Poluição

Criado um Centro de Operações para monitorar manchas

Centro funcionará por 24 horas; já foram retirados 1.230kg de óleo do litoral do MA

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Centro de Operação vai monitorar as manchas de óleo nas praias do Maranhão
Centro de Operação vai monitorar as manchas de óleo nas praias do Maranhão (Algumas praias da região ainda permanecem tomadas por óleo cuja origem é desconhecida)

Foi anunciada, nesta quinta-feira, 31, a criação do Centro de Operações de Incidentes de Poluição por Óleo, sob a coordenação da Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), cujo objetivo é agilizar o fluxo de informações e a coleta das manchas de óleo no litoral maranhense. De acordo com a Marinha do Brasil, desde o início do primeiro caso em nosso estado, no dia 18 de setembro, já foram retirados 1.230kg da substância. Foi dito que a região dos Lençóis Maranhense já foi totalmente limpa do material tóxico.

Conforme informou o capitão de Mar e Guerra Marcio Ramalho Dutra e Mello, comandante da CPMA, durante entrevista à imprensa, para a apresentação desse Centro de Operações, desde o primeiro surgimento das manchas, na Ilha de Poldros, na área do Delta do Parnaíba, na divisa do Maranhão com o Piauí, já havia um esforço conjunto para combater o problema ambiental. De acordo com o oficial, ali, só foram encontrados cerca de 1kg do material. Com o segundo caso, que aconteceu em Alcântara, na Praia de Itatinga, os trabalhos se intensificaram, pois envolveu outros órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“No dia 23 de setembro, quando a substância foi verificada em Alcântara, já tínhamos uma ideia de que era o mesmo óleo que apareceu na Ilha de Poldros. Começamos a agir para coleta e recolhimento. A partir dali, surgiram novos pontos. O Ibama, o ICMBio, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Corpo de Bombeiros se uniram aos esforços”, comentou o capitão. O oficial da Marinha pontou que, no dia 6 de outubro, foi montado o Grupo de Monitoramento e
Avaliação, em âmbito nacional. Mas, agora, tornou-se necessária a criação de uma coordenação setorizada e local.

Segundo Marcio Ramalho, isso aconteceu porque a contaminação se alastrou no litoral maranhense, embora em pouco intensidade, quando comparado aos outros estados do Nordeste. “O objetivo da centralização é colher as informações e nivelar os conhecimentos. É colocar todo o apoio logístico para canalizar os dados o mais rápido possível, a fim de remover e analisar as manchas de óleo”, frisou o comandante da CPMA. Ele disse que o Centro de Operações foi criado após reunião ocorrida no Palácio dos Leões, sede do Poder Executivo estadual, momento em que a coordenação foi anunciada.

Retirada das manchas
Conforme o capitão, já foram retirados das praias do litoral maranhense 1.230 kg das manchas de óleo. O ponto de maior remoção foi na Praia de Travosa, em Santo Amaro do Maranhão, onde as equipes limparam 700kg da substância tóxica. Para esta sexta-feira, 1º, está programada uma ação de limpeza na Ilha dos Poldros, em uma operação conjunta com o Exército, Corpo de Bombeiros Militar, Ibama e ICMBio.

Segundo ele, os Lençóis Maranhenses já estão completamente livres da substância, após um esforço conjunto para a retirada do petróleo cru.

Incidências e manchas
Ainda de acordo com o capitão Marcio Ramalho, foi detectado que não estão ocorrendo novas incidências da mancha no Maranhão, mas o fenômeno da maré pode arrastar o óleo e levá-lo para as praias. “O material que está aparecendo é o mesmo que já estava. Nós estamos fazendo patrulhas nas praias, na faixa de areia. Nós fizemos uma varredura, com o ICMBio, da região de Atins até a Ponta da Baleia, e não encontramos uma mancha sequer”, observou o oficial da Marinha do Brasil.

O capitão alertou que pode ocorrer de as pessoas confundirem as manchas de óleo com os paleomangues, pois são muito parecidos. “É uma massa preta. Tem uma densidade que navega baixo da superfície. Só aflora na linha de arrebentação. Aí, fica na faixa de areia. O material parece muito com um piche. Quando chega à praia, fica com essa condição viscosa. Com as intempéries das praias, o material endurece”, explicou Marcio Ramalho.

A chefe de Divisão Técnico-Ambiental do Ibama, Ciclene Maria Silva de Brito, complementou dizendo que é importante não pegar no material, pois é tóxico e pode causar irritação na pele. Ademais, pode liberar gases, se estiver em local fechado. “O óleo é mais borrachudo, elástico. É um material viscoso. Quando chega mais cedo na costa, fica elástico. Não é líquido, pois a densidade é diferente da água. É diferente do óleo diesel, que fica flutuando na superfície. Esse das manchas afunda um pouco na água. Portanto, o contato é muito perigoso”, pontuou ela.

Destino do material

Na coletiva, foi dito por Rafael Carvalho Ribeiro, secretário da Sema, que o material recolhido das praias do Maranhão está sendo levado para um aterro sanitário da empresa Titara. Lá, a substância recebe um tratamento especial. Pelas características da substância, não pode ser colocado em qualquer local. “A empresa tem uma célula de tratamento específica para receber produtos da classe 2. É preciso ter uma destinação correta. É uma preocupação de todos nós”, frisou ele.

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