Vestígios e manchas de óleo continuam aparecendo no litoral maranhense. Por causa do problema, operações coordenadas pela Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), com o apoio de outros órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Corpo de Bombeiros Militar (CBMMA), estão sendo realizadas. As equipes estão fazendo a limpeza da substância escura em vários pontos. Um dos locais visitados pela força-tarefa é a Ilha dos Poldros, no Delta do Parnaíba, divisa entre o Maranhão e Piauí.
Essas ações fazem parte das estratégias do Centro de Operações de Incidentes de Poluição por Óleo, criado recentemente para dar mais agilidade no recolhimento da substância das praias do litoral maranhense. Além da Marinha do Brasil, do Corpo de Bombeiros Militar e do Ibama, estão participando das operações o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Exército, Aeronáutica e Polícia Militar.
Segundo o capitão de Mar e Guerra Marcio Ramalho Dutra e Mello, comandante da CPMA, as incursões estão ocorrendo diariamente, em vários trechos do litoral, como Avenida Litorânea, em São Luís; o município de Raposa, Santo Amaro do Maranhão e Delta do Parnaíba. “Estamos inspecionando esses locais todos os dias. Em algumas ocasiões, encontramos apenas pequenos vestígios de óleo, que imediatamente são limpos. São pequenas pelotas, na verdade”, pontuou o oficial a Marinha.
O capitão disse que a operação de limpeza na Ilha dos Poldros será encerrada hoje, no turno vespertino. O acesso ao local é muito difícil, como o comandante da CPMA frisou. “Estamos utilizando, também, um helicóptero da Marinha, para o monitoramento dos pontos afetados”, observou o oficial. Com essas recentes ações da força-tarefa, já são mais de 1.230kg do material tóxico retirado das praias do Maranhão.
O material recolhido das praias está sendo levado para um aterro sanitário da empresa Titara, onde a substância recebe tratamento especial. Pelas características, a substância não pode ser colocada em qualquer lugar.
Mancha no Delta
As primeiras manchas de óleo foram detectadas no Delta do Parnaíba, na Ilha dos Poldros, município de Araioses, no dia 18 de setembro. A Capitania dos Portos do Piauí entrou em contato com a Capitania dos Portos do Maranhão, pois a substância estava dentro da jurisdição naval maranhense. Amostras do material foram coletadas pelos militares com destino ao Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, localizado em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.
Na região, os militares da Marinha e equipes do Ibama encontraram uma tartaruga morta. O animal estava coberto pelo óleo. Um surfista registrou o momento quando caminhava pela praia. Na faixa de areia, havia várias manchas escuras espalhadas. Naquela ocasião, o chefe da Área de Proteção Ambiental do Delta do Parnaíba, Daniel Castro, disse que o material passaria por uma análise denominada “cromatografia”, utilizada para determinar a origem da substância.
Profissionais do Instituto Tartarugas do Delta (ITD), organização sem fins lucrativos criada em 2006 no Piauí, também participaram dessas ações.
Centro de Operações
A criação do Centro de Operações de Incidentes de Poluição por Óleo, sob a coordenação da Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), foi anunciada, oficialmente, no dia 31 de outubro. O objetivo é agilizar o fluxo de informações e a coleta das manchas de óleo no litoral maranhense. Foi dito que a região dos Lençóis Maranhense já foi totalmente limpa do material tóxico.
Desde o surgimento das primeiras manchas, na Ilha de Poldros, na área do Delta do Parnaíba, já havia um esforço conjunto para combater o problema ambiental, conforme o capitão Marcio Ramalho. De acordo com o oficial, ali, só foi encontrado cerca de 1kg do material. Com o segundo caso, que aconteceu em Alcântara, na Praia de Itatinga, os trabalhos se intensificaram, pois envolveu outros órgãos, como o Ibama e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
“No dia 23 de setembro, quando a substância foi verificada em Alcântara, já tínhamos uma ideia de que era o mesmo óleo que apareceu na Ilha de Poldros. Começamos a agir para coleta e recolhimento. A partir dali, surgiram novos pontos. O Ibama, o ICMBio, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Corpo de Bombeiros se uniram aos esforços”, comentou o capitão. O militar da Marinha ressaltou que, no dia 6 de outubro, foi montado o Grupo de Monitoramento e Avaliação, em âmbito nacional. Mas, agora, tornou-se necessária a criação de uma coordenação setorizada e local.
Segundo Marcio Ramalho, isso aconteceu porque a contaminação se alastrou no litoral maranhense, embora em pouco intensidade quando comparado aos outros estados do Nordeste. “O objetivo da centralização é colher as informações e nivelar os conhecimentos. É colocar todo o apoio logístico para canalizar os dados o mais rápido possível, a fim de remover e analisar as manchas de óleo”, frisou o comandante da CPMA. Ele disse que Centro de Operações foi criado após reunião ocorrida no Palácio dos Leões, sede do Poder Executivo estadual, momento em que a coordenação foi anunciada.
Retirada das manchas
Conforme o capitão Marcio Ramalho, já foram retirados das praias do litoral maranhense mais de1.230 kg das manchas de óleo. O ponto de maior remoção foi na Praia de Travosa, em Santo Amaro do Maranhão, onde as equipes limparam 700kg da substância tóxica. Segundo ele, os Lençóis Maranhenses já estão completamente livres da substância, após um esforço conjunto para o recolhimento do petróleo cru.
Delta do Parnaíba
O ecossistema do Delta do Parnaíba, localizado entre os estados do Piauí e Maranhão, é um dos 14 que já foram afetados pelas manchas de óleo que aparecem no litoral do Nordeste. A contaminação pode quebrar o ciclo de diversas espécies marinhas do litoral brasileiro, com impacto também socioeconômico nas comunidades que vivem no seu entorno.
No Delta, único das américas, o Rio Parnaíba deságua no Oceano Atlântico em cinco saídas para o mar: Barra do Igaraçu, das Canárias, Caju, Melancieiras e Tutoia. Já a Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Parnaíba foi criada em agosto de 1996, e possui uma área de extensão de 307.590,51 hectares. Abrange três estados do Nordeste, que são Piauí, Maranhão e Ceará, percorrendo todo litoral piauiense.
A APA abrange 10 municípios, de três estados da Federação: Tutoia, Paulino Neves, Araioses e Água Doce no Maranhão, no território maranhense; Ilha Grande, Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia, no Piauí, e Chaval, Barroquinha, no Ceará.
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