Helena e Passos de Monteiro

Ramiro Azevedo/Especial para o Alternativo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Livro "Passos de uma vida"
Livro "Passos de uma vida" (Livro Passos de uma vida)

SÃO LUÍS- Como se sabe, o texto memorialista faz parte do Spurt humano na busca do Dulci et Utile ( de Horácio ), já que aquele é sinfronismo, compromisso e ânsia de tornar perenes eventos, homens e locais. O próprio termo semiotiza a ideia—a lembrança. Este é o caso da Dra Maria Helena de Macedo Lima retratando, no tempo e no espaço,o percurso vivencial do Prof. Antônio Alves Monteiro.

Em 207 páginas, um prefácio, uma apresentação,6 capítulos, uma introdução,65 fotos, capa policromada e icônica do homenageado. a escritora, Dra em Ciências da Educação, lançou por estes dias a obra Passos de Uma Vida( Teresina: Halley Editora,2019).Neste expressivo trabalho intelectual não esqueceu importantes detalhes: o berço natal do Prof. Monteiro (Juazeiro,PI),parentes, viagens,colégios onde estudou, atuação magisterial( em SL e Bacabal);formação cultural, enlace matrimonial com a Srta Iracema Melo dos Reis, sua entrada para a docência na UFMA( por concurso público ), suas viagens ( nacionais e internacionais Europa, USA,Israel; seus livros e pesquisas editados...enfim, um clidoscópio inteligente e instrutivamente humano e nordestino.

O naipe memorialista é notável, a exemplo de Lettres de Mon Moulin (de Alphonse Daudet), Mémoires d´AutreTombe(de René de Chataubriand), Memória dos Outros (de Rodrigo Otávio) e tantos mais. E do Prof.Monteiro se diz: ¨ All´ ótan speúde tis autós,chô theós synáptetoi¨.

A escritora Maria Lima se apercebeu da tríade semântica que rege a memória textual: lembrança integral, imagética e a percepção ( no caso feminina com alta sensibilidade ).Deste modo,o Prof.Monteiro se move e age na recordação animada, ética e cristã; na imagética com as experiências como qualidades permanentes ( cristão franciscano,honrado cidadão, esposo devotado e mente erudita ).Quanto à percepção, a escritora Maria Lima põe a tese feliz de que Somos o Aqui que se Lembra de Nós, no espaço e no tempo, construindo identidades.

No Plano da Imanência, Maria Lima faz o homenageado (e seu naipe de amigos e admiradores) transitar entre o consciente e o inconsciente, no ser ou não ser.No plano narrativo, o sujeito actante entra em conjunção com o objeto (no típico esquema de Algirdas Greimas: F(S)—[(SvO)—(S^O)]) advindo no término do percurso gerativo o sucesso.

No plano discursivo a prosa da autora e inteligentemente entrecortada de textos oriundos de amigos e admiradores do Prof. Antônio Monteiro. Este plano discursivo (à La Roland Barthes) é entremeado de eloquentes fotos dos participantes do livro.

Como um Leitmotiv, a autora insere também a produção ficcional do homenageado, a brevíssimo exemplo de:


Na velhice não se orgulha

a professora primária,

pois na vida foi agulha

pra muita linha ordinária.


Background Cultural


A escritora se detém, com o espaço discursivo possível, traçando o percurso cultural do homenageado – saída do ambiente pobre interiorano, a passagem por escolas de ensino fundamental e médio; os títulos universitários e entre estes ( destaco como dos mais difíceis ! )a licença da então rigorosa Cades ( exigentíssima na autorização para o registro do magistério ) , a qual o habilitou a lecionar em qualquer escola secundária maranhense; os exames a que se submeteu ( pós-graduação na UFP e ingresso na UFMA) e outros méritos mais.

Um passo adiante a autora dá, retratando a obra ficcional e científica do homenageado, isto é, crônicas, artigos científicos, quadras e quadrinhas, poemas, reflexões filosóficas (a exemplo de Devemos Ser Amlgo De Todos, Mas Podemos Passar Sem A Amizade De Alguns.),obras inéditas, artigos para Revista de Repente etc.

Um ponto memorialista notável é o rol de cópias xerográficas de prova de Liturgia, da parcial de Latim (a nota alta, sob a exigente direção do frade-magister !),de Francês, da lição de grego, do histórico escolar e outras mais,

Não escapou à autora o documento de aposentadoria do homenageado, lavrado pelo então reitor Dr.Jerônimo Pinheiro (UFMA).

Ai de nós se não houvesse o registro memorialista dos fatos, de personalidades da cultura popular e erudita, das idas e vindas do mundo!

Felizmente, a escritoa Maria Lima deixou In Aere Aeterno o registro desse educador, cristão franciscano,honrado cidadão, esposo exemplar e amigo ímpar.

Arremato meu excurso textual com as palavras do homenageado: ¨ Com valores cristãos do passado se constrói o presente e se lançam os alicerces salvíficos do futuro, despertando nas pessoas o sentido do serviço comunitário, da cidadania lúcida e dos valores éticos. ¨

Leitura imperdível, estimado leitor !


Ramiro Azevedo é Jornalista-DRT/52

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