Atuação na cidade

Cooperativas garantem reciclagem de material descartado na cidade

Inserção dos catadores no Sistema de Limpeza Urbana se intensificou a partir do encerramento do Aterro da Ribeira, em 2015, quando todos que trabalhavam de forma insalubre, no antigo lixão, foram contratados como agentes de limpeza urbana

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

[e-s001]Ir ao supermercado fazer as compras dos produtos básicos para poder passar o mês é uma situação comum. Ago­ra, você já parou para pensar na quantidade de embalagem plástica, por exemplo, que coloca no carrinho e leva para casa? E o que você faz com todas essas embalagens após o consumo dos produtos? Talvez não tenha se dado con­ta, mas ao descartar todo esse ma­­terial sem cuidar para que tenha a destinação adequada, ele vai causar problemas para o meio ambiente. Para evitar isso, é preciso que todo este material seja reciclado. E as cooperativas de catadores são fundamentais para garantir este processo. Em São Luís, o apoio que a Prefeitura de São Luís tem dado para o trabalho destas entidades que têm mudado a realidade da cidade.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS - Lei Federal Nº 12.305/2010) determina que as prefeituras incluam as cooperativas de catadores de materiais recicláveis no Sistema de Limpeza Urbana. De acordo com a PNRS, cada município deve implementar o seu próprio Plano Municipal de Resíduos Sólidos (PMRS) e, a partir disso, encaminhar os resíduos oriundos da coleta seletiva na mão, preferencialmente, das cooperativas de catadores. Isso ficou definido pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) como Coleta Seletiva Solidária.

Os galpões de triagem chegam para fechar o ciclo da destinação adequada de resíduos em São Luís, estimulando o descarte adequado, envolvendo a sociedade no processo por meio da coleta seletiva e contribuindo para a geração de renda às associações de catadores”Edivaldo Holanda Júnior, prefeito de São Luís

Em São Luís, a inserção dos catadores no Sistema de Limpeza Urbana se intensificou a partir do encerramento do Aterro da Ribei­ra, em 2015, quando todos os catadores que trabalhavam de forma insalubre no antigo lixão foram contratados como agentes de limpeza urbana. No ano seguinte, 2016, com o início da implantação dos Ecopontos, as cooperativas também passaram a ser atendidas pela Prefeitura de São Luís.
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Atualmente, duas cooperativas recebem os materiais descartados nos Ecopontos pela população de São Luís: a Associação de Catadores de Material Reciclável de São Luís (Ascamar) e a Cooperativa de Reciclagem de São Luís (COOPRESL). A Ascamar funciona em um prédio localizado na Rua São Pantaleão, cedido pela Prefeitura de São Luís. Já a COOPRESL funciona dentro do campus Dom Delgado, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por meio de uma cessão de área feita pela universidade. No entanto, os galpões não atendem a todas as especificações necessárias para o correto desenvolvimento da atividade dos catadores.

Mudança de realidade
A Cooperativa de Reciclagem de São Luís (COOPRESL) funciona há 18 anos. Em 2016, quando começaram a ser implantados os Ecopontos, a cooperativa coletava 55 toneladas mensais de materiais recicláveis, mas só tinha o aproveitamento de 50 toneladas mês. Com os Ecopontos, a coleta ultrapassou as 100 toneladas mensais, mas devido à precariedade de suas instalações o desperdício de materiais ainda é elevado.

Nós estamos lutando pelos galpões de triagem há vários anos e finalmente fomos atendidos. Hoje, nós conseguimos receber mais de 100 toneladas mensais no nosso galpão precário. Com um galpão com toda a estrutura que vamos receber da Prefeitura, poderemos processar uma quantidade bem maior de materiais”Maria José Castro, presidente da Cooperativa de Reciclagem de São Luís (COOPRESL)

Mas o ganho certo propiciado pelos materiais recebidos nos Ecopontos deu à cooperativa uma nova perspectiva de futuro. “Hoje, a COOPRESL tem uma lista de pessoas interessadas que vão ser integradas à cooperativa quando estivermos instalados no galpão de triagem que está sendo construído pela Prefeitura. São pessoas que moram na área Itaqui-Bacan­ga, onde estamos instalados, e que estão em busca de uma oportunidade de emprego”, afirma Maria José Castro, presidente da COOPRESL.

Fundada em 2004, a Associação de Catadores de Material Reciclável de São Luís (Ascamar) sobrevivia exclusivamente da coleta de materiais recicláveis nas ruas e transversais do centro de São Luís, além de pontos de coleta dos grandes geradores e órgãos públicos, o que fazia com que a quantidade de material que a entidade coletava fosse irregular.
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Com a implantação dos Ecopontos, a cooperativa passou a contar com um grande reforço na quantidade de materiais para trabalhar e os cooperados viram seu rendimento chegar a pelo menos um salário mínimo mensal. “Ainda não é o ideal, mas perto do que a gente ganhava antes já foi uma mudança importante. Agora, estamos aguardando o galpão para a gente poder melhorar ainda mais nosso trabalho”, disse Maria José Nascimento, presidente da cooperativa.

Apoio da Prefeitura
Todo o material recebido nos Ecopontos é entregue nas cooperativas gratuitamente por caminhões de coleta seletiva da Prefeitura de São Luís de modo que as entidades não tenham custos com a compra ou aluguel de veículos nem com combustível ou pagamento de motoristas. Mas o encaminhamento dos materiais entregues nos Ecopontos não é o único apoio que as cooperativas recebem da gestão municipal.

Por anos, reivindicamos melhorias para a nossa produção. Agora, sim, podemos dizer que temos o apoio que sempre clamamos para a nossa categoria”Maria José Nascimento, presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável (Ascamar)

Após a entrega dos galpões os cooperados receberão treinamen­to durante os primeiros 12 meses e acompanhamento do serviço pa­ra garantir a devida adaptação dos catadores às novas instalações e rotina de trabalho.

SAIBA MAIS

Reciclagem em São Luís:
São Luís ocupa o primeiro lugar no ranking das capitais do Nordeste que mais reciclam o lixo coletado. Os dados constam no último levantamento divulgado pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Em 2013, a Taxa de Recuperação de Recicláveis de São Luís, conforme o SNIS, era de 0,12%. Em 2017, ano de referência do último SNIS, este índice já era 2,34%. Este crescimento foi impulsionado pela implantação dos Ecopontos a partir de 2016. Em 2017, a cidade encerrou o ano com oito Ecopontos em funcionamento. Atualmente, já são 15 equipamentos do tipo em operação e mais quatro em obras. A meta é totalizar 30 Ecopontos até o fim de 2020.

Reciclagem no Brasil:
Em todo o Brasil, 30% das cidades não têm qualquer iniciativa de coleta seletiva e reciclagem. No Nordeste, este índice é ainda maior e passa dos 49%. De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), das nove capitais nordestinas, apenas três têm taxas de reciclagem superiores a 1%, sendo São Luís a única com taxa superior a 2%. A média nacional de reciclagem no Brasil atualmente é de 3%, de acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). São Luís faz parte ainda de um grupo de 12% das cidades das regiões Norte e Nordeste que fazem o encaminhamento correto do resíduo sólido.

Por que as cooperativas são incluídas nesta política?
As cooperativas são incluídas neste sistema para que se possa trabalhar o desenvolvimento sustentável. Com isso, melhora-se a qualidade do meio ambiente, evitando a poluição da água, do solo e do ar. Além disso, é uma importante medida de inclusão que atende a todos os requisitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010).
Além de garantir o sustento de suas famílias com a separação dos resíduos, os catadores prestam um importante serviço ambiental para toda a sociedade, na medida em que são os maiores responsáveis pela reciclagem no país. A PNRS atribui destaque à importância dos catadores na gestão integrada dos resíduos sólidos e por este motivo é preciso então integrá-los na cadeia da reciclagem e, dessa forma, promover a cidadania desses trabalhadores com inclusão social e geração de emprego e renda. Em São Luís, esta integração é feita com os Ecopontos.

Como funciona

- Estrutura física dos galpões de triagem:
Área coberta de 300 metros quadrados e piso de concreto;
Escritório com 15 metros quadrados de área;
Sanitários, vestiários e refeitórios.
- Maquinário e equipamentos dos galpões de triagem:
1 mesa de triagem;
6 carrinhos metálicos para transporte de recicláveis;
1 prensa;
1 enfardadeira.

Números

15 Ecopontos em funcionamento
4 novos Ecopontos em construção
30 milhões de quilos de materiais recuperados desde 2016
300% é a média de aumento da renda das cooperativas após a implantação dos Ecopontos

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