Denúncia

Ex-presidente do Sudão é indiciado por corrupção

Omar al-Bashir responde, é acuado, também, por posse ilícita de moeda estrangeira, o que pode lhe render 10 anos de prisão

Reuters

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

CARTUM - Um juiz sudanês indiciou formalmente neste sábado o ex-presidente do país, Omar al-Bashir, por posse ilícita de moeda estrangeira e corrupção, acusações que o deposto líder contestou ao ser publicamente questionado pela primeira vez desde a sua derrubada.

Bashir disse que recebeu 25 milhões de dólares do príncipe saudita Mohammed bin Salman, além de fundos de outras fontes, mas defendeu que não recebeu ou usou o dinheiro em benefício próprio.

Um advogado de Bashir afirmou que seu cliente nega as acusações contra ele e que testemunhas da defesa serão apresentadas na próxima audiência.

O juiz negou o pedido de pagamento de fiança e disse que a decisão sobre a duração da detenção de Bashir seria tomada durante uma audiência em 7 de setembro. Os valores em moeda estrangeira em posse de Bashir eram ilícitos e haviam sido transferidos ilegalmente, segundo ele.

Milhões de euros e libras sudanesas foram encontradas na residência de Bashir, em abril, quando ele foi deposto e preso, afirmou uma fonte judicial na época.

O exército do Sudão derrubou Bashir após meses de protestos ao redor do país. O processo contra ele é visto como um teste de quão longe as autoridades civis e militares, agora dividindo o poder, irão para contestar o legado do seu governo de 30 anos.

Bashir, que apareceu em túnicas brancas tradicionais em uma cela e falou lentamente em um microfone, disse que o seu ex-secretário de gabinete havia recebido uma mensagem do gabinete de Mohammed Bin Salman de que uma quantia de dinheiro em euros no valor de 25 milhões de dólares seria enviada em um avião privado para necessidades extras de orçamento.

“Não foi possível apresentar o dinheiro ao ministério da Economia ou ao banco central porque isso exigiria esclarecer a fonte dos fundos, e o príncipe saudita pediu que o seu nome não aparecesse”, disse Bashir.

“Eu usei o dinheiro para doações privadas a várias partes”, inclusive serviços médicos, uma universidade, um veículo de imprensa islâmico e o fornecimento urgente de produtos petrolíferos, disse ele.

Bastir não informou a data da transferência dos recursos. Autoridades sauditas não responderam imediatamente a um pedido de comentários.

Bastir afirmou que ele também recebeu mais de cinco milhões de libras sudanesas (111,1 mil dólares) do chefe de uma empresa de cereais que fornece grande parte da farinha do Sudão, para serem trocadas por moeda estrangeira para a importação de farinha.

As acusações contra Bashir podem levar a uma sentença máxima de aproximadamente 10 anos de prisão.

Bashir foi acusado, em maio, de incitação e envolvimento na morte de manifestantes. A O Tribunal Penal Internacional de Haia emitiu mandados de prisão contra ele em 2009 e 2010, sob acusações de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio na região de Darfur, no Sudão.

Um detetive de polícia disse à corte, no começo deste mês, que Bashir havia admitido o recebimento de milhões da Arábia Saudita.


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