Tensões

Macron se reúne com chanceler do Irã para tentar salvar acordo nuclear

Segundo Zarif, conversas foram ''boas'' e ''produtivas'', mas avanços dependem de postura da União Europeia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Macron e Zarif, após entrevista conjunta no palácio de Chantilly
Macron e Zarif, após entrevista conjunta no palácio de Chantilly (Reuters)

PARIS - O presidente francês Emmanuel Macron se reuniu, na sexta-feira, 23, com o chanceler iraniano Mohammad Javad Zarif para uma tentativa de salvar o acordo nuclear assinado em 2015, questão no centro do acirramento das tensões no Golfo Pérsico.

Buscando acalmar as tensões, Macron propôs o alívio das sanções às exportações de petróleo iranianas ou a criação de um mecanismo de compensação que "permita ao povo iraniano viver melhor" desde que Teerã se comprometa a cumprir com as obrigações estabelecidas pelo tratado nuclear, abandonado pelos EUA em maio de 2018.

Logo após o encontro, Zarif disse que a reunião com o líder francês foi produtiva, mas que o acordo não será renegociado, como demanda Donald Trump:

"A França apresentou algumas sugestões e nós apresentamos algumas sugestões sobre como conduzir o acordo nuclear e os passos que ambos os lados precisam tomar", disse Zarif. "As conversas foram boas e produtivas e dependem de como a União Europeia irá cumprir com os compromissos assumidos durante o acordo e após a saída americana".

O encontro entre Macron e Zarif antecedeu a reunião do G7, que acontecerá neste sábado,24, em Biarritz, na França, onde a questão iraniana será pautada. Na sexta-feira, 23, o novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, bastante próximo de Trump, disse que Londres não se aliará à política linha-dura que os EUA impõem ao país persa e continuará a tentar salvar o tratado nuclear.

Tensões

O esfacelamento do tratado está no cerne das tensões no Golfo Pérsico, que vêm aumentando desde o ano passado, quando o governo de Donald Trump voltou a impor sanções ao Irã para forçá-lo a negociar um novo tratado. Para isso, Washington vem aplicado sua política linha-dura cujo principal objetivo é reduzir as exportações de petróleo iraniano , principal fonte de renda do país persa, a zero.

A dura política americana também incluiu a imposição de sanções a Zarif, principal negociador do tratado, ao aiataolá Ali Khamenei , líder supremo do país, e membros da Guarda Revolucionária. Na ocasião, as sanções foram uma represália à derrubada de um drone americano por forças iranianas no Oriente Médio em junho — Teerã alega que a aeronave teria invadido seu território espacial, alegações negadas por Washington.

O episódio drone veio dias depois de os EUA culparem o Irã por ataques a dois navios no Estreito de Ormuz , região por onde passa cerca de 30% de todo o petróleo comercializado no mundo. Em resposta, Donald Trumpautorizou um bombardeio a alvos iranianos, que teria sido cancelado dez minutos antes de seu início.

Desde então, a crise no Estreito de Ormuz, região por onde passa 20% do petróleo comercializado no mundo, se estendeu para o comércio naval, após forças britânicas confiscarem um navio iraniano em Gibraltar, sob alegações de que a embarcação estaria transportando petróleo para a Síria, violando sanções da União Europeia — que se aplicavam exclusivamente aos países do grupo, não sendo extensivas ao Irã, por exemplo. Em retaliação, Teerã capturou um navio britânico no Golfo Pérsico e tentou abordar outros dois.

Comércio

Para proteger o comércio marítimo na região, os Estados Unidos anunciou a criação de uma coalizão naval no Golfo Pérsico no início do mês — desde então, a Austrália, o Reino Unido e o Bahrein anunciaram que irão se juntar à força-tarefa. O Irã, contudo, alerta que é a segurança da região é sua responsabilidade e que poderá retaliar caso a presença militar estrangeira se confirme:

"Está claro que a intenção americana de ter presença naval no Golfo Pérsico é para contrariar o Irã. Não espere que nós fiquemos quietos quando alguém vem para as nossas águas e nos ameaça", disse Zarif, na quarta-feira,21. "Vai haver uma guerra no Golfo Pérsico? Eu posso lhe dizer que nós não a começaremos, mas iremos nos defender".

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