Espionagem

Portela diz que ainda não foi convidado para oitiva em comissão da Câmara Federal

Secretário afirmou que ainda aguarda convite para se submeter a uma audiência na Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado da Câmara; convite depende de deputado do PT

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
(Jefferson Portela)

O secretário de Estado da Segurança Pública, Jefferson Portela (PCdoB), afirmou que ainda não foi convidado formalmente para se submeter a oitiva da Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado da Câmara Federal, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias levantadas pelos delegados de Polícia, Ney Anderson e Tiago Bardal, de espionagem contra magistrados e adversários políticos do governador Flávio Dino (PCdoB) na estrutura da SSP do estado.

Disposto a confrontar as denúncias, o secretário afirmou a um blog da capital que “faz questão” de ir ao colegiado.

“Estou fazendo questão de pagar essa passagem para Brasília”, disse, apesar de ter direito ao transporte aéreo e custos de diárias pagos pelo Executivo. Portela também falou que gostaria de já ter ido à audiência da qual participaram os dois delegados. “Queria ficar cara a cara com eles”, completou.

Procurado por O Estado, o deputado federal Aluisio Mendes (Podemos) confirmou a tese levantada por Portela, de que ainda não houve convite ou convocação formal por parte da comissão para a oitiva.

Aluisio explicou que esse procedimento é de responsabilidade de um deputado do PT, que integra a comissão e que foi o autor do requerimento. “O requerimento para ouvir ele [Jefferson Portela] é do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), cabe a ele mandar o convite a Jefferson”, esclareceu.

Acusações

Os delegados de Polícia Civil do Maranhão Tiago Mattos Bardal e Ney Anderson da Silva Gaspar acusam Portela de determinar na SSP investigações clandestinas contra desembargadores do Tribunal de Justiça, seus familiares e assessores, além de lideranças políticas do estado.

As declarações foram reafirmadas em oitiva realizada no mês de julho na comissão da Câmara Federal. Bardal prestou depoimento por meio de videoconferência – da sede da Polícia Federal no Maranhão -, e Ney Anderson participou de forma presencial da audiência.

A audiência extraordinária do colegiado com a oitiva dos delegados – realizada a pedido dos deputados federais Aluisio Mendes e Paulo Teixeira - foi transmitida ao vivo por meio da página da comissão hospedada no Youtube. Aluisio foi quem presidiu a oitiva.

Na ocasião, Ney Anderson assegurou que Jefferson Portela determinou em várias ocasiões a inserção de números de telefones de assessores e parentes de desembargadores e de políticos, em operações que estavam em andamento, numa manobra ilegal chamada de “Barriga de Aluguel”. Ele chegou a citar dois números de telefones - de um advogado e de um assessor de magistrado [Thiago e Bebetinho, respectivamente]- e pediu a auditoria no Sistema Guardião.

“Jefferson Portela mandou várias vezes que inseríssemos números de políticos e assessores de magistrados. Ele fazia o direcionamento das investigações e usava a polícia para interesses político-partidárias. Eu e Bardal nunca concordamos. Por isso, fomos perseguidos”, disse.

Bardal citou intervenções da cúpula da SSP na Operação Jenga, iniciada em 2017, após ter sido constatada, segundo ele, a ligação de aliados de membros do Governo com agiotas. Ele deu detalhes de uma reunião realizada antes da primeira fase da operação. Informou que, após isso, a segunda fase da operação foi cancelada.

Portela nega as acusações. Depois das oitivas, o secretário afirmou que acionaria os dois delegados na Justiça.

SAIBA MAIS

Na ocasião da oitiva dos delegados na Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados, o vereador Astro de Ogum chegou a ser citado por Ney Anderson como um dos alvo de Jefferson Portela na estrutura da Secretaria de Estado da Segurança Pública. Ney Anderson disse, na oportunidade, que apesar de não haver qualquer indício de crime contra Astro, ele era monitorado por meio do Sistema Guardião pela SSP. O vereador foi preso há duas semanas por posse ilegal de arma de fogo, após uma ação de busca e apreensão comandada pela Polícia Civil.

Senado também deve apurar denúncias

Logo após a audiência na Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado da Câmara Federal, com a oitiva aos delegados Tiago Bardal e Ney Anderson, no mês de julho, o senador Roberto Rocha (PSDB) assegurou investigação do Senado da República no caso.

Na ocasião o tucano pediu as notas taquigráficas da audiência e disse que pediria providências da Casa. A afirmação de Roberto Rocha ocorreu após o delegado Ney Anderson ter afirmado que ele [o senador] e o seu filho, teriam sido alvo de investigação clandestina.

“É um caso muito grave. Peço as notas taquigráficas para que as medidas possam ser adotadas pelo Senado. Como pertenço ao Senado não posso adotar medidas aqui [na Câmara]. Mas ouvir que eu e meu filho fomos alvo de investigações clandestinas é grave. O Senado vai entrar no caso”, disse.

Ney Anderson reafirmou as denúncias. “Quero primeiro afirmar que nunca compactuei com nenhuma dessas determinações de Jefferson Portela. E asseguro, olhando nos seus olhos, que ele pediu várias vezes para investigar você [Roberto Rocha] e o seu filho”, disse o delegado. Rocha participava da audiência.

Não há informações, contudo, sobre qualquer medida adotada pelo Senado Federal no caso.

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