força da indecisão, restaurando a confiança de pessoas e empresas.

Boris ainda disse que não permitirá mais “hesitações e atrasos”, descartando qualquer adiamento do período de transição para negociar um acordo de livre comércio com a UE para depois de 2020 e insinuando que fechará pactos comerciais com outros países ao mesmo tempo.

Em nota, o governo também rejeitou, nesta quinta-feira, o pedido da primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, de um novo referendo de independência após o Brexit, alegando que a votação seria “uma distração prejudicial” e menosprezaria o resultado da consulta popular realizada há cinco anos.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.